O site da Veja desta semana veio com a seguinte pérola:
Coordenador da Operação Lava Jato na Polícia Federal, o delegado Maurício Moscardi Grillo afirma em entrevista a VEJA que houve um tempo em que os investigadores tinham provas, áudios e indícios que poderiam caracterizar tentativa de obstrução da Justiça por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que, hoje, “os elementos que justificariam um pedido de prisão preventiva não são tão evidentes”. Ele diz também que foi um erro ter levado o petista para depor no Aeroporto de Congonhas porque acabou permitindo a ele passar uma imagem de vítima. O delegado afirma que a PF ainda não digeriu bem o fato de a corporação ter ficado fora da delação da Odebrecht e que “há uma personificação da parte de alguns procuradores como heróis na força-tarefa”. E faz um alerta: mudanças no comando da PF, como cogita o ministro Alexandre de Moraes (Justiça), podem comprometer o andamento da Lava Jato.
A novilíngua da Veja precisa ser traduzida. Vamos destacar alguns trechos da entrevista do delegado que coordena a Lava Jato na PF.
“os elementos que justificariam um pedido de prisão preventiva não são tão evidentes”
A frase aí de cima é uma repetição do refrão de maior sucesso do power point lavajatense: temos convicção mas não temos provas. O delegado, ao dizer que os elementos que “justificariam a prisão preventiva não são tão evidentes”, consolida a acusação de que Dallagnol e coleguinhas de powerpoint prevaricaram severamente ao montarem aquele circo todo para acusar Lula de “comandante máximo”. Tem de ser responsabilizados e punidos por esse crime.
Ele diz também que foi um erro ter levado o petista para depor no Aeroporto de Congonhas porque acabou permitindo a ele passar uma imagem de vítima.
Lula passou imagem de “vítima”, porque efetivamente foi vítima. E não foi um “erro”. Foi mais um crime de Sergio Moro e da Lava Jato, pelo qual um dia terão de pagar, e caro. A condução coercitiva de Lula foi um dos capítulos do golpe.
Não vou comentar o resto, que é uma xaropada que mostra o nível de irresponsabilidade que se tornou a Lava Jato. A economia brasileira continua sendo devastada por suas consequências, e seus responsáveis, um bando de mandarins do serviço público, manipulados pela Globo, estão se engalfinhando numa guerrinha de egos.
Moscardi, é bom lembrar, é um dos delegados que tentou censurar o blogueiro Marcelo Auler, impedindo-o de publicar denúncias contra a operação.