Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho
Há uma divisão clara entre os golpistas.
De um lado, a Lava Jato e o MPF. De outro, os políticos da direita (incluo neste grupo Gilmar Mendes, por razões óbvias).
O novo pedido de investigação sobre Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e Sérgio Machado, feito por Rodrigo Janot, é a demonstração mais óbvia de que há uma guerra aberta entre os “pró-mercado” e os “pró-bandalheira”.
As divergências jurídicas, digamos assim, entre os dois lados foram explicitadas por Deltan Dallagnol e Gilmar Mendes nos últimos dias.
Dallagnol deu uma entrevista ao Estadão, publicada no domingo, defendendo a diminuição dos direitos dos réus em nome dos “direitos da sociedade” (?) e fazendo uma ginástica argumentativa comovente para sustentar que isso não contraria a constituição. Leiam este trecho em que nem o entrevistador perdoou:
Entrevistador: O sr. defende, claramente, a relativização do princípio da presunção da inocência.
Dallagnol: Não. Digamos que você me dê essa caneta de presente. Eu vou dizer que você relativizou o direito à propriedade no Brasil?
Entrevistador: Desculpe, mas não é uma boa comparação…
Não é mesmo.
Gilmar Mendes, por sua vez, falou o seguinte durante a primeira sessão de um caso da Lava Jato no Supremo depois da morte de Teori:
Temos um encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba. Temos que nos posicionar sobre este tema que conflita com a jurisprudência que desenvolvemos ao longo desses anos.
O MPF quer manter seu status de intocável e aumentar seus poderes dentro do processo penal.
Gilmar, constatando que depois da destruição do PT é inevitável que a Lava Jato, hipertrofiada e embriagada pelos holofotes da mídia corporativa, acabe indo para cima de políticos à destra – como já está fazendo com próceres do PMDB – virou garantista novamente e está muito preocupado com os direitos dos réus. Deve estar agoniado imaginando um colega tucano enjaulado nas masmorras de Sérgio Moro.
A Globo e demais integrantes do cartel midiático (mais poderosos que Lava Jato e políticos juntos) por enquanto apenas observam a briga de foice.
A mídia familiar é aliada de primeira ordem da Lava Jato. Contudo, não pode prescindir dos seus políticos de estimação. Afinal, ainda há Executivo e Legislativo no Brasil.
Com o passar do tempo ficará cada vez mais difícil conciliar a narrativa explícita do “todo apoio à Lava Jato” com a disfarçada do “toda proteção aos políticos amigos”.
Eu apostaria em uma migração gradual da primeira para a segunda narrativa, depois que a Lava Jato já tiver coroado seu trabalho bandido com a provável condenação de Lula e consequente impedimento de sua candidatura em 2018.
A ver.