Por Maria Fernanda Arruda, colunista do Cafezinho
ANTHONY GAROTINHO nasceu no PT, transferindo-se em 1983 para o PDT, como afilhado político de Leonel Brizola, baseado no prestígio perigoso de radialista, construído com o “assistencialismo”, arma cada vez mais usada pelos que contam com os meios de divulgação, associados a movimentos religiosos pentecostais.
Em 2000 transferiu-se para o PSB, dois anos depois tendo se aventurado como candidato à Presidência da República, obtendo grande votação, prêmio concedido pelos evangélicos. Garotinho tratou de dar continuidade à sua carreira através da mulher Rosinha, elegendo-a governadora do Estado e fazendo-se seu secretário da segurança.
Em 29 de maio de 2008, o ex-chefe de polícia de seu governo, o deputado Álvaro Lins, foi preso pela Polícia Federal em seu apartamento, tendo o MPF pedido o indiciamento de Garotinho por formação de quadrilha armada. Em agosto de 2010, Garotinho foi condenado por formação de quadrilha, junto ao ex-deputado estadual Álvaro Lins. A Justiça Federal aplicou uma pena de dois anos e meio de prisão, convertidos em serviços à comunidade e suspensão de direitos políticos. Álvaro Lins foi condenado a vinte e oito anos por formação de quadrilha armada, corrupção passiva e lavagem de bens.
O TRE-RJ também cassou o mandato de Rosinha Garotinho, prefeita da cidade de Campos dos Goytacazes, por abuso do poder econômico. Entendeu que ela teria sido beneficiada por publicações e por programas favoráveis na rádio O Diário. A decisão tornou inelegíveis a prefeita, o ex-governador e mais três radialistas.
Garotinho prosseguiu, contribuindo para levar a política do Rio de Janeiro à condição de submundo da prostituição dos homens públicos. Para ele, política sempre foi mecanismo de troca de favores e obtenção de vantagens. Exemplo disso: ao não ser atendido pela Presidente Dilma, no pedido de cargo no Banco do Brasil, imediatamente transferiu a filha para o PSDB, de Alckmin e Aécio.
Segundo o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, Garotinho comandava com “mão de ferro” um “verdadeiro esquema de corrupção eleitoral” em Campos dos Goytacazes, norte do Estado, cidade onde sua família formou um clã político. As palavras são do juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral, que assina a ordem de prisão preventiva contra o ex-chefe do Executivo fluminense.
Na sentença, relata que os crimes foram cometidos por Garotinho e outros denunciados, como os vereadores Miguel Ribeiro Machado (PSL) e Ozéias Martins (PSDB) –estes,presos em 19 de outubro de 2016[26]–, e consistiam no cadastramento ilegal de membros do programa Cheque Cidadão. Em troca, os beneficiários prometiam votar nos candidatos que operavam o esquema.