Cláudio da Costa Oliveira, colunista do Cafezinho
Já escrevi diversos artigos sobre o projeto lesa-pátria que está em andamento atualmente na Petrobras.
As denúncias são muitas e vem de todas as partes sem que nenhuma providência seja tomada.
A venda da participação da Petrobras (66%) no campo de Carcará para a estatal norueguesa Statoil, por US$ 2,5 bilhões, anunciada em 28 de julho de 2016, foi fortemente criticada por muitos especialistas.
A Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) que representa 18 associações profissionais de geólogos e os sindicatos da categoria em Minas Gerais e São Paulo emitiu nota oficial acusando a venda de “crime de lesa-pátria”. A justificativa é o baixo valor do negócio, considerando o potencial único do campo de Carcará.
Segundo o presidente da Febrageo, João Cezar de Freitas Pinheiro, os conhecimentos existentes indicam que o campo pode valer “até dez vezes mais”, considerando todas as variáveis do negócio. “A empresa não pode vender um ativo sem estudar melhor o valor deste ativo”
A Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) realizou estudo demonstrando que a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para a empresa canadense Brookfield Infrastructure Partners (BIP), causou um prejuízo maior do que o apurado no processo da Lava Jato.
A Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (ASMIRG-BR) informou que “o brasil sofreria o maior golpe de sua história com a venda da Liquigas” e também “agora se vende uma empresa enxuta, altamente rentável, por preço insignificante. A Liguigas foi vendida em negócio intermediado pelo Banco Itaú, que é um dos sócios do grupo Ultra, por sua vez proprietário da Ultragaz que foi a compradora.
O relatado acima já seria suficiente para atestar o escândalo da atual administração da Petrobras. Mas os problemas não param por aí, pois um aspecto importante é a forma como estas vendas foram efetuadas. De maneira açodada, sem transparência, sem concorrência, de forma dirigida, ao arrepio da lei.
O engenheiro aposentado da Petrobras, ex-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Ricardo Maranhão, escreveu um artigo intitulado “Descaminhos dos desinvestimentos da Petrobras” onde é discriminada a lista de leis que estão sendo descumpridas no processo de venda de ativos da companhia.
Maranhão questiona : “Sendo a Petrobras uma sociedade de economia mista, de capital aberto, integrante da administração pública indireta, o processo de venda de ativos está sendo conduzido com transparência, obedecendo o princípio constitucional da PUBLICIDADE (CF art. 37) ?”
E também : “A venda de ativos obedece a exigência de IMPESSOALIDADE, garantindo não haver CONFLITO DE INTERESSES ?” E por aí vai.
Não, a venda de ativos só atende ao que passa pela cabeça de Pedro Parente e seu diretor financeiro Ivan Monteiro.
O TCU mandou suspender todas as vendas de ativos da Petrobras depois que técnicos do órgão constataram os desmandos e os descumprimentos legais que estavam ocorrendo.
Em recente entrevista o diretor financeiro da Petrobras informou que : “estamos esperando o fim do recesso no TCU para retomar a discussão sobre o modelo a ser adotado pela empresa para os desinvestimentos”
Será que depois de tantos crimes cometidos ainda vão deixar esta corja administrando a emprêsa ?
Onde está o Ministério Público Federal que não pede uma intervenção imediata na companhia, paralisando este plano de negócios absurdo, cujo objetivo é dilapidar a emprêsa ?
Julian Assange, fundador do Wikileaks, em entrevista ao jornalista Fernando Morais , do Nocaute, informou : “Uma maneira de trocar favores com os Estados Unidos é facilitar à Chevron e à Exxon o acesso à partes deste petróleo (pre-sal). Nas mensagens vasadas por Wikileaks, aparece um desejo constante das petroleiras americanas de ter o mesmo acesso que a Petrobras tem”
Ele fez a seguinte análise :”Quais são as grandes instituições públicas brasileiras, quais as mais fortes ? Acho que são o exército e a Petrobras. E acho que em comparação, todas as outras instituições são fracas. Então creio que fragilizar a Petrobras é uma forma de fortalecer os militares, como centro de gravidade da organização do estado. E isto pode ser um problema”
O forte interesse das empresas americanas nós já conhecíamos, inclusive pelo vazamento das conversas do José Serra com a presidente da Chevron.
Com relação à fragilização da Petrobras, entendemos que isto significa a fragilização do Brasil como um todo. Significa a fragilização de suas empresas. Significa a fragilização de seu povo, que perde emprego e renda. E significa também a fragilização do exército e dos militares como consequência.
O povo brasileiro precisa se organizar para defender a Petrobras que está sob forte ameaça.
O Brasil hoje é governado por colonizadores que só pensam em explorar o país e seu povo.