American way of life

Por Maria Fernanda Arruda, Colunista do Cafezinho

Nunca houve uma ideologia tão bem vendida às massas quanto a do “american way of life”. Ela triunfou não apenas dentro dos Estados Unidos, mas também abaixo do rio Grande. No Brasil, realizou a grande revolução cultural dos anos 50. Todos queriam aprender a falar em inglês, substituíram o guaraná pela Coca Cola. O “cachorro quente” pelo “baurú”, logo depois:”hot-dog”.

Do sonho da casa própria, as classes médias somaram o do automóvel e a coleção de eletrodomésticos. O cinema americano foi o grande professor, ensinando como consumir para viver bem e ser feliz (o que logicamente devia ser o oposto). Depois, a TV veio para completar o desastre.

Aos poucos foi se fazendo oposição à americanização. O humorismo ajudou muito na ridicularização dos modos grosseiros, no vestir, na alimentação. A MPB deu parâmetros que permitiam medir a jovem guarda anã. Mas em muitos aspectos o “american way of life” veio para ficar.

Na substituição das pernas pelo automóvel; pernas apenas para “malhar”; na troca da casa pelo apartamento; no empobrecimento do vocabulário, com a adoção de termos tidos como “inglês técnico”. A Ditadura colaborou muito, na medida em que promoveu o emburrecimento de gerações: hoje, o traço mais marcante dessa absorção cultural está na redução da vida a um objetivo: ser um vencedor.

Enfim, superou-se a única restrição que as classes médias faziam ao que liam sobre a vida dos grandes astros de Hollywood: aqui no Brasil o casamento tornou-se um hábito também, todos querem se casar muitas vezes.

Pobre é o que não venceu, o vencido. Pra nós, brasileiros, os pobres se roem de inveja; e isso justifica o ódio que ‘dedicamos’ a eles. Não consumir é indecente, é pecado mortal.

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