Lula, Dilma e a estratégia para derrubar o golpe

Por Wellington Calasans, colunista do Cafezinho

Li em algumas publicações que há pessoas que defendem a luta por uma causa (que considero perdida) chamada “Cancelamento do impeachment” (anulaSTF). Nada mais natural para quem se sente, como eu e mais 54 milhões de pessoas, vítima de uma injustiça. O problema é que isso implica diretamente em ter que acreditar no STF, aí eu prefiro debater se o Papai Noel nasceu aqui na Suécia ou lá na Finlândia. Será que alguém ainda acredita que este STF cancelaria algo que ajudou a construir com tanto zelo?

Lula, em Salvador, no encontro do MST (dia 11), reforçou o coro por “Diretas, já!”. Será que este Congresso e Senado antecipariam as eleições? A resposta honesta e imediata para ambas as questões é “não”. Por isso, vemos que há aqui uma divergência muito grande nos propósitos da militância progressista, mas ambas se perdem na crença de que vivemos uma democracia. Por isso, faço a minha reflexão sobre o assunto.

A resposta mais razoável para ambas propostas é o “não” porque a maior luta, que era por uma comunicação social plural, foi omitida enquanto os dois estiveram no poder. Sobretudo, quando Lula era praticamente uma unanimidade, após o anúncio de que o Brasil sediaria os Jogos Olímpicos. Ali foi perdida a oportunidade de dizer ao povo: está bom? Será melhor ainda se tivermos direito ao contraditório. O resultado da omissão é este que vemos: uma sociedade alienada, influenciada por falsas notícias, opiniões distorcidas e a ocultação da verdade.

Dilma não tem uma base popular capaz de reverter algo no STF. Lula tem uma base mais sólida para tentar as eleições ainda este ano, mas seria sabotado por deputados e senadores que dificilmente aprovariam a proposta. Enquanto presidenta, Dilma, mal assessorada, perdeu o contato com o povo e terceirizou a luta para o então Ministro da Justiça, José Cardozo, que permitiu a construção dos absurdos praticados pela PF e outros tentáculos do golpe. Como advogado de defesa, Cardozo, fez lindos discursos, mas perdeu todas. O que deixou claro que deste STF não se espera nada contrário ao que temos hoje.

Os simpatizantes do “Volta, Dilma!” (agora chamado “Anula, STF”) precisam entender que todas as bandeiras, inclusive a do feminismo, estão neste pacote de maldades do golpe, mas nenhuma delas foi o alvo preferencial. O golpe foi sempre para consumar a destruição do Brasil e dos brasileiros. O golpe é contra o pré-sal destinado à educação e saúde. O golpe é contra os BRICS e o golpe é uma tentativa desesperada de impor uma agenda neoliberal, sucessivamente derrotada nas urnas, mas que é defendida, pasme, até mesmo por juízes do STF.

É preciso voltar ao poder. Não é preciso fazer a política do “quanto pior melhor”, pois os golpistas não têm nada de bom a oferecer para o Brasil e o seu povo. O “sangramento” que FHC propôs como estratégia contra Lula, e que foi imposto à Dilma pelo fracassado Aécio, é praticado todos os dias por esta turma do golpe, mas contra ela mesma, sob a absoluta falta de credibilidade diante da sociedade. Basta que Lula fale que irá “desfazer tudo o que tem sido feito pelos golpistas”, e não haverá um único investidor a arriscar perder dinheiro.

Duas frentes deveriam ser encabeçadas neste momento: a defesa de Lula e a garantia de eleições livres, justas e transparentes em 2018. Quem acredita num Estado sadio deve entender que a defesa de Lula, sobretudo nos avanços de Moro e da Globo, é um fator indispensável para isto. Todos sabem que é com Lula, em 2018, que será possível o sepultamento, na vala comum, da turma do golpe que envergonha o Brasil em todo o mundo.

Sobre as eleições, mais uma vez advirto que está provado que as urnas eletrônicas da quarta geração (que imprime o voto) são as únicas que podem evitar a sabotagem realizada na transmissão dos dados, pois permitem a recontagem. Quem não lutar por isso agora, estará – mais uma vez – dando crédito a Gilmar Mendes e Luiz Fux, que dispensam comentários.

Dito isto, espero que Lula e Dilma percebam que a estrutura do golpe está no poder e que dela não se deve esperar qualquer gesto de grandeza. A popularidade de Lula é a arma que temos, sendo ele candidato ou apoiando algum nome, para que, com o povo, possa ser resgatado o país e promovida a reconstrução do Estado Social. Não é preciso ter pressa, basta deixar claro que o atual governo é ilegítimo e que terá revogado tudo o que faz. A adesão popular será unânime.

A propósito da visão sobre o Brasil no mundo, nos próximos dias 27 a 29 deste mês de janeiro, brasileiros que representam os grupos internacionais que lutam na diáspora pela democracia no Brasil estarão reunidos, em Amsterdã – Holanda, para um amplo debate sobre as próximas ações. Os grupos internacionais têm como causa primeira a defesa da democracia.

Redação:

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