(Charge: Aroeira)
Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho
A assessoria de imprensa da Lava Jato – leia-se, Folha de São Paulo – estampa a seguinte manchete em seu site, triunfante: “TRF mantém ou endurece 70% das penas aplicadas por Sergio Moro”.
De 23 condenados por Moro, 8 tiveram as penas mantidas, 8 tiveram as penas endurecidas, 4 foram absolvidos pelo TRF e 3 tiveram suas penas diminuídas.
No meio da matéria vem a pegadinha.
O levantamento da Folha só levou em conta os casos em que houve condenação e análise da apelação do condenado pelo Tribunal.
As decisões sobre prisões preventivas e habeas corpus ficaram de fora da análise, ou seja, as prisões midiáticas sem provas, onde Moro concentra boa parte da sua truculência e populismo penal, não foram levadas em conta para chegar nos tais 70%.
Dentre as decisões de Moro que ficaram de fora do levantamento está um caso emblemático do que a irresponsabilidade dos justiceiros midiáticos pode provocar.
Branislav Kontic, assessor de Antonio Palocci que teve a prisão decretada por Moro, tentou o suicídio na carceragem da PF em Curitiba, após ver sua prisão temporária convertida em preventiva.
O TRF considerou que não havia elementos para manter Kontic preso e reformou a decisão de Moro.
O juiz curitibano brinca com vidas humanas ao sair prendendo para gerar manchetes. E ainda é aplaudido. Mas é claro que isso fica de fora do levantamento da Folha, feito sob medida para levantar a moral de Moro.
A matéria cita ainda que “advogados de réus apontam para um Judiciário receoso de contrariar a opinião pública, que tende a clamar por mais punições, mesmo que à revelia das leis”.
Mais uma manipulação barata.
Não são só os advogados dos réus que apontam para a covardia do Judiciário diante da opinião pública, mas grande parte do meio jurídico e praticamente todo o campo progressista.
Para quem tem medo do debate só resta mesmo reduzir o contraponto à defesa dos réus.