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Em entrevista a Globo, Gilmar desafia (mais uma vez) Lei Orgânica da Magistratura e Código de Ética do Magistrado

Sabe porque os golpistas aprovaram a Reforma do Ensino Médio, que poderá reduzir o ensino de História nas escolas brasileiras? Porque eles querem esconder alguns fatos da consciência nacional. Por exemplo. Roberto Marinho, dono da Globo, não apenas apoiou o golpe de 1964, como ajudou a articular o movimento para suspender as eleições prometidas para […]

20 comentários
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Sabe porque os golpistas aprovaram a Reforma do Ensino Médio, que poderá reduzir o ensino de História nas escolas brasileiras?

Porque eles querem esconder alguns fatos da consciência nacional.

Por exemplo.

Roberto Marinho, dono da Globo, não apenas apoiou o golpe de 1964, como ajudou a articular o movimento para suspender as eleições prometidas para o ano seguinte. Em seguida, apoiou a suspensão definitiva do direito de votar. Apoiou também as decisões de fechar o congresso, manietar o STF e aprofundar a repressão e a ditadura, através dos atos institucionais.

Lula e Dilma obtiveram, nas quatro eleições livres de que participaram, em 2002, 2006, 2010 e 2014, uns 200 milhões de votos.

Sob seus governos, o Brasil cresceu, gerou empregos, melhorou a educação, investiu em infra-estrutura e permitiu que todas as classes ganhassem.

Para os golpistas, porém, os 200 milhões de votos dados a Lula e Dilma não valem nada.  Eles não gostam de democracia.

Nem Gilmar Mendes nem Sergio Moro respeitam os 200 milhões de votos de Lula.

Se a substância do valor do capital, para os economistas clássicos, desde Ricardo até Marx, está no trabalho acumulado dos homens, a substância da democracia reside na liberdade política de se escolher o seu próprio governante.

A essência da democracia é o voto.

Nem Gilmar Mendes nem Globo jamais tiveram um voto. Nunca disputaram eleição. Ambos devem seu dinheiro às suas heranças e à bajulação do poder – no caso da Globo, a um poder além do território nacional.

Também não parecem gostar do crescimento econômico.  Eles não gostam do Brasil.

O sonho da Globo é que o Brasil seja uma nação de miseráveis com TV em casa, assistindo novelas do Manoel Carlos.

Para eles, os golpistas, as coisas estão boas agora: desemprego recorde, sonhos frustrados para juventude, miséria explodindo e concentração de renda voltando a crescer numa escala inédita.

Gilmar Mendes  desrespeita criminosamente a santidade da democracia, ao se mostrar um juiz partidário e parcial no tratamento midiático e irresponsável que dá a uma investigação que ele mesmo vem cozinhando  e requentando desde que as urnas se fecharam em outubro de 2014.

A capa do Globo de hoje mostra que o presidente do TSE, Gilmar Mendes, e os Marinho, se uniram por uma nova causa: a possibilidade de não haver eleições em 2018 – a depender, naturalmente, do desempenho de Lula nas pesquisas .

O Código de Ética da Magistratura diz o seguinte:

Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de comunicação social, comportar-se de forma prudente e eqüitativa, e cuidar especialmente:

I – para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores;

II – de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério.

A Lei Orgânica da Magistratura, por sua vez, afirma:

Art. 36 – É vedado ao magistrado:

        I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista;

        II – exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;

        III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.

Em entrevista ao Globo, Mendes não apenas lança acusações exageradas e sem provas contra a chapa vitoriosa (naturalmente, sem cometer a mesma leviandade contra a chapa de oposição), como ainda lança sombras sobre as eleições de 2018.

Dilma foi eleita pelo voto popular, contra toda a mídia corporativa brasileira.

Não há dinheiro que possa comprar 54 milhões de votos dados na contramão da mídia e das conspirações judiciais.

Não respeitar o resultado das urnas – e as urnas jamais foram contestadas, sequer pelos golpistas, porque não faltaram votos para a direita –  é um crime inadmissível  para um juiz eleitoral.

O show de mentiras, de exageros retóricos, de arbítrios, chegou a seu momento mais dramático.

O problema será conciliá-lo com a desgraceira econômica provocada pelo golpe.

Ao ameaçar as eleições de 2018, Gilmar Mendes e Globo, desestabilizam ainda mais o cenário político brasileiro, dificultando a solução de uma crise que só irá terminar, pelo jeito, daqui a muitos anos, com a aposentadoria do próprio Gilmar Mendes e com uma severa regulamentação de mídia no país, que proteja nossa democracia contra os desmandos da mídia mais fascista, plutocrática e mentirosa do planeta.

Não é possível para o regime democrático conviver nem com monopólio de informação nem com juízes que ferem a lei, ao falarem de um processo de cujo julgamento irão participar –  e duplamente, já que Gilmar julga no TSE e julga no STF – e lançam, sem pudor, calúnias de acusação na mídia, ou seja, promovem abertamente uma publicidade opressiva, o que afeta diretamente o julgamento da causa em questão.

A entrevista de Gilmar Mendes deveria fazer o STF anular imediatamente a investigação em curso no TSE, porque contaminada mortalmente pelas paixões políticas de um momento dramático de crise.

Entretanto, a mídia e o judiciário, acuados pela crise que eles mesmo provocaram, tentam fugir de sua responsabilidade apostando mais alto no ódio político e na instrumentalização política da justiça.

Isso não vai dar certo. Para ninguém. O ódio político vai acabar se voltando contra a própria justiça e contra a própria mídia. O Brasil será inteiramente consumido, numa guerra civil silenciosa, velada, mas tão trágica quanto qualquer guerra, através do aumento das desordens provocado pela crise econômica, pelo desemprego e, sobretudo, pela falta de perspectivas oferecidas à população por um governo que não nasceu das urnas.

As eleições de 2018 serão adiadas por vontade desse congresso aí, o mais corrupto, golpista e reacionário da nossa história, sob a égide de um sistema de comunicação já inteiramente comprado pelo governo?

A disparada de Lula nas pesquisas de intenção de voto para 2018 deixou os golpistas complemente desorientados.

Há pouco, li uma declaração sobre o processo em curso no TSE, contra as eleições de 2018, do ministro-relator, Herman Benjamin. Ele acusa a Odebrecht de ter “tomado conta do Estado”.

Hipocrisia!

Por que escolher a Odebrecht como bode expiatório do Brasil?

O Itaú, o Bradesco, a Globo, e todos os bilionários brasileiros da lista da Forbes, não tomaram o Estado da mesma forma?

O Estado brasileiro apostou quantos bilhões na Odebrecht, desde a ditadura? Não era assim o jogo? Os países não-comunistas não precisam de grandes empresas, e as apoiam, para que elas liderem a missão de exportar serviços e produtos do país?

Depois de apostar tão pesado na Odebrecht, sempre com o dinheiro suado do contribuinte, o judiciário agora destrói a empresa que o próprio Estado alimentou por décadas?

A declaração de Benjamin também é um pré-julgamento e uma condenação na mídia de uma empresa que passa por imensas dificuldades, cujos reflexos afetam toda a economia nacional.

O ministro Herman Benjamin sabe quanto vale, para um partido político, em termos pecuniários, o apoio ou a condenação da Globo a um de seus candidatos?

Na verdade, a destruição da Odebrecht foi o golpe perfeito. A Odebrecht – assim como outras empreiteiras – sempre foi a pedra no sapato do capital especulativo e midiático, porque era importante fonte de financiamento para partidos políticos. Sem ela, bancos e Globo reinam sozinhas. Só conseguirá se eleger – pensam eles – quem eles patrocinarem.

Por isso Lula é tão perigoso. Lula lidera pesquisas mesmo sem nenhuma campanha patrocinada pela Globo, Odebrecht ou Chevron…

A atual liderança de Lula nas pesquisas contradiz a narrativa de Gilmar Mendes, que acha que pode consolidar melhor o golpe do impeachment através do golpe da cassação eleitoral.

Apoio de empreiteira vai para todos os partidos. Lula e Dilma se elegeram porque tinham projeto e votos.

A única maneira de superar a crise é conter os ímpetos golpistas de Gilmar Mendes e Globo e assegurar a realização de um processo eleitoral limpo e democrático em 2018.

Seja quem sair vitorioso em 2018, à esquerda ou direita, terá enfim, legitimidade real para governar o Brasil.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Cidadãos

09/03/2017 - 23h00

O povo brasileiro não se dá conta de que está sendo usado e manipulado por forças políticas poderosas para instigação do ódio entre si tal qual numa guerra fraticídia. Isso divide e fragiliza o sentimento de nação. É tudo que os interesses da geopolítica mundial desejam.

Anônimo

08/03/2017 - 11h26

globo empresa so visa dinheiro e gilmar mendes se acha o mais intelectual dos ministro

Catarina Schubach

08/03/2017 - 08h41

Muda o disco!!!

Carrapa-VK

08/03/2017 - 08h36

Podem incluir entre os golpistas AS IGREJAS PROTESTANTES, SOBRETUDO, AS PENTECOSTAIS e a RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, que hoje DOMINA O CATOLICISMO.
Estes setores religiosos, fazem o complemento da alienação midiática, demonizando pessoas e partidos e “receitando orações” para resolver a crise do país, criada e sustentada pelos golpistas.
Além disso, materializam o discurso midiático, já que, na sociedade criou-se a máxima de “não acreditar no que a TV diz”, mas se o padre ou o pastor disserem, é verdade irrefutável. Disseminam o ÓDIO e a HIPOCRISIA.

Cunha

08/03/2017 - 06h12

Não é em 2018 o ano em que a concessão da Globo será revista? Precisam urgente de um golpe,ou artifício, para que um presidente afiliado à Globo esteja no Poder e os alivie. A Globo não é um grupo de mídia, é um alucinógeno audiovisual

Jose carlos lima

08/03/2017 - 04h51

São os mesmos golpistas de 64: a única diferença está na cor do uniforme que estampam com ar solene: em 64 o verde-olive e, agora, o preto…

GusVSZ

08/03/2017 - 02h47

O único problema, Miguel, é tu continuar a (a)creditar o STF e o Judiciário. Desde o início da Lava-Jato, acabou essa lenda de que há Direito no Brasil. Não há, Miguel. O STF e o Judiciário inteiro, representam a nata da aristocracia brasileira, escancaradamente corporativista e partidária. Não há nenhuma possibilidade de o STF fazer valer a Lei, no sentido de retroceder o golpe. São GOLPISTAS. Estão destruindo o país, matando pessoas, perseguindo a esquerda, prendendo, torturando, manipulando processos e não estão nem aí para a opinião pública. O seu erro, bem como de outros grandes articulistas, é fazer pressão sobre o STF/Judiciário e esperar/crer que dará algum resultado. São escravagistas e assassinos, GOLPISTAS. Todos os dias, dão provas do conluio no GOLPE. Não há Judiciário para a esquerda, no Brasil. Pelo amor de Deus, compreenda isso. Compreenda: entenda o fenômeno, aceite a realidade e pare de sonhar. Não dê crédito a golpistas.

apolinario jose pereira

07/03/2017 - 21h32

Parabens Miguel do Rosário, ocafezinho está de parabens só tem jornalista e analista de prineira linha. Falou tudo! A única soluçao é tomar o poder com uma guerra civil, e prender todos os canalhas golpistas, senadores, deputados federais, toda a suprema corte, todo os membros do ministerio publico federal e alguns estaduais de sao paulo, brasilia, juizes federais como Moro e cia. Fechar o grupo globo, sbt, band, cnt, redtv, revistas e jornais, istoé, veja, época, fls de sao paulo, o globo e estadao e prender seus proprietários(donos).

Hanz Alisson

07/03/2017 - 20h02

“Por que escolher a Odebrecht como bode
expiatório do Brasil?“
Simples.Porque ela estava envolvida na construção de Angra 3, submarino nuclear e outros projetos de defesa incluindo o missil ar darter.Tio Sam não dá ponto sem nó.

Valter Bento

07/03/2017 - 19h45

minhas palavras tudo oque está escrito aqui , esta direita hipócrita está cada dia mais podre e desrespeitando a democrática .

Rick Ricardo

07/03/2017 - 19h44

A Odebrecht pode disputar poços no pré-sal e isso incomoda aos que torcem pro bandido. Triste demo-cracia, governo por seres demoníacos, em que vender o país é prestigioso e legal.

Valter Bento

07/03/2017 - 19h44

minhas palavras tudo oque está escrito aqui , esta direita hipócrita está cada dia mais podre e desrespeitando a democrática .

Cellenikit

07/03/2017 - 17h37

Considerações perfeitas!

Laercio Ferreira

07/03/2017 - 20h09

UM PAÍS SEM MEMÓRIA, SEM JUDICIÁRIO, A MERCE DE UM BANDO DE TUCANOS , QUE SÃO AVES PREDATÓRIAS AO PATRIMÔNIOS PÚBLICOS , COOPTADOS PELO PMDB ,NA CRISTA DA ONDA , E O POVO QUE DANE , UM TSE SEM DEMOCNIOCRACIA??

JANDIR JOAO MIOTTO

07/03/2017 - 17h00

Lula, era investigado não podia assumir um ministério, Moreira com tudo aqui pode assumir……….? Pau que bate em Francisco tem que bater em Chico também……..caso contrario e um segundo Paraguai na america latina.
Se falando em Gilmar Mendes, porque que ele não enfrentou Joaquim Barbosa……..o silencia dele diz tudo….

Emerson

07/03/2017 - 16h03

o avião do Gilmar tá precisando cair…

    Miguel do Rosário

    07/03/2017 - 16h09

    não fala uma besteira dessa por aqui, pelo amor de Deus. além disso, o avião só cai quando é interesse do golpe. Quando não é, como é o caso de Gilmar, a pessoa é blindada no céu e na terra.

Emerson

07/03/2017 - 16h01

Ta precisando cair o avião do Gilmar…

Luiz Carlos P. Oliveira

07/03/2017 - 15h54

Lula errou seu prognóstico. O STF não é acovardado. É algo pior, muito pior. Só o povo para dar um jeito nessa sujeira toda.

Marco Aurelio Artacho

07/03/2017 - 18h47


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