Por Theo Rodrigues, colunista do Cafezinho
Na última semana, um grupo de amigos lançou um manifesto em defesa da candidatura de Lula que viralizou pelas redes sociais.
Em apenas um dia, a petição online com o manifesto recebeu pelo menos 10 mil assinaturas.
As reações foram várias: muitas elogiosas, algumas mais críticas com relação ao açodamento do processo e outras de mero repúdio.
Desde o impeachment em meados de 2016, o campo político que alguns definem como esquerda, outros como progressista, encontra-se relativamente perdido sem saber como esboçar de forma unitária uma reação.
Nesse campo, ouve-se falar em pelo menos cinco possibilidades de pré-candidaturas a serem lançadas para a disputa de 2018: Lula, pelo PT; Ciro, pelo PDT; Marina, pela Rede; Luciana Genro, pelo PSOL; e um candidato do PCdoB.
Dessa forma, deve ser considerado legítimo todo e qualquer manifesto que busque reunir apoios para essas pré-candidaturas.
Há, no entanto, uma outra agitação política concomitante que não pode ser abandonada, qual seja, o movimento por prévias.
A ideia é reunir em outubro e novembro deste ano todas as cinco pré-candidaturas, em um amplo debate sobre os rumos deste campo, que percorra todos os estados do país e que culmine em dezembro com prévias para a escolha de um candidato unificado.
Assim como já ocorre na França, a ideia é que qualquer eleitor que se identifique com o campo progressista possa participar das prévias.
Acredita-se que, dessa forma, não só a fragmentação de candidaturas poderia ser evitada, como também uma qualificação programática poderia ser executada.
Por isso, não ajuda em nada os discursos do presidente do PT, Rui Falcão, de que o partido só possui um plano para 2018 que é a candidatura de Lula, ou do presidente do PDT, Carlos Lupi, de que não abre mão da candidatura de Ciro Gomes.
As eleições municipais de 2016 estão aí para mostrar o resultado eleitoral obtido pela teimosia das burocracias partidárias.
Ao contrário do que clamavam desesperadamente os eleitores e as organizações da sociedade civil, os partidos foram divididos para a disputa e saíram derrotados em muitas capitais como São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Talvez seja a hora de ouvir um pouco mais o que pensam os eleitores e não apenas os filiados e os militantes.
Quiçá as prévias sejam a melhor oportunidade para isso.
Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.