Por Denise Assis, colunista do Cafezinho
O título de “do lar” cai bem à D. Marcela, em sua casa. Diante do patrimônio público, do patrimônio histórico, ela deveria fazer uso do outro adjetivo que lhe concederam: “recatada”. É o mínimo que se pede dela, ao zelar pelo bem público, pertencente a todos os brasileiros. Recato.
Macela não adquiriu, comprou, tornou-se dona dos palácios por onde ora transita. Esses corredores, instalações e jardins, devida e cuidadosamente mobiliados há mais de 50 anos, saíram da cabeça de um nome reconhecido internacionalmente: Oscar Niemeyer. Talvez, por sua “tenra” idade, D. Marcela não tenha ouvido falar dele. Trata-se do idealizador da cidade que ela hoje vê pelas janelas dos carros oficiais em que desfila.
Niemeyer e sua equipe gastaram algum tempo para adequar arquitetura e decoração, ou ambientação, como melhor preferirem, para as instalações que receberiam o comando do país. Não sei se informaram a D. Marcela, mas deu um certo trabalho e alguns anos de estudo até que pudessem exercer o poder de criar uma cidade, um palácio, e uma decoração que lhe caísse bem.
Não convém a um casal provisório, tomar posse da decoração de um patrimônio público, virando do avesso a palheta de cores da decoração ao bel prazer da sua fobia político-fascista-ideológica.
O vermelho dos tapetes, se o casal desconhece, antigamente era uma reverência aos reis e às rainhas, que passavam por cima deles para esbanjar nobreza. O tapete era sinal de respeito e o casal mais nobre da sociedade deveria ser reverenciado com tal item. Todo esse luxo, com o passar dos anos, foi transferido às cerimônias mais imponentes, como a nomeação de cavaleiros, príncipes e princesas, até chegar aos casamentos reais e aos ambientes políticos de imponência.
Além disso, o tapete é um símbolo católico muito forte, já que o papa e os bispos passam pelo tapete vermelho em grandes cerimônias religiosas. No quesito sofisticação, o tapete vermelho é item indispensável em cerimônias como o Oscar, em Hollywood.
Perplexos, ficamos sabendo que o casal Michel e Marcela mandam arrancá-los dos ambientes palacianos de Brasília, numa sanha alucinada dos que têm pesadelos com o poder dos antecessores. O primeiro ímpeto, seria indignarmo-nos. Mas é tempo de parar e refletir.
Sim. Fora com os tapetes vermelhos. Afinal, eles são estendidos a quem são devidas honras e rapapés. Acima de tudo, respeito e reconhecimento. Apressem-se operários. Tirem-nos rápido, transformem logo esse ambiente em uma “casa de morar”. Deem logo ares comuns aos aposentos de Brasília. Nada de pompas e circunstâncias. Façam-lhes as vontades. Guardem-nos para um tempo de legitimidade.