Ex-ministro da Fazenda, em editorial nesta terça-feira, 27, na Folha de SP, analisa o governo de Michel Temer e afirma: “a desconstrução do Brasil está em marcha”.
A desconstrução do Brasil
Por Luiz Carlos Bresser Pereira
A história das nações é uma história de construção política, mas hoje minha sensação dolorosa é a de que estamos desconstruindo o Brasil.
Desde 1980 a economia brasileira cresce pouco mais de 1% ao ano, per capita; nos dois últimos anos essa renda caiu cerca de 8,4%; o desemprego alcança índices inimagináveis; os resultados decepcionantes do PIB trimestral e da indústria sugerem que a recessão se estenderá por mais um ano.
O baixo crescimento está associado ao regime econômico liberal-conservador instaurado pelas “reformas”: abertura comercial e financeira de 1990-92, as desnacionalizações e privatizações de 1995 e o “tripé macroeconômico” de 1999.
Nesse quadro, o crescimento teria que ser necessariamente baixo, porque duas das pernas do tripé impedem o investimento e o crescimento: juros altos (“meta de inflação”) e câmbio apreciado no longo prazo (“câmbio flutuante”).
E teria que ser entremeado de crises financeiras (1998, 2002, 2015), porque a moeda nacional apreciada e os correspondentes deficit em conta-corrente são desejados pela ortodoxia liberal, que os identifica com “poupança externa”, a qual aumentaria os investimentos.
Na verdade, os deficit desejados apreciam o câmbio, aumentam o consumo e a dívida privada e levam o país à crise financeira.
Em 2003 Lula chegou ao poder. Em seus oito anos de governo manteve o regime liberal-conservador intacto; os rentistas continuando a capturar 6% do PIB graças a uma taxa de juros altíssima.
Lula apenas usou o excedente produzido pelo boom de commodities para aumentar o salário mínimo e as transferências aos pobres. Dessa maneira, rentistas e financistas, que já eram os grandes beneficiados do sistema, continuaram a sê-lo, mas agora a eles se juntavam os pobres.
E a classe média tradicional? Foi esquecida, tanto no período conservador (1990-2002) quanto no social-democrático (2003-2014). Frustrada e indignada com a corrupção generalizada, em 2013 a classe média fletiu para a direita liberal.
Antes disto, em 2011, Dilma Rousseff tentara mudar esse regime ao baixar a taxa de juros, mas o câmbio estava enormemente apreciado, e as empresas industriais, sem lucro, não investiram.
Não podiam investir. Como a baixa dos juros não foi acompanhada de ajuste fiscal, a inflação aumentou, a crítica generalizou-se, e o governo bateu em retirada.
Em 2013, já sem apoio na sociedade, decidiu adotar injustificável desoneração de impostos, que destruiu o equilíbrio fiscal que prevalecia desde 1999.
Reeleita, a presidente viu-se diante de crise financeira -a principal causa da recessão. Não uma crise de balanço de pagamentos, nem uma crise bancária, mas uma crise financeira das empresas, quebradas pelos juros altos e o câmbio apreciado.
Para enfrentá-la, acreditou na tese ortodoxa de que a falta de investimentos era problema de “confiança” e nomeou um ministro liberal, que, em plena recessão, realizou um ajuste fiscal. As empresas continuaram sem poder investir, a crise agravou-se.
Seguiu-se o impeachment. A ortodoxia liberal, agora no poder, só viu dois problemas: a inflação (já vencida) e a crise fiscal (que a recessão agravara). Enfrentados eles, novamente a “confiança” e os investimentos voltariam.
Continuou assim a manter os juros altíssimos e a cortar os investimentos públicos. Previsivelmente, a crise econômica aprofundou-se, já que as oportunidades de investimento deterioraram-se ainda mais, ao mesmo tempo em que o governo perdia apoio político. A desconstrução do Brasil está em marcha.
Italo Rosa
27/12/2016 - 20h07
não adianta apresentar Bresser Pereira, um dos fundadores do PSDB, do qual se desligou quando o partido virou o testa-de-ferro da direita escravocrata e subserviente aos americanos. Esses comentaristas que não lêem um texto ou, se o lêem, não o entendem, devido aos seus (deles) antolhos ideológicos, deveriam seguir o conselho do Senador Requião: vão comer alfafa.
Dr. Teodoro Toledo
27/12/2016 - 18h16
Por que diabos este blog só referencia jornalistas desconhecidos ou algo que vem da folha de são paulo, sempre a folha? Por que fazer isso se já não recebem o jaba da Dilma… Desapeguem, vamos fazer jornalismo isento de vez em quando galera.
Em tempo, VIVA MORO!
migueldorosario
27/12/2016 - 20h23
O Temer resolveu pagar exército de aloprados para comentar nos blogs?
Sandra Brea
27/12/2016 - 21h10
E parece que paga bem mal, dada a competência atestada desse pessoal….
MR1 3rd Strike
27/12/2016 - 21h22
Fazem de graça, esse é o nível que chegamos.
Dr. Teodoro Toledo
27/12/2016 - 21h49
Qual o problema em fazer de graça? Você é muito capitalista amigo, você só vem aqui comentar no cafezinho enquanto pagam o seu jabá? Ou seria pão com mortadela?
MR1 3rd Strike
27/12/2016 - 21h51
Então, o problema é esse, eu sou o capitalista e você faz de graça. Seja ao menos liberal meu amigo.
Dr. Teodoro Toledo
27/12/2016 - 21h48
Sandrinha, voce já parou pra pensar que todo mundo que pensa diferente de você, ainda que seja a maioria esmagadora das pessoas, é incompetente?! Já parou pra refletir se seus conceitos não estão errados e a incompetente é você?
MR1 3rd Strike
27/12/2016 - 22h01
A maioria dos nazistas apoiavam os nazistas, a maioria… é sempre burra e teleguiada, por isso o termo lúmpen. seu lúmpen!
Dr. Teodoro Toledo
27/12/2016 - 22h44
Isso explica o motivo de vocês terem elegido Lula 2x, Dilma 2x e Temer?
Antonio Carlos Lima Conceicao
28/12/2016 - 14h18
Quem elegeu Temer?
Quando apertei 13 escolhi Dilma e o seu programa de governo, não Temer e o programa de governo do PSDB. Dilma sofreu um golpe. Não fui consultado sobre o golpe!
Votei em Lula e Dilma e vendo como está o país e os planos do PSDB sendo tocado não tenho dúvidas de que minha decisão foi acertadíssima.
Dr. Teodoro Toledo
27/12/2016 - 21h47
Ué, qual é o problema? Essa prática foi lançada pela Dilma e funcionou muito bem por muito tempo até que os cofres publicos parassem de sangrar em prol de blogs como esse cafezinho e brasil 247, por exemplo.
Raimundo Nonato de Castro
28/12/2016 - 09h30
Temos que combater a midía corrupta e covarde de alguma forma, e este blog e um dos que ainda fala as verdades que por lá são destorcidas, e eu particularmente agradeço e muito por este meio existir, pois só assim não me torno uma maria vai com a globo e paneleiro ou mesmo coxinha ou pato da fiesp desenformado e alienado. bom dia.
Antonio Carlos Lima Conceicao
28/12/2016 - 14h14
Isenção política é uma miragem.
Torres
27/12/2016 - 17h20
Gostei dos apontamentos sobre a incompetência de Dilma.