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Entrevista exclusiva com Francisco Dominguez! Brasil precisa romper bloqueio midiático brasileiro e fazer denúncias em inglês

Quando estive em Londres, no ano passado, tive a honra de conhecer pessoalmente o professor Francisco Dominguez, diretor de um grupo de pesquisa sobre América Latina na universidade de Middlesex. Aliás, nesse processo de luta contra o golpe e pelos direitos democráticos dos brasileiros, cada vez mais ameaçados pelo regime de exceção instalado no Brasil […]

18 comentários
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Quando estive em Londres, no ano passado, tive a honra de conhecer pessoalmente o professor Francisco Dominguez, diretor de um grupo de pesquisa sobre América Latina na universidade de Middlesex. Aliás, nesse processo de luta contra o golpe e pelos direitos democráticos dos brasileiros, cada vez mais ameaçados pelo regime de exceção instalado no Brasil após o impeachment, tivemos a oportunidade de conhecer cada vez mais pessoas, do mundo inteiro, preocupadas com a democracia no Brasil. Elas sabem que todas as ameaças que pairam sobre a democracia no Brasil afetam negativamente os direitos democráticos de trabalhadores no mundo inteiro.

Nesta entrevista exclusiva ao Cafezinho, o professor Francisco Dominguez enfatiza que o Brasil precisa romper o bloqueio midiático e aprender a fazer denúncias em inglês. Segundo ele, é preciso concentrar esforços na esquerda europeia: trabalhistas ingleses, Podemos, Die Linke na Alemanha, PCP em Portugual, Syriza na Grécia, partidos socialistas em todo continente.

Todos estarão dispostos, diz Dominguez, a ajudar os brasileiros na luta para preservar seus direitos democráticos, aí incluindo os direitos sociais e individuais ameaçados por reformas legislativas e pela truculência judicial.

Dominguez opina também que a defesa de Lula contra a perseguição judicial de que é vítima é um elemento central, porque tem grande poder de mobilização internacional, porque o caso Lula mistura ameaças às liberdades fundamentais do indivíduo Lula e ameaças aos direitos políticos do cidadão Lula e de todos seus milhões de eleitores.

Leia abaixo!

Cafezinho: Quando você começou a se informar, com mais profundidade, sobre a crise política brasileira?
Nós acompanhamos os eventos no Brasil desde as manifestações de rua contra o governo da Presidente Dilma Rousseff, em junho de 2013. A apoio aberto da midia brasileira, como Rede Gobo, Folha de Sao Paulo e Veja foram suficiente prova de que a direita estava procurando desestabilizar o governo legitimo e democraticamente eleito do Brasil. As maquinaço?s de Eduardo Cunha e a intoxicante campanha midiática para o impeachment de Dilma intensificaram nossa preocupação. Então observamos os eventos do Brasil a cada dia. O que continuamos fazendo até agora.

Cafezinho: Por que você se interessou pela nossa situação política e porque você tem notado – se é que tem notado – interesse de intelectuais, sindicalistas e políticos britânicos, sobre a crise política brasileira?
Nós sabíamos que os esforços de desestabilização contra vários governos legítimos do continente (Venezuela, Honduras, Paraguay, Ecuador, Bolivia, Nicaragua, etc.) seriam também aplicados contra o país de mais peso econômico e político na região, com objetivo de mudar a geopolítica do continente em favor do neoliberalismo.

Existe na Grã-Bretanha um movimento de solidariedade com a America Latina muito forte e bem estabelecido, desde na época da derruba de Allende em 1973. Eu mesmo sou um ex-exilado da ditadura de Pinochet. Portanto, foi relativamente fácil articular rapidamente um movimento contra o impeachment de Dilma, contra o golpe, e de solidariedade com a luta pela democracia em Brasil (aqui a pagina de internet de nossa organização https://nocoupinbrazil.wordpress.com). 

Nossa campanha de apoio a luta pela democracia em Brasil já tem o apoio de parlamentares, dirigentes sindicais nacionais, intelectuais, jornalistas, estudantes, e muitos outros, num movimento articulado a nível nacional.

Cafezinho: Para você, houve um golpe no Brasil? Por quê?
A direita estava completamente certa de que ganharia as eleições de 2014, especialmente considerando o difícil contexto econômico para o governo de Dilma, em razão da crise econômica mundial. Sua derrota foi un choque ‘traumático’ e eles tiraram a seguinte conclusão: em 2018, o candidato será Lula, que provavelmente não só ganharia como também seria re-eleito en 2022, prolongando assim o governo do PT até 2026, privando a direita de governar o pais por 24 anos. Esta foi a consideração estratégica. A preocupação imediata foi que Dilma não aceitava parar as investigações do Lava Jato, que arriscava enviar muitos de seus dirigentes politicos, do PMDB, PSDB, e outros a cadeia. A conjunção destas duas considerações e a maioria direitista no Congresso e o Senado fez o resto. Então o golpe contra a democracia em Brasil é um golpe direito contra a democracia na America Latina também.

Cafezinho: Em sua opinião, como o público inglês tem visto a política brasileira?
No começo, a imensa maioria de público britânico acreditava nas histórias da mídia, e ficou convencido de que a razão do impeachment da Dilma foi por corrupção dela. Mas, pouco a pouco, a informação começou a mostrar a verdadeira situação em Brasil: uma classe política elitista, uma cleptocracia, esta disposta a destruir a democracia e eliminar os direitos politicos e sociais do povo, para defender seus estreitos interesses de classe, passando por cima ainda dos interesses da nação. Hoje é quase impossível encontrar um artigo que fale favoravelmente do governo de Temer ou de Temer mesmo (ou que não aconteceu no começo do processo de impeachment; veja, por exemplo, um panegírico de Temer que escreveu Jonathan Watts, correspondente no Brasil do jornal britânico The Guardian). Agora a mídia tem simplesmente eliminado o Brasil das notícias e não reporta nada (ou quase nada) do que acontece cada dia no Brasil com os constantes ataques contra democracia, contra os direitos sociais e econômicos do povo, o congelamento por 20 anos dos gastos em saúde e educação, a entrega do pre-sal às multinacionais, etc. Por isso precisamos organizar formas de informar a verdade, com articulações como o No Coup in Brazil.

Cafezinho: Você é um militante pela democracia no Brasil. O que, na sua opinião, nós, brasileiros, seja um simples cidadão, seja um dirigente sindical ou político, seja um acadêmico, podemos fazer para levar a denúncia do golpe para fora do país? 
Acho que o aspecto central é procurar romper o bloqueio da mídia, e infelizmente a língua que deve ser utilizada internacionalmente para isto é o ingles (sem excluir o uso do português, espanhol, francês, etc., onde seja necessário). 

O segundo aspecto é que são necessários eixos bem definidos de ação para levar a denúncia do golpe e suas consequências para o exterior, e eu considero que estes eixos são os seguintes: a) a defesa de Lula contra a perseguição do judiciário, e especialmente do Sergio Moro (para isso é preciso publicitar os argumentos legais e morais do Geoffrey Robertson o mais amplamente que seja possível tanto no Brasil como no resto de mundo); b) denunciar de maneira sistemática todos os ataques contra os direitos democráticos do povo brasileiro, assim como também os atos de repressão contra as mobilizações  para se opor as medidas neoliberais do governo ilegitimo e golpista de Temer; c) denunciar com informações rigorosas cada uma das medidas neoliberais do Temer, explicando suas consequências no povo brasileiro em detalhes específicos (como afeta as mulheres, estudantes, trabalhadores, etc. todo de maneira breve); d) informar ao mundo sobre as ações de massa (greves,
passeatas, e outras) procurando obter apoio de organizações sociais como sindicatos, parlamentares, intelectuais, jornalistas, etc.

Cafezinho: Quais os pontos que você identifica na comunicação no movimento brasileiro antigolpe que podem ser aperfeiçoados?
A questão central de uma política comunicacional para mim é: quem são os destinatários da mensagem? Neste sentido, a precariedades dos recursos não nos permite dirigir nossa mensagem ‘ao publico’ como um todo, mas a grupos específicos. Acredito que, da parte da América Latina, a região estrategicamente mais importante, do ponto de vista político, é a Europa, onde existe o desejo de apoiar tudo o que a gente falou nesta entrevista, tanto na esquerda (Podemos, na Espanha, Syriza, na Grecia, Die Linke, na Alemanha, Sinn Fein, na Irlanda, PCP y Bloco de Esquerda, em Portugal, e outros) assim como os partidos politicos da socialdemocracia do continente, incluindo o SPD alemão, o partido socialista francês, espanhol, português, belga, os escandinavos, o trabalhismo britânico, etc. Outros que podem apoiar a luta democrática no Brasil são a maioria dos partidos verdes e outras correntes progressistas, como o Cinco Estelas, da Itália

A segunda questão central é que o objetivo deve ser isolar completamente (ou tanto como seja possível) o governo de Temer, com denúncias regulares de suas políticas neoliberais e de seus ataques contra os direitos democráticos dos brasileiros. Mas um dos eixos centrais deve ser a defesa de Lula e a denúncia da perseguiç?o que contra ele faz a direita, por meio do judiciário e do Juiz Sergio Moro.
Devem ser organizadas tantas ações de solidariedade na Europa como sejam possíveis e procurar que o povo brasileiro seja informado em detalhe de cada uma delas.

Cafezinho: Considerações finais?
No contexto brasileiro atual, a luta pelos direito democráticos, sociais e econômicos ameaçados pelas políticas do governo de Temer deve ser articulada com a defesa das condições de garantias democráticas para as eleições de 2018. Neste sentido, a defesa de Lula, tanto por seus direitos como indivíduo, como seus direitos políticos como candidato presidencial, devem ser o fator central da atividade de solidariedade mundial na luta pela democracia no Brasil. Em toda estas ações, podem contar com este militante pela democracia na velha Inglaterra. Viva a luta pela democracia do povo brasileiro!

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Marcos Costa Lima

10/02/2017 - 12h13

Parabéns, Francisco, pela bela entrevista. A situação no Brasil está irrespirável. A cada dia surge uma medida mais violenta contra os trabalhadores, contra a natureza, contra os servidores públicos. Saludos e vamos a luta

Anônimo

09/02/2017 - 16h47

Agradecemos ao grandioso apoio do professor Francisco Dominguez, incansável na defesa da democracia

Dilciany de Oliviera

07/02/2017 - 17h00

Xiiiii. Esfriou…..

MARIA ÁUREA MIRANDA LOPES

07/02/2017 - 13h59

Excelente matéria! Precisamos nos articular para a defesa da Democracia no Brasil, já ferida com o impeachment, e que a todo momento recebe novos golpes!
Muita gratidão a todos os engajados na defesa de Lula, da verdade, da ética, da Justiça e da Democracia.

Adriano Pereira

07/02/2017 - 13h32

Parabéns pela importante e exclarecedora matéria Miguel e Francisco. o No Coup in Brazil também tem o canal de youtube agora. https://www.youtube.com/channel/UCIfYLFVVrIk1tHOAGJcPDaw
Abraços e vamos à luta!

Rita Candeu

07/02/2017 - 14h58

dar o golpe foi tão fácil
reverter é que será uma luta imensa – avante Brasil

e vamos fazer uma campanha para o povo aprender a votar direito para Deputado

de que adiantou eleger Dilma e em conjunto aquele Congresso?

Jocilene

07/02/2017 - 12h18

Miguel, tem que verificar poque ao tentar compartilhar via Twitter vem com 9 caracteres a mais.

    Miguel do Rosário

    07/02/2017 - 12h57

    ok, vou ver

Anônimo

07/02/2017 - 11h52

Parabéns pela matéria. Pensamento inteligente enfim.

ceoli sam

07/02/2017 - 11h41

professor de mer**, EUA fechando as portas p todos.. England abandonando o resto da europa .. e professor petista achando que alguem liga para o terceiro mundo .. kkkkkk
#piada PT

    Miguel do Rosário

    07/02/2017 - 11h45

    “professor petista”. o sujeito é um chileno com cidadania britânica, professor há décadas de uma importante universidade inglesa, e o coxinha retardado o chama de “professor petista”. que lavagem cerebral a globo fez nessa gente, meu deus

      ceoli sam

      07/02/2017 - 12h09

      CHAMOU IMPEACHMENT DE GOLPE NAO TEM COMO NAO SER PETISTA..
      CHILENO IMIGRANTE ??
      PREFIRO AQUELES LIXOS LA DE COLUMBIA..

        juca

        07/02/2017 - 14h43

        Coloque para nós sua tese em defesa de que não foi golpe ao invés de ficar escrevendo asneiras. A cada dia que passa o golpe fica mais claro. Veja as novas transcrições da gravação que o Machado fez do Jucá.
        Quem acredita que não foi um golpe com potencial para destruir de vez o brasil não passa de um muar.

          Luciano Cavalcante

          07/02/2017 - 15h31

          CARA .. SOMENTE TROUXAS LEVAM GOLPE … OU QUEM TAVA DORMINDO (A BASE DE CALMANTES)
          SO TROUXAS ACREDITAM NISSO..
          MAIS ALIAS VOCES SÓ PODEM SER TROUXAS MESMO …

          DILMA CAIU MESES APOS SE ELEGER COM DINHEIRO ROUBADO DA PETROBRAS ..
          OS ARRECADADORES ESTAO SENDO CONDENADOS !!!!

          DILMA JA AGONIZAVA DESDE ANTES DA ELEIÇÃO…!!! ILEGITIMA NAO PODE RECLAMAR ..
          NASCEU E SE CRIOU NA PETROBRAS !!!

          FOI AFASTADA JA VAI FAZER UM ANO !!!!
          NEM ELA LEMBRA DE MAIS NADA .. RSS
          DA PENA VER GENTE GRITANDO NAO VAI TER GOLPE .. VAI TER LUTA !.. JA TENDO SE PASSADO UM ANO..
          ATE O LULA JA MUDOU DE LADO EM PLENO NECROTÉRIO ..
          EM BREVE AS 77 DELEÇÃO DA ODEBRECHT IRÃO VOS CALAR PARA SEMPRE ..
          FALTA POUCO..

      Rita

      07/02/2017 - 16h23

      Liga não Miguel………..os pulhas da história sempre existiram e existirão, mas eles nunca passarão.

    Adriano Pereira

    07/02/2017 - 13h34

    Que comentário mais raso, seu provincianismo é assustador. Seus pais fizeram um trabalho de Mer**

Fabiana Ubinha Almeida

07/02/2017 - 13h39

Espanhol, italiano, francês, russo…

Mario Tezan Salazar

07/02/2017 - 11h33

Nada ainda sobre a crise no ES… para um blog que defende o Fim da PM, seria um prato cheio mostrar como seria..


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