“Diz-se que Deus é brasileiro, não o Deus da ternura dos humildes, mas o Moloc dos Amonitas, que devora seus filhos” (leonardo boff)

Por Cláudio da Costa Oliveira, colunista do Cafezinho

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também já questionou: “Ajuste fiscal para que e para quem?”

A Comissão Pastoral para o Serviço de Caridade e da Paz, órgão da CNBB, reunida em Brasília em 18/19 de outubro de 2016, mostrou preocupação com o cenário de retrocesso dos direitos sociais no Brasil. Referindo-se à reforma trabalhista e terceirização, reforma do ensino médio, reforma da previdência social e a PEC 241/2016 (PEC do teto) os membros da comissão afirmaram: “ Em sintonia com a Doutrina Social da Igreja Católica, não se pode equilibrar as contas cortando os investimentos no serviço público que atende aos mais pobres de nossa nação. Não é justo que os pobres paguem esta conta, enquanto outros setores continuam lucrando com a crise.”

Naturalmente os pronunciamentos da CNBB não são divulgados pela grande mídia golpista, mas podem ser acessados no site da própria instituição na internet.

Na edição de 2017 do Fórum Econômico Mundial em Davos, a Diretora-Gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na frente de Hernrique Meirelles, afirmou : “Sem distribuição de renda não tem como haver crescimento sustentável”(Fonte : BBC).

Christine Lagarde disse isto depois de ouvir Henrique Meirelles defender as reformas que vem sendo feitas pelo governo Temer.

A Diretora-Gerente reconheceu os erros do passado do próprio FMI : “Não sei porque as pessoas não escutaram (que a desigualdade é nociva), mas certamente, os economistas se revoltaram e disseram que não era problema deles. Inclusive na minha própria instituição, que agora se converteu para aceitar a importância da desigualdade social e a importância de estudá-la e promover políticas em resposta a ela”.

Estudo feito pelo FMI em 2013, analisou políticas de ajuste fiscal implantadas em países desenvolvidos e em desenvolvimento nos últimos 20 anos e mostrou que pacotes, como o adotado no Brasil, levam a resultados adversos. “Pacotes de corte nos gastos públicos tendem a piorar mais significativamente a desigualdade social, do que pacotes de aumentos de impostos” e também : “De forma aproximada 15% a 20% do aumento da desigualdade social por conta de pacotes fiscais, ocorrem por causa do aumento de desemprego”.

Christine Lagarde questionou : “Um momento de crise, como o ministro (Meirelles) indicou, é o momento de avaliarmos as políticas que estão em ação, o que mais podemos fazer, que tipo de medidas tomamos para reduzir as desigualdades sociais ?”

E mais: “Quais tipos de redes de apoio social temos para as pessoas? Qual tipo de educação e treinamento oferecemos? O que temos em ação para responder não apenas à globalização, mas às tecnologias que irão descontinuar e transformar o ambiente de trabalho no longo prazo?”

Lagarde lembrou ainda: “Há coisas que podem ser feitas, como reformas fiscais, reformas estruturais e políticas monetárias. Mas elas precisam ser granulares, regionais, focadas em resultados para as pessoas e isso provavelmente significa uma maior distribuição de renda do que há no momento”.

Ou seja, a Diretora-Gerente do FMI, Christine Lagarde, mostrou que o caminho é exatamente o inverso do que está sendo feito no Brasil.

O que Christine Lagarde provavelmente não sabe, é que o Brasil hoje é governado por colonizadores, que só pensam em explorar o país e seu povo. Se ela soubesse disto, não perderia tempo discutindo com Meirelles. Temer e Meirelles não estão preocupados com o bem-estar da população brasileira. As reformas que estão sendo feitas têm o único objetivo de espoliar a nação.

Nenhum país consegue se desenvolver de forma sustentável, sem antes estabelecer um programa consistente de redução das desigualdades sociais.

O teólogo e filósofo Leonardo Boff, muito lúcido, em artigo publicado ontem 23/01, disse : “Estamos assentados sobre estruturas histórico-sociais violentas, vindas do genocídio indígena, colonialismo humilhante e escravagismo desumano. Não há como superar estas estruturas sem antes superar esta tradição nefasta. É um desafio que demanda transformação colossal das relações sociais.”

A prova mais gritante do assalto por que passa o Brasil é o desmonte da Petrobras e a entrega do pré-sal para estrangeiros. à vista de todos. Só pode ser Moloc, mais uma vez, devorando a oportunidade de futuro promissor para o país.

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