O IBGE acaba de publicar a estimativa do PIB de 2016.
Nenhuma surpresa.
O processo de desestabilização, mais o golpe de Estado, mais as operações de guerra econômica movidas pela Lava Jato contra as indústrias de engenharia, construção civil, óleo e gás e naval, somados à paralisação geral, suspensão ou cancelamento de investimentos e obras organizados por setores do Estado e da mídia, geraram a pior recessão desde 1930, provavelmente a maior em cem anos.
O PIB caiu 3,6% em 2016, após ter caído 3,8% em 2015.
Sobreveio a tempestade perfeita: caíram o investimento, a indústria, os serviços, a agricultura e o consumo das famílias.
Lembrando: a recessão de 1930 teve uma causa externa, o crash da bolsa de Nova York do ano anterior, 1929, somado à superprodução brasileira de café, que geraram a uma violenta queda dos preços dessa commodity.
Éramos muito mais frágeis naquele período, porque dependentes quase que exclusivamente da exportação de café, e absolutamente dependentes da importação de petróleo e aço.
Não tínhamos produção de petróleo, nem refinarias, nem siderurgias.
A queda econômica de hoje só pode ser explicada devidamente por suas causas políticas – e é justamente isso que a imprensa brasileira, criminosamente, não irá informar à população. Ao não informar, a imprensa mostrará que está apostando em mais crise e mais repressão.
Ao não dar informações verdadeiras sobre a queda no PIB, a imprensa impede governo e população de encontrarem as soluções adequadas para a superação da crise, e a continuar acreditando nas mesmas fórmulas que nos levaram ao desastre.
Uma crise econômica dessas proporções tende a radicalizar a sociedade e isso não é saudável, sobretudo num país dominado por uma mídia tão fascista como a nossa, que preferirá, como já demonstrou no passado, levar o Brasil a um regime ainda mais autoritário do que o atual.
Quando o novo governo isola o país internacionalmente, isso também leva à crise.
Uma das primeiras iniciativas do governo ilegítimo, por exemplo, não foi ampliar o leque de relações do Brasil com outras nações, de maneira a aumentar e diversificar as nossas exportações, mas fechar embaixadas na África e, embriagados por um sectarismo ideológico-midiático incrivelmente medíocre, arrumar brigas com os vizinhos que mais importam produtos brasileiros, como a Venezuela.
O problema da ilegitimidade do governo, impopular e nascido de um golpe de Estado, paralisa qualquer empreendedor. Tantos brasileiros como estrangeiros irão aguardar até as eleições de 2018 antes de botar a mão no bolso e apostar em novos negócios.
A tentativa da mídia de jogar a culpa da crise atual no “petê” apenas reforçará o fascismo em curso e aprofundará a crise, porque fraturará ainda mais a sociedade.
A culpa da crise atual é do golpe, do governo atual, de uma mídia tremendamente irresponsável e dos setores jurídicos do Estado, que chancelaram uma operação imperialista como a Lava Jato, que destruiu fisicamente o núcleo duro da indústria nacional de engenharia.
Que a crise sirva para a sociedade refletir sobre a necessidade de aprofundarmos a nossa democracia, criando mecanismos de controle democrático do Ministério Público e do Judiciário, para que estes não sejam tão facilmente instrumentalizados por interesses políticos e econômicos estranhos ao bem estar da população brasileira.