Fonte: Jota A – Jornal O Dia
Por Tadeu Porto*, colunista do Cafezinho
Ontem o jornalista Lauro Jardim, um dos porta vozes da casta golpista nacional, fez uso de sua coluna no Globo para confidenciar a todo Brasil que o presidente Michel Temer não falará sobre rebelião (leia-se chacina de Manaus. É demais esperar a Globo dar o nome certo aos bois da intolerância).
O Pequeno usurpador foge da capital do Amazonas por um motivo muito simples: o pouquíssimo de popularidade que ele tem advém do fascismo que está disposto a apoiar qualquer coisa – qualquer coisa mesmo – que seja contra o PT.
O ódio disseminado pela elite golpista e a mídia tradicional contra o partido dos trabalhadores (reparem que todo Fora Dilma era acompanhado de um “e leve o PT junto” enquanto Fora Cunha ou Renan nunca atingem o PMDB) foi uma das ferramentas cruciais para criar a atmosfera golpista.
Vale ressaltar, ainda, que nesse neofascismo a brasileira a esmagadora maioria das pessoas é a favor da política do “bandido bom é bandido morto”. Sendo assim, se Temer fizesse o papel que se espera de um chefe do Executivo de uma República de verdade – condenar a barbárie de Manaus e incentivar a construção de uma sociedade pacífica – ele certamente perderia os míseros 10% de bom e ótimo que tem de popularidade com a mesma facilidade que uma uma criança perde um balão de hélio no parque.
Em qualquer lugar civilizatório uma chacina como a de Manaus é considerada como um ato de barbárie a ser repudiado em todas as esferas possíveis. Nada justifica a morte de 56 pessoas, não importa o crime que elas cometeram. Tratar bandidos como um lixo que deve ser descartado quando convém lembra muito tempos como a Idade das Trevas ou o nazismo, que são páginas vergonhosas da história da humanidade (Fernando Brito escreveu um ótimo texto sobre isso, perguntando por que não abrimos logo campos de concentração).
O interessante é que o governo parece não se importar tanto com “bandido” quando está entre seus aliados: por exemplo, o assessor do Ministro dos Esportes Leonardo Picciani, Wanderley dos Reis Júnior, foi condenado e esteve preso. Ele poderia ter sido assassinado na cadeia e receber a indiferença do presidente, entretanto ganhou um voto de confiança e recebeu um cargo no governo. Segundo assessoria de imprensa do ME, ele “cumpriu sua pena e ninguém pode ser condenado pelo resto da vida” (palavras coerentes e sensatas, diga-se de passagem).
O que Temer, o pequeno, nega à população amazonense e brasileira é muito menos do que o voto de confiança que seu governo deu à um ex-preso: é nada mais nada menos que o mínimo de humanidade civilizatória.
Michel é escravo do ódio que o colocou no poder e assim ficará até que esse rancor seja derrotado ou cresça de maneira incontrolável e destrua o país como um todo (incluindo os golpistas que o alimentaram).
*Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense
Maria Amaral
04/01/2017 - 19h47
Muito bom, compartilhei. Apenas uma observação: sustentar é verbo transitivo.
Lenhador da Federal
04/01/2017 - 16h35
“O interessante é que o governo parece não se importar tanto com “bandido” quando está entre seus aliados”. Já o pt se importava muito com os bandidos quando estavam em seu governo.E olha que o que não faltava era bandido no governo do pt !