(Foto: Celso Junior / AE)
Transcrevemos abaixo a resposta do deputado federal Wadih Damous à suposta frase dita pelo ex-presidente ao atual usurpador da cadeira no Planalto.
Wadih tirou as palavras da minha boca. Lula representa a política, em contraposição à violência da mídia e dos meganhas. A política no sentido de pactuação, diálogo, que é feito entre contrários, não entre quem pensa igual.
É disso que o Brasil precisa: de diálogo.
Isso não pode ser confundido com os erros do governo Lula/Dilma em terceirizar a política para a grande mídia. Um político moderno tem que falar diretamente ao povo, e, no caso do Brasil, tem de olhar a comunicação de massa como a ferida nunca fechada da ditadura. O Brasil precisa de uma mídia mais plural, se quiser se desenvolver e voltar a ser uma democracia.
Conversar, dialogar, fazer política, isso não pode parar, jamais.
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(Via Conversa Afiada)
A exortação de Lula “vamos conversar” dirigida a Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, no hospital onde acompanhava os últimos momentos de D. Marisa, já se tornou objeto de controvérsias.
Alguns amigos meus, simpatizantes do ex-presidente, chegaram a me confidenciar críticas a essa atitude: “poxa, o Lula não se emenda” , querendo dizer que ele não consegue abandonar um pragmatismo que já lhe rendeu – e a nós – diversos dissabores.
Como interpretar a atitude do presidente?
Embora estivesse no hospital, não presenciei o diálogo, do qual só soube pela imprensa. Farei, portanto, algumas especulações.
Pode ter sido mera força de expressão, dessas banalidades ditas do cotidiano, quando encontramos alguém: “me liga”, “vamos bater um papo qualquer dia desses” etc. Não traduziria uma real intenção de “conversar”.
Ou não.
Pode ter expressado um consenso de que a Política está sob a tutela usurpadora por parte do Judiciário e do Ministério Público e é preciso que volte a se impor.
Ou de que a Política virou um cenário de guerra e é necessário ser repactuada.
Ao contrário dos outros interlocutores, Lula pensa a Política de forma superior e transcendente, além de não guardar ódio no coração.
Torço para que a intenção do “vamos conversar” tenha sido essa.
Wadih Damous, deputado federal pelo PT do Rio
e ex-presidente da OAB do Rio