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Paulo Moreira Leite: Temer não quer “acabar com a Lava Jato” e sim mantê-la seletiva e anti-Lula

Leite resumiu o que eu venho tentando dizer. O governo Temer não quer “parar a Lava Jato”. Afinal, ele deve o poder à operação. Foi a Lava Jato que pôs Temer no poder. O que Temer quer, pondo Moraes no STF, é assegurar o caráter seletivo da operação, para que ela permaneça focando exclusivamente em […]

17 comentários
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Xandão cortando pés de maconha, na epoca em que foi ministro da Justiça do governo Temer.

Leite resumiu o que eu venho tentando dizer.

O governo Temer não quer “parar a Lava Jato”. Afinal, ele deve o poder à operação. Foi a Lava Jato que pôs Temer no poder. O que Temer quer, pondo Moraes no STF, é assegurar o caráter seletivo da operação, para que ela permaneça focando exclusivamente em Lula ou articulada em torno dele.

Há um ponto que Moreira não tocou. A indicação de Moraes para o STF não é somente de Temer, é de todo o consórcio golpista, vide o apoio que recebeu de Merval Pereira, que é a voz mais direta e fiel dos Marinho, da Associação Brasileira de Magistrados (AMB), que vem ajudando a blindar Sergio Moro nos debates públicos, e de Gilmar Mendes, que é o principal conselheiro jurídico do presidente.

***

No blog do Paulo Moreira Leite (Brasil 247)

A missão anti-Lula de Alexandre de Moraes

8 de Fevereiro de 2017

Até hoje os brasileiros permanecem privados de explicações racionais e informações confiáveis sobre o critério real que levou Luiz Fachin a assumir a relatoria da Lava Jato, pois nem o elementar caráter aleatório de uma escolha por sorteio pode ser assegurada. Neste ambiente, a situação de Alexandre Moraes, o candidato a ocupar a vaga de Teori Zavaski pelos próximos 25 anos, configura uma situação mais grave e permanente.

Representa uma iniciativa leviana, do ponto de vista jurídico, e irresponsável, do ponto de vista político. A finalidade escancarada é garantir proteção judicial ao governo Temer e seus aliados, em situação de risco de morte política, numa conjuntura em que as grandes empreiteiras começam a falar e Eduardo Cunha apenas começou a abrir a boca. Caso venha a ser aprovado pelo Senado — nunca é demais sonhar com um derradeiro gesto de dignidade política por parte de uma instituição que deu tantas provas de fraqueza e subserviência a interesses espúrios — Alexandre Moraes irá cumprir a tarefa prioritária para a qual está escalado.

Não se trata de paralisar a Lava Jato, como gostam de dizer os aliados de Sérgio Moro e Rodrigo Janot, mas acima de tudo construir uma fronteira de segurança em torno das denúncias de corrupção. Desde sempre, a questão é assegurar a permanência do caráter seletivo e dirigido contra o Partido dos Trabalhadores e seus aliados, foco que faz parte da essência das investigações, condenações e prisões desde o início.

O nome disso é anti-Lula e seu calendário é 2018.

A compreensão dessa perspectiva explica a aceitação — crescente, é preciso admitir — por parte da autonomeada elite brasileira de uma indicação que deveria ser um escândalo, mesmo que se possa lembrar que havia uma alternativa ainda pior, marcada por um pretendentes que era um rebento tardio da Inquisição e das fogueiras de intolerância.

São 2+2= 4: por uma questão regimental, a ocupação da atual vaga do STF equivale ao direito automático de atuar como revisor da Lava Jato. O indicado poderá valer-se de todos argumentos — inclusive legítimos no plano teórico — para salvar aqueles que não deseja enviar para a fogueira.

Em outra circunstância, com outros fundamentos e princípios, este foi um papel que, em 2012, na AP 470, Ricardo Lewandovski exerceu com grande dificuldade e resultados as vezes elogiáveis, mas insignificantes na prática. Na Lava Jato, a revisão se prestará a outra coisa: salvar aqueles que, pelos serviços prestados à ordem atual das coisas desde que os tempos de Pedro Álvares Cabral têm direito a aguardar por um lugar no bote salva-vidas em pleno naufrágio — qualquer que seja sua culpa ou responsabilidade. É uma tarefa que exige sangue frio e nenhum pudor. Qualquer que seja a gravidade das denúncias, infinitamente maiores do que tudo o que se viu até aqui, convém não esquecer que a fase mais barulhenta do circo midiático já passou.

Nesta conjuntura, nenhuma iniciativa será esquecida para consolidar do Estado de exceção, o que implica em transformar a mais alta corte de Justiça num tribunal pomposo na forma e vazio pelo conteúdo.

A passagem de Alexandre Moraes pela Secretaria de Segurança Pública do governo de São Paulo foi marcada pela violência da Polícia Militar, com a criminalização crescente dos movimentos sociais. Sua permanência no ministério da Justiça jamais será esquecida em função da incapacidade de apresentar uma única proposta ideia útil para enfrentar um morticínio que sinalizou o colapso do sistema prisional brasileiro. Alexandre Moraes passou a ter direito a uma cadeira na tribuna de honra da coalizão golpista após uma declaração descarada que anunciava, com 24 horas de antecedência, a prisão de Antônio Palocci, comportamento que motivou uma investigação da Comissão de Ética da Presidência da República que não deu em nada. Disse aos jornalistas, em tom de festejo: “esta semana, (vocês) vão se lembrar de mim”, declarou, de passagem por Ribeirão Preto, terra natal do primeiro ministro da Fazenda de Lula — hoje uma das grandes apostas para a destruição política do mais popular político brasileiro.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Maria Aparecida Serapião Teixeira

10/02/2017 - 16h56

Triste. Mas acho que pode ser.

Carlos Frederico Cunha Cunha

10/02/2017 - 15h26

A Mafionaria Tucana e emedebista.

Luiz Carlos Tonello

10/02/2017 - 14h43

Sempre foi isso.

Giovana Tambosi

09/02/2017 - 21h38

Também acho

Rubens Pereira Da Silva Pereira

09/02/2017 - 18h43

Avisa para esse aí que a declaração de independência dos EUA foi escrita em papel a partir de fibras de cânhamo, maconha, cannabis… Vai lá cortar a constituição deles, ô stalone.

alex sander santos

09/02/2017 - 13h31

MUITO POBRE ALGUEM ACHAR REALMENTE QUEM ALGUEM PODERA ACABAR COM A LAVA JATO ..
SO TERIA UMA MANEIRA..
MUDAR A TIPIFICAÇÃO DE ALGUNS CRIMES FINANCEIRO..COMO EVASÃO LAVAGEM PROPINA ETC..

POIS MESTRE MORO JA DISSE..
PETISTAS É QUE SAO BURROS..
OS PRESOS CONDENADOS SÃO..
POR PROPINA E LAVAGEM DE DINHEIRO..
APENAS.

PROPINA…
LAVAGEM DE DINHEIRO …

APENAS.

    Atreio

    09/02/2017 - 14h43

    esquece-se do “dominio do fato” e demais ilegalidades e atrocidades de sua corja de estimação.
    a historia registra, golpistas se envergonham. babou o golpe. o ridículo só aumenta.

    não vai levar 21 anos de novo.

    GusVSZ

    09/02/2017 - 19h17

    pena que a força-tarefa da lavajato não saiba o que é lavagem de dinheiro, banalisaram o instituto e ainda condenam sem provas, baseados apenas em ilações.
    pro moro, se vc comprar pão com o dinheiro da propina já é lavagem.
    eu sei que é um instituto complexo, mas era de se esperar mais de alguém que mexe com isso todo dia.
    Dá para desconfiar das intenções. Ou então é burro.

Iraque Melo

09/02/2017 - 15h12

Que tal uma LAVA RATOS ???

Cesar Valente

09/02/2017 - 12h55

Claro, ten q tirar o lula

Ednilson Petriu

09/02/2017 - 12h54

Na terça feira após o depoimento de Cunha ao juizao em Curitiba, ficou escancarado que quem mandava na Petrobras era Temer. E o plim plim só noticiou sobre o aneurisma do rapaz, mas é ou não é um canalzinho sem vergonha?

    Celeste Lelles

    09/02/2017 - 13h37

    Um escárnio essa mídia! BOECHAT tbm
    … IMAGINA O QTO ELES NÃO ESTAO EMBOLSANDO??? TÁ DEMAIS

Carmem Stewart

09/02/2017 - 12h40

O temer fez valer sua palavra ” A lava-jato não vai me atingir”.

Gustavo Horta

09/02/2017 - 09h23

ASSIM É. PAÍS SEM PUDOR! LÁ VEM O BRAZZZIL, DESCENDO A LADEIRA…
> https://gustavohorta.wordpress.com/2017/02/09/assim-e-pais-sem-pudor-la-vem-o-brazzzil-descendo-a-ladeira/

“Com a Central de Inteligência e o departamento de Segurança Interior, monitoraremos indivíduos contrários ao Grande Plano e os eliminaremos do sistema. Rapidamente, a sociedade aprendeu que tem uma escolha: apoiar o sistema e ter luxo, ou rejeitá-lo e perder acesso a ele” Alto membro explica estrutura da organização secreta e as funções do novo […]”

    GusVSZ

    09/02/2017 - 19h18

    ô gustavo horta, afinal, de onde saiu esse vídeo?

LUIZ TAVE

09/02/2017 - 08h37

esse ministro fanfarrao ta cortando esse mato , para dar pro aecio fazer colchao ?

    Gustavo Horta

    09/02/2017 - 09h24

    Claro que não seria para fazer colchão…
    Aliás o carinha que trafica e cheira nem olha para maconha!

    ASSIM É. PAÍS SEM PUDOR! LÁ VEM O BRAZZZIL, DESCENDO A LADEIRA…
    > https://gustavohorta.wordpress.com/2017/02/09/assim-e-pais-sem-pudor-la-vem-o-brazzzil-descendo-a-ladeira/

    “Com a Central de Inteligência e o departamento de Segurança Interior, monitoraremos indivíduos contrários ao Grande Plano e os eliminaremos do sistema. Rapidamente, a sociedade aprendeu que tem uma escolha: apoiar o sistema e ter luxo, ou rejeitá-lo e perder acesso a ele” Alto membro explica estrutura da organização secreta e as funções do novo […]”


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