O caso Eduardo Guimarães: meganhas pró-Lava Jato ameaçam oficialmente imprensa alternativa

(Blogueiro Eduardo Guimarães, foto de Ricardo Stuckert)

Agora é oficial.

Depois de Gilmar Mendes e Globo acenarem, ontem, com o “adiamento” das eleições de 2018, o regime de exceção imposto pelo consórcio do “acordo nacional” (estou tentando reduzir o uso da palavra golpe) se volta agora, diretamente, contra a liberdade de expressão.

A intimação a Eduardo Guimarães é ridícula. Intimar com base em matéria da Veja?

Eduardo Guimarães é um blogueiro passional, e como precisamos disso numa sociedade tão incrivelmente apática como a nossa!

Mas é a pessoa mais pacífica que eu já conheci, incapaz de machucar um inseto, quanto mais “ameaçar” o justiceiro da Globo, o queridinho de todos os violentos, golpistas, fanáticos de extrema-direita, adoradores da ditadura, adeptos da tortura e eleitores do Bolsonaro!

A Polícia Federal poderia ser uma instituição respeitável, sobretudo após ter sido valorizada pelo governo Lula, mas prefere assumir a imagem de antro de “meganhas”, submissos à narrativa da Globo, cúmplices do golpe, e obedientes a um processo que destruiu, a um só tempo, a democracia e a economia brasileiras – e tudo em nome de um combate à corrupção cujo único resultado foi levar ao poder a nata da nata da corrupção e do entreguismo.

O Cafezinho é solidário, claro!, ao blogueiro Eduardo Guimarães. E entende que esse tipo de agressão, gratuita, arbitrária, injusta, apenas reforça a importância da imprensa alternativa nesses tempos sombrios que vivemos.

Força, Edu!

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PF intima Blogueiro por “ameaçar” Sergio Moro

Por Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania

No fim de fevereiro, cerca de uma semana antes do Carnaval, o blogueiro paulistano Eduardo Guimarães recebeu uma intimação da Polícia Federal em sua residência para que compareça perante um delegado para “prestar esclarecimentos no interesse da Justiça”.

Advogado do intimado buscou informações na Polícia Federal e descobriu que ele está sendo acusado de “ameaçar” o juiz Sergio Moro.

O blogueiro Eduardo Guimarães nega ter feito qualquer tipo de ameaça ao juiz federal em questão. E cita dois episódios ocorridos em 2015 em que fez críticas ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, mas nenhum deles continha ameaça.

Em 4 de maio de 2015 – exato 1 ano e 10 meses atrás –, Eduardo Guimarães representou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz Sergio Moro por ter prendido uma cidadã por engano. A representação foi arquivada.

Para ler a representação, clique aqui.

Em 22 de junho de 2015, cerca de um mês e meio depois, um blogueiro da revista Veja chamado Felipe Moura Brasil acusou o blogueiro Eduardo Guimarães de ter “especulado sobre a vida do juiz Sergio Moro em tom de ameaça”.

O blogueiro Felipe Moura Brasil se refere a uma série de mensagens colocadas pelo blogueiro Eduardo Guimarães no Twitter para promover o artigo Direita prefere destruir o país a aceitar justiça social, publicado em 21 de junho no Blog da Cidadania, um dia antes da “denúncia” do blogueiro da revista Veja.

O blogueiro Eduardo Guimarães postou uma série de tuítes promovendo seu artigo. Em todos esses tuítes colocou o link para esse artigo supracitado. Um desses tuítes foi destacado pelo blogueiro da Veja e divulgado como sendo “ameaça” ao juiz federal.

Confira, abaixo, a sequência de tuítes

O blogueiro Eduardo Guimarães afirma que nenhuma dessas mensagens contém qualquer tipo de ameaça ao juiz Sergio Moro e que tem certeza de que conseguirá demonstrar isso às autoridades com grande facilidade, por razões que entende óbvias.

*

PS: o depoimento do blogueiro Eduardo Guimarães à PF está marcado para daqui a várias semanas. O intimado avisa que só irá dar novas informações sobre após o depoimento. O blogueiro também informa que tem 57 anos e durante essas quase seis décadas de vida nunca, jamais foi acusado de qualquer tipo de ilegalidade nem na Justiça e muito menos na polícia.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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