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Antes de sair, menor do que entrou, Obama ratifica vocação dos EUA: perder guerras

Por Wellington Calasans, colunista internacional do Cafezinho Enquanto a imprensa mainstream está limitada a reproduzir o que é usado para abafar debates maiores, como no caso da obsessão sobre a possível interferência russa na “pirataria” das eleições dos EUA, Obama reduz ainda mais o próprio tamanho e finge impor sanções à Rússia por este motivo. […]

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Parada militar em Raqqa, na Síria

Por Wellington Calasans, colunista internacional do Cafezinho

Enquanto a imprensa mainstream está limitada a reproduzir o que é usado para abafar debates maiores, como no caso da obsessão sobre a possível interferência russa na “pirataria” das eleições dos EUA, Obama reduz ainda mais o próprio tamanho e finge impor sanções à Rússia por este motivo.

Ocorre que vem da Síria a verdadeira razão para que o, ainda, presidente dos EUA tenha agido com as vísceras, e não com o cérebro, em relação aos russos, ao anunciar novas sanções. Uma reunião entre os ministros dos negócios estrangeiros da Rússia, Irã e Turquia, realizada no mês passado, teve como resultado um acordo de cessar-fogo na Síria que foi elaborado à revelia de Washinton e já está implementado com sucesso.

Esta é mais uma derrota dos EUA em uma guerra. Obama, que inexplicavelmente ganhou o Prêmio Nobel da Paz, apenas acompanha a tendência histórica do seu país e não deveria agir como um menino birrento. A paz na Síria é uma derrota do cinismo de Obama e de todos os governantes dos países que armaram até os dentes grupos terroristas com os objetivos já conhecidos no Iraque e Líbia: derrubar governos e roubar o petróleo.

Este 2017 começa, sim, com uma boa notícia: após quase seis anos de uma guerra insana, o povo da Síria finalmente conhece a possibilidade de reconstruir as próprias vidas e o país. Esta boa notícia, assegurada pelo cessar-fogo em vigor, frustra os planos de Washington de impor uma mudança de regime no governo sírio.

Para aumentar o vexame dos EUA, no acordo entre Rússia, Irã e Turquia foi incluída grande parte da oposição e o governo sírio, algo que Obama se recusou a fazer. Assim foi sepultada a falsa teoria de que somente quando os Estados Unidos assumem um papel central, uma crise é resolvida.

A história recente nos mostra que a não-intervenção dos EUA nos assuntos dos outros países evita bombardeios, mortes e mudanças, impostas, de regimes vigentes, muitos deles eleitos democraticamente.

A presença dos EUA na Síria alimentou a guerra. Até mesmo quando, recentemente, os sírios e os russos recuperavam Aleppo, após quatro anos de cerco de grupos terroristas, a administração Obama exigia o cessar-fogo, totalmente incoerente com os objetivos de paz.

Quando os sírios começaram a voltar para suas casas no leste de Alepo, Washington continuou a anunciar para o mundo, com uma vergonhosa adesão da imprensa de propaganda, que os governos russo e sírio “massacravam civis ao bel-prazer”.
Isso justifica a recente atenção da imprensa mainstream sobre as acusações não comprovadas de que hackers russos teriam influenciado nos resultados eleitorais, onde Obama não conseguiu fazer sucessor. Esta imprensa sempre defendeu as ações intervencionistas de Washington e agora está desesperada por morrer abraçada com Obama na aventura da Síria.

É preciso desviar a atenção das pessoas que foram enganadas, pois cada dia de paz na Síria é um dia de guerra na consciência de Obama e daqueles que ajudaram na construção de mais uma mentira. A despeito de tudo o que dizem, a Rússia, com Vladimir Putin, o único líder político do planeta na atualidade, impôs a Obama a condição de sair menor do que entrou na Casa Branca.

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Comentários

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Gilmar Antunes Miranda

06/01/2017 - 06h21

Tudo isso sem falar que os EUA são os verdadeiros autores dos atentados de 11.9, ou se preferem um termo sofisticado: “atentados de falsa bandeira”. Foram eles que forjaram os atentados para justificar a invasão criminosa do Afeganistão. Depois invadiram o Iraque tb alegando mentiras, destruíram a Líbia, com mais mentiras e, por fim, tentam (ainda) destruir a Síria. Sempre com o mesmo objetivo: dividir para governar e dominar economicamente.
Mas só fazem isto por terem o apoio da extensa maioria da grande imprensa mercenária.
Tem a maior economia do mundo e avanços tecnológicos e de desenvolvimento humano altíssimos. E pq, em vez de promover guerras, não canalizam todas essas realizações para o bem estar social das demais nações?
Não teriam mto mais a ganhar?

Italo Rosa

05/01/2017 - 13h44

o imperialismo vive em guerras infindáveis: só dos anos 50 para cá, coréia, vietnam. depois o bombardeio da usina de leite em pó no sudão, a secessão de biafra (sempre o petróleo). o iraque (duas vezes), a tentativa continuada de sabotar e derrotar o iran. as incontáveis intervenções e golpes na américa latina e caribe. líbia, egito, síria, ucrânia, o bombardeio da sérvia.

C.Poivre

05/01/2017 - 13h34

Um adendo: os EUA e seus subordinados da OTAN (RU, França, Alemanha, etc.) tudo fizeram para boicotar TODAS as negociações de paz para a Síria pois seu interesse único é prolongar indefinidamente todas as invasões que promoveu no Oriente Médio. Segundo Snowden, para o governo estadunidense o importante é que a sua indústria bélica “esteja feliz”.

Cesar Cunha

05/01/2017 - 12h55

Quando afirmei para um conhecido, na época recém treinado nos EUA para ser pastor,que aquela nação seria a “Nova Babilônia” da bíblia,ficou me olhando sem saber o porquê de eu falar aquilo. Pedi para ele falar sobre a descrição bíblica do local e sobre a união de nações contra o comércio do império. Quando mencionou sobre o poder sob um manto branco, com o braço levantado,segurando um cálice,sobre o mar, questionei: “Você nunca viu a Estátua da Liberdade?”. Ele só achou coincidência…

C.Poivre

05/01/2017 - 12h36

A vocação de perdedor de guerra vem de longe. Já na 2ª Guerra Mundial os EUA foi o último dos “aliados” que entrou na guerra contra a Alemanha nazista e teve um papel secundário pois suas tropas só entraram na Europa depois que o exército alemão já havia perdido a guerra para a Rússia e estava sendo empurrada de volta para a Alemanha. Para “derrotar” o Japão precisou lançar duas bombas nucleares contra populações civis de Hiroshima e Nagasaki para forçar a rendição dos japoneses, não precisando assim lutar diretamente contra o exército japonês. Depois da guerra foi se meter na Coréia pretendendo “livrá-la dos comunistas” e não conseguiu vencer tendo que aceitar a divisão do país em Norte e Sul. Foi se meter também na luta para manter o Vietnam dividido mas foi humilhantemente derrotado pelos comunistas de Ho Chi Minh e Von Giap, fazendo uma retirada vergonhosa e desorganizada. Até na paupérrima Somália, ao fazer parte de forças de paz da ONU estacionadas no país, pretendeu resolver a guerra civil vigente à época (governo Clinton) por conta própria, à revelia da ONU, e acabou tendo que se retirar de forma vergonhosa perseguidos por guerrilheiros maltrapilhos, desorganizados e mal armados. Esse vexame na Somália está bem retratado no filme “Falcão Negro em perigo”. Quando os estadunidenses se consideraram “vitoriosos” foi nos casos de invasões de países indefesos que nunca lhe declararam guerra (Iraque, Afeganistão, Líbia, Iêmen, Síria):

http://noticia-final.blogspot.com.br/2012/01/todas-as-invasoes-do-imperio-americano.html

    Geremias Alves de lacerda

    07/01/2017 - 14h54

    Sem contar que os EUA ,só entra em uma guerra,com pais flaco e com aliados, no Iraque foram 28 no demais eu não sei,mais uma coisa eu garanto teve aliados.

Jorge Leite

05/01/2017 - 12h19

Perfeito.


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