(Charge: Aroeira)
Por Pedro Breier, colunista político do Cafezinho
Gilmar Mendes deu algumas declarações ao blog de Jorge Bastos Moreno (parece que Temer emprestou a Gilmar, além do avião presidencial, o jornalista pelo qual manda seus recados, cartinhas, etc.) “desabafando” sobre as críticas à carona para Portugal oferecida por Temer a Gilmar.
Depois de ler as declarações de Gilmar fiquei tranquilo.
Apesar de ser bem estranho isso de um réu oferecer ao juiz que irá julgá-lo uma carona até Portugal, Gilmar garantiu que o processo e a viagem não são incompatíveis:
Não são porque nunca discuti esse tema com o presidente Temer e ele nunca me abordou sobre esse assunto e creio que jamais abordará. Esse tema só deve ser debatido no seu foro apropriado: o TSE.
Se Gilmar falou, ta falado. Eles não discutiram sobre o assunto TSE, então não há nada de errado.
Michel provavelmente apenas ofereceu um Haagen-Dazs sabor macadâmia para seu amigo Gilmar e eles conversaram animadamente sobre como o friozinho de Portugal é melhor que o calor abrasante do nosso país tropical.
A sequência da fala de Gilmar Mendes bota uma pá de cal sobre o assunto e encerra qualquer injusta desconfiança que possamos ter dessa viagem entre dois velhos camaradas:
Mas, quero lembrar uma coisa sobre esse processo. Ele só existe, só está tramitando por minha causa. As pessoas se esquecem que a juiza Maria Tereza o indeferiu e eu é que insisti e lutei para a sua reabertura. E o fiz por considerar isso um dever de ofício.
O fato de que Gilmar votou pela reabertura do processo em 13 de agosto de 2015, quando Dilma ainda era presidente e Michel apenas um vice decorativo-conspirador, transformando o processo de cassação da chapa no plano B dos golpistas, caso desse algo errado no golpe via Congresso, provavelmente é apenas uma coincidência. Gilmar faz as coisas por dever de ofício.
Gilmar Mendes ainda tira da cartola mais um argumento definitivo para demonstrar que não tem nada de mais uma viagem no avião presidencial compartilhada entre réu e julgador:
Se aceitar caronas, convites para almoçar e jantar comprometessem a atividade de cada um que os aceitasse, seria impossível trabalhar em Brasília. Quantas vezes sou convidado, por exemplo, para almoçar ou jantar com jornalistas e empresários de comunicação e isso nunca interferiu no trabalho deles nem no meu. Sou às vezes muito e até injustamente criticado pela mídia. E nem por isso deixo de atender seus convites.
Muito bem, Gilmar, sua relação com os empresários de comunicação obviamente não interfere no trabalho de ninguém. É tudo altamente republicano.
Aquela história que o professor da USP Clóvis de Barros Filhos conta no seu livro “Devaneios sobre a atualidade do Capital” só pode ser mais uma grande mentira desses detratores que insistem em desconfiar do julgador mais imparcial do Brasil.