Por Bajonas Teixeira, colunista do Cafezinho
A Veja atacou o artigo que publicamos com o título Duas semanas que abalaram Curitiba – Sérgio Moro vira réu em Genebra e risco de prisão de Lula é página virada. O artigo recebeu 153 mil curtidas aqui no blog O Cafezinho. Fato curioso: a publicação aconteceu em 28 de outubro mas a revista Veja só agora, 10 semanas depois, fez sua investida contra ele e contra o blog. Por quê?
Porque se evidencia, com mais nitidez a cada dia, o acerto do artigo quanto ao fracasso de Sérgio Moro em consumar a prisão de Lula como parte do show da Lava Jato. Como diz o título, “a prisão de Lula é página virada”. Tanto é assim que, em entrevista na semana passada, o delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, confessou que “os elementos que justificariam um pedido de prisão preventiva não são tão evidentes”.
Vindo de quem vem essa afirmação é sintomática da nova situação que retratamos no artigo. O delegado Moscardi Grillo é o coordenador da Lava Jato na Polícia Federal. Por isso, ao se manifestar publicamente alegando, como disse, que “perdemos o timing” para prender Lula, não poderia fazer confissão maior do vazio das acusações e da perseguição ao ex-presidente. Além disso, de quebra, essa declaração expõe uma crise na Força Tarefa da Lava Jato comandada pelo procurador do MPF, Deltan Dallagnol.
Essa crise por sua vez, é um efeito dos ciúmes internos, com o delegado reclamando até do estrelismo e do destaque dados a Dellagnol e Cia: “há uma personificação da parte de alguns procuradores como heróis na força-tarefa”. Aliás, foi a própria mídia, tentando a todo preço criar heróis e cultos à personalidade, que espetou a estaca no coração da PF.
Mais sintomático ainda é o fato dessa entrevista ter sido publicada na própria Veja, a revista que foi porta-voz de inúmeros vazamentos prejudiciais a Lula, e provavelmente ilegais, a começar pelo sigilo bancário vazado e publicado em agosto de 2015. Como força propulsora do impeachment, a Veja agora esta montada num cavalo de Tróia chamado Temer.
Aquela posição confortável, que conferia credibilidade junto aos ingênuos, de combatente empedernida da corrupção, se desvaneceu com a ascensão de Temer ao poder. Ele e a corriola que levou para o Planalto batem recordes históricos de quedas por corrupção, como apontou ontem Jânio de Freitas no artigo Articuladores do impeachment são responsáveis pela atual indignidade.
Os tempos não mudaram apenas para Sérgio Moro e Dallagnol, mudaram também para a revista Veja e sua aposta em Michel Temer. Janio de Freitas diz que os articuladores do impeachment, entre os quais inclui a mídia, “são responsáveis pela atual indignidade”. Que indignidade? O jornalista explica:
Nos tortuosos 117 anos de República e ditaduras no Brasil, jamais houve um governo forçado a tantas quedas de integrantes seus em tão pouco tempo, por motivos éticos e morais, quanto nos oito meses de Presidência entregue a Michel Temer e seu grupo.
Entre Romero Jucá, que em 12 dias estava inviabilizado como ministro, e o brutamontes Bruno Julio, que, instalado na Presidência, propôs mais degolas de presos, a dúzia de ministros e secretários forçados a sair é mais numerosa do que os meses de Temer no Planalto.
A grande mentira do impeachment se desnuda a cada novo dia do governo Temer, com a classe média, isto é, o grosso dos leitores da Veja, sentindo-se cada vez mais enganada por seus porta-vozes e guias na mídia golpista. No protesto do dia 04 de dezembro em favor da continuidade da prerrogativa de abuso de poder por parte de juízes e procuradores, esperava-se milhões nas ruas, compareceram apenas 200 mil segundo o Mapa das Manifestações Pró-Lava Jato da Globo. Em São Paulo, na Avenida Paulista, o epicentro nacional das manifestações, deram as caras, segundo a avaliação simpática da PM, apenas 15 mil gatos pingados.
A revista Veja se amarrou a um cadáver chamado Temer e pode partilhar a mesma sorte que ele. Esse é o seu grande terror e seu grande fantasma no momento.
Ps: A Veja tenta desqualificar o artigo criticando o uso que nele se fez da palavra “réu”. Esquece que a palavra réu tem, no Brasil, um vasto campo semântico (e não podia ser diferente), tanto é assim que todos os já condenados continuam sendo chamados de réu, diferenciando-se apenas entre os “réus primários” e os “réus reincidentes”. Sem esquecer que deu origem a expressões populares, como “réu confesso”, título aliás de uma música de Tim Maia. Mas essa acusação é tão pobre que dispensa maiores comentários. E já foi devidamente respondida pelo editor-chefe do Cafezinho: Sim, Moro é réu na ONU.
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