(E não é exatamente o Lula)
Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho
É impressionante.
Se analisarmos criteriosamente, em cada desgraça que assola o Brasil estão as digitais da máfia midiática.
A decisão do ministro do STF Celso de Mello que manteve Moreira Franco como ministro de Temer, por exemplo. Como é possível a mais alta corte do país tomar decisões completamente opostas em dois casos semelhantes, como são o da nomeação de Moreira e a de Lula?
Lula vem sendo massacrado há anos pela imprensa corporativa, assim como o governo Dilma foi torpedeado até cair.
Quando Lula aceitou ser ministro, em uma espécie de última cartada para evitar o golpe, os apresentadores do telejornal de maior audiência do país encenaram as gravações de Lula ao telefone – criminosamente vazadas por Sergio Moro. Deram uma interpretação esdrúxula a um diálogo de Lula e Dilma e insuflaram a revolta dos coxinhas que, ensandecidos, obedeceram tolamente ao comando da Globo e foram às ruas.
O clima naquele dia era assustador. Buzinaços, gritos, panelaços, agressões a pessoas de vermelho. O ódio no ar.
Esse clima foi o que permitiu a Gilmar Mendes impedir a posse de Lula e assim enterrar a última chance da reação contra o golpe.
Já quando Moreira Franco foi indicado para o ministério, não houve escândalo algum. Críticas pontuais, aqui e ali, e deu. Segue o jogo.
A Folha diz hoje, cinicamente, em seu editorial, que foi errada a decisão de Gilmar que afastou Lula. Verifiquei as edições da Folha daqueles dias e só encontrei sensacionalismo político em estado puro para derrubar o governo.
Os ministros do STF, acostumados a dançar a música da mídia concentrada, não ficam nem vermelhos ao simplesmente chutar para o alto qualquer prurido e proferir decisões opostas dependendo de quem é o alvo.
A própria composição do STF é este desastre por causa da pressão da mídia sobre as nomeações de Lula e Dilma, que bovinamente cederam e escolheram ou conservadores (!) ou progressistas, desculpem mas não há outra palavra que defina melhor, cagões.
E o pior é que, considerando que um dos poucos ministros que fugia do script de vez em quando morreu em uma queda de avião suspeitíssima, faz todo o sentido ter medo.
Mas há uma força maior que o monopólio midiático: o momento econômico favorável acompanhado de distribuição de renda.
Quando a economia do país teve a sua melhor fase dos últimos 30 anos, sob o comando de Lula, não restou outra alternativa aos barões da imprensa a não ser renderem-se e maneirar nos ataques aos governos petistas.
Nem a farsa do mensalão arranhou a popularidade de Lula, que se elegeu com folga em 2006 em cima do carismático Geraldo Alckmin.
A mídia concentrada manipula, mente, instiga na população o sentimento de ódio à política, de linchamento, alimenta o populismo penal, protege os políticos amigos, trucida qualquer tentativa de melhorar a distribuição de renda e de tornar o Brasil um país soberano de verdade.
Mas se a economia cresce ao mesmo tempo em que crescem os salários e diminui o desemprego, não há manipulação que faça com que a trabalhadora e o trabalhador esqueçam o responsável por isso.
E a prova é a pesquisa CNT/MDA divulgada hoje. Lula ganha com folga em todos os cenários, inclusive nas simulações de segundo turno.
A lembrança do tempo não tão distante em que a vida do trabalhador melhorou é tão poderosa que suplanta facilmente o massacre midiático doentio sobre Lula.
Só resta à direita tirá-lo da eleição à fórceps mesmo: no mano a mano com os adversários e na lembrança do sofrido povo brasileiro, o cara é imbatível.