Este é um assunto que me enoja profundamente.
Um tribunal composto por sete indicados políticos, sete vaidosos totalmente vulneráveis às pressões da mídia, presidido por Gilmar Mendes, irá julgar o resultado das eleições presidenciais de 2014, que contou com a participação de mais de 140 milhões de eleitores.
Eu acrescento nessa conta também os que não votaram, porque entendo que não votar não exclui o eleitor da participação do resultado final.
Agora entendo porque os Estados Unidos não têm tribunal eleitoral: não se poderia, jamais, dar um poder que pertence unicamente ao cidadão, a meia dúzia de mandarins do judiciário.
No Brasil, é mais uma instituição que perde meu respeito.
Eu já vinha achando tremendamente bizarro e antidemocrático as decisões dos Tribunais regionais eleitorais, que vem cassando prefeitos e governadores ao sabor de suas paixões políticas.
Não há mais nenhum governante no Brasil que não esteja vulnerável ao terceiro turno dos tribunais.
A democracia brasileira nunca foi tão atacada pela burocracia como agora. Todas as instituições parecem se voltar, num complô infernal, contra o voto popular.
O julgamento no TSE está marcado para o dia 04 de abril, terça-feira que vem. As cartas estão marcadas.
A Lava Jato despejou, no momento certo, uma série de delatores às portas do TSE, já devidamente coagidos a falarem o que os procuradores mandaram. Apesar do sigilo, as delações estão sendo publicadas sem pudor pela Folha e exibidas na Globo.
Os vazamentos não são apenas seletivos, eles são seletivos e oportunos. Acontecem no momento certo. Mais tarde, quando a opinião pública verificar que houve uma série de exageros, distorções e mentiras, será tarde demais.
Acontece que as mesmas delações atingem as chapas de Aécio Neves e Marina Silva. As mesmas delações atingem as eleições de todos os deputados federais, e de todos os governadores.
Como assim, vai cassar apenas a chapa de Dilma? Com base em que acusação? Abuso de poder econômico? Como assim, se o poder econômico estava ao lado de Aécio Neves, como mostrava todas as movimentações especulativas nas bolsas?
Dilma ganhou as eleições porque teve mais votos. Quem tinha toda a grande mídia a seu favor era Aécio Neves. E o que é a grande mídia senão a expressão do “poder econômico”?
Novamente, o julgamento não ocorre no devido espaço institucional e sim na mídia.
Se já foi absurdo ver um punhado de deputados corruptos jogar fora o voto de milhões de brasileiros, será duplamente grotesco assistir sete janotas togados tocarem fogo nos votos que já estavam no lixo.
Se o impeachment representou o fim da democracia no Brasil e o início oficial de um regime de exceção, o TSE trabalha para exumar o cadáver e fazer desaparecer seus restos mortais.
Abaixo, a lista dos ministros do TSE que se preparam para dar sumiço no corpo (já morto) da democracia brasileira:
Gilmar Ferreira Mendes (Presidente)
Luiz Fux (Vice-Presidente)
Rosa Maria Weber Candiota da Rosa
Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin (Corregedor)
Napoleão Nunes Maia Filho
Henrique Neves da Silva
Luciana Christina Guimarães Lóssio