Por Tadeu Porto*, colunista do Cafezinho
No programa cafeína de hoje, eu, Leonardo Stoppa e Welligton Calasans, debatemos um tema de extrema importância para o futuro da soberania nacional: a entrega do controle das terras brasileiros ao capital estrangeiro.
Primeiramente, entrega é a palavra correta para esse contexto, sem dúvida, pois qualquer tipo de processo de venda no ambiente de crise que estamos vivendo é péssimo negócio no longo prazo (leia-se projeto de Estado) e, assim, soa como um doação.
Em segundo lugar, nosso futuro está ameaçado pois o controle de terras, desde antes de Cristo, são cruciais para soberania e desenvolvimento de uma região. Tanto é que a questão agrária sempre foi considerada – e ainda é – como uma das mais reformas básicas que o país deveria realizar para trazer, de maneira mais rápida e efetiva, a justiça social que a população tanto anseia.
Portanto, o descaramento de se entregar nossas terras para conglomerados econômicos que não tem a menor preocupação com o Brasil é um escárnio que somente um governo sem preocupação alguma com a população seria capaz de realizar.
Dá para imaginar, por exemplo, o nível de exploração que seriam impostas nas nossas terras se nós a entregássemos a empresas que só visam o lucro? Companhias que acreditam que a sustentabilidade é, na verdade, aumentar a publicidade para disfarçar suas mazelas? Num passado recente, tivemos o maior desastre natural da história brasileira causado por uma empresa que, atualmente, anda sendo esquecida pelos poderes nacionais. Pelo contrário, a Samarco conseguiu, em cima do “super judiciário”, adiar o pagamento da multa bilionária que ela deve ao Estado pelos seus erros grotescos na tragédia de Marina-MG (e a multa não é nada perto do desastre que ela causou).
O projeto neoliberal que foi escorraçado das urnas quatro vezes seguidas, depois da péssima experiência que os brasileiras e brasileiros tiveram no período FHC, resolveu voltar a pauta da única maneira que era possível: mediante um Golpe de Estado que destruiu a constituição brasileira e trouxe para o âmbito político uma instabilidade institucional de consequências inimagináveis.
E tudo isso para, justamente, favorecer a elite política-econômica do país que cansou de dividir espaço com o resto do povo brasileiro que pôde ter acesso mais justo as bens e serviços que lhes são de direito legal, pela constituição, e moral, por ser o povo que gera e trabalha as riquezas do país.
Serra, o entreguista dos nossos oceanos; Moreira Franco, o mensageiro do deus mercado; Padilha, que quer vender nossas terras a preço de Banana e, por fim, o usurpador Michel Temer, que comanda essa trupe de antinacionalistas nunca antes vista na história do Brasil, são agentes escolhidos a dedo para manter e perpetuar os privilégios da aristocracia nacional mais vira-lata dos últimos tempos.
Não obstante a essas figuras escrotas e nefastas que nosso presidencialismo de coalizão pariu, eles ainda contam com os cavalos da mídia golpista que os carregam para os quatro cantos do país levando suas demagogias e mentiras com uma distorção palatável a população.
Aliás, o papel da imprensa é o cerne dessa colapso que vivemos: uma baita crise de identidade. Tanto alardearam o discurso vira-lata de que brasileiros e brasileiras são corruptos, incopetentes e preguisos que nossa nação tem dificuldade de se enxergar como protagonista de sua própria vida, aceitando políticas claramente danosas para o país como essa entrega absurda das nossas terras.
O Brasil pós Golpe é antinacionalista e é bom que todos e todas – inclusive quem bateu panela – acordem para essa realidade: os cavaleiros do entreguismo vieram para destruir nosso país.
*Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. Sigam-o no Facebook!