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Waldeck Carneiro: Crise nas universidades estaduais e o futuro do Rio de Janeiro 

Em mais um artigo exclusivo para o Cafezinho, o deputado Waldeck Carneiro aponta os prejuízos que a crise econômica do Rio de Janeiro tem causado no sistema de ensino superior do estado. Crise nas universidades estaduais e o futuro do Rio de Janeiro  Por WALDECK CARNEIRO* Há poucos dias, éramos milhares de pessoas reunidas para […]

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Em mais um artigo exclusivo para o Cafezinho, o deputado Waldeck Carneiro aponta os prejuízos que a crise econômica do Rio de Janeiro tem causado no sistema de ensino superior do estado.

Crise nas universidades estaduais e o futuro do Rio de Janeiro 

Por WALDECK CARNEIRO*

Há poucos dias, éramos milhares de pessoas reunidas para abraçar a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A crise da UERJ, ou melhor, a crise do ensino superior público estadual, que também atinge duramente as outras duas universidades estaduais (UENF e UEZO), além do ensino superior na FAETEC e na Fundação CECIERJ, não é uma questão de caráter corporativo. Não é um problema para os universitários. Trata-se de desafio absolutamente estratégico, do ponto de vista da construção de outro projeto de desenvolvimento para o nosso Estado, que não dependa, de forma tão preponderante, da cadeia produtiva do petróleo.

Com efeito, até mesmo autoridades estaduais, diretamente responsáveis pela crise que vem aniquilando o Rio de Janeiro, têm defendido a diversificação da nossa economia, através da aposta em novas tendências ou vocações e da consolidação de outros setores da atividade econômica que vêm demonstrando seu potencial. Ora, como produzir esse dinamismo na economia fluminense, sem investir em formação profissional de alto nível, ciência, pesquisa e inovação tecnológica? Como fazê-lo, portanto, sem tratar como indispensáveis as nossas universidades estaduais? Como enfrentar os desafios do século XXI, em plena era do conhecimento, das mídias digitais, do universo virtual, sem uma política sustentável de fomento à ciência, à pesquisa e à inovação, logo, sem revigorar a FAPERJ como um dos elos dessa engrenagem? Cabe também sublinhar o papel político e social das universidades, especialmente das públicas, no tocante à socialização do conhecimento e à inclusão de milhares de pessoas, a cada ano, por meio da indissociabilidade entre ensino superior, pesquisa e extensão, tripé e marca de distinção da instituição universitária.

Os diferentes segmentos e as forças vivas da sociedade fluminense devem assumir a defesa das nossas universidades estaduais, para muito além de qualquer disputa político-partidária. Afinal, o colapso do ensino superior estadual não afeta apenas professores, estudantes e servidores técnico-administrativos, mas repercute negativamente sobre as perspectivas de superação da crise do Estado do Rio de Janeiro.

Ademais, essas universidades são patrimônios do povo fluminense, inclusive das futuras gerações. Não são peças descartáveis por qualquer partido ou governo de plantão. Nossas universidades estaduais têm produção acadêmica de grande relevância e reconhecimento, em várias áreas do saber, até mesmo por parte da comunidade científica internacional. São inovadoras e pioneiras, como no emblemático caso das cotas sociais lançadas pela UERJ há cerca de duas décadas. É, sim, papel do Estado do Rio de Janeiro, através da execução de seu orçamento, assegurar condições dignas de funcionamento às universidades estaduais, inclusive vinculando percentual de sua receita corrente líquida para tal finalidade, como ficou consagrado em nossa Constituição Estadual. Os arautos da privatização e da dilapidação do patrimônio público não solaparão a responsabilidade estratégica e intransferível do Poder Público estadual com o custeio das universidades estaduais e com o futuro deste verdadeiro celeiro de arte, ciência e cultura, que é o Estado do Rio de Janeiro.

*Deputado Estadual (PT/RJ) e Professor da Faculdade de Educação e do Programa de Pós Graduação em Educação da UFF

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Theo Rodrigues

Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.

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