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Entrevista coletiva com Vladimir Putin

Por Ricardo Azambuja, colaborador do Cafezinho O presidente russo Vladimir Putin deu uma entrevista coletiva para 1350 jornalistas em Moscou. Essa coletiva repete-se desde 2001 e torna-se a base de informações e opiniões sobre a situação atual da Rússia pela ótica de seu mandatário. Vários assuntos foram tratados, desde a Guerra na Síria e seus […]

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Por Ricardo Azambuja, colaborador do Cafezinho

O presidente russo Vladimir Putin deu uma entrevista coletiva para 1350 jornalistas em Moscou. Essa coletiva repete-se desde 2001 e torna-se a base de informações e opiniões sobre a situação atual da Rússia pela ótica de seu mandatário. Vários assuntos foram tratados, desde a Guerra na Síria e seus desdobramentos até o assassinato recente do embaixador russo na Turquia.

A sessão foi aberta pontualmente às 12 horas (7h em Brasília) pelo porta-voz do presidente, Dmitry Peskov, ao dar orientações aos jornalistas, antes da entrada de Putin no auditório em Moscou. Sem o pronunciamento inicial de praxe, o presidente russo começou a responder as perguntas dos jornalistas. A primeira foi sobre economia. Putin confirmou que neste ano o PIB deve cair cerca de 0,5% a 0,6%, bem menos que os 3,7% do ano passado. Ressaltou, porém, que a partir de novembro ouve crescimento impulsionado por alguns setores da economia. A inflação deve ficar entre 5,5% e 6%, nível baixo recorde para o país.

Um jornalista argumentou que a economia russa não é coerente com os êxitos em ciência e tecnologia. Putin discordou. “Investimos ainda menos em alta tecnologia do que os países da OCDE. Porém, já há alterações positivas nesta área. Por exemplo, agora exportamos produtos IT no valor de 7 bilhões de dólares, enquanto alguns anos atrás este nível era em torno de zero. Somos líderes em algumas áreas – por exemplo, na aviação”. “O aumento da produtividade no setor industrial-militar é bastante alto, isto terá uma influência positiva nos outros setores da economia”. Ao mesmo tempo, disse que a área do orçamento onde estão sendo feitos mais cortes é o da Defesa Nacional, mas que isso não afetará a capacidade defensiva da Rússia.

Sobre o tema delicado do combate à corrupção, Putin se referiu à detenção de Alexei Ulyukaev, ex-ministro do Desenvolvimento Econômico. Segundo o presidente, ainda é cedo para comentar, é preciso esperar pelos resultados da investigação. “Eu não falei com Ulyukaev antes da sua detenção”, confessa Putin. “Os materiais proporcionados pela investigação foram suficientes para demiti-lo”.

O Wall Street Journal perguntou sobre a possibilidade de antecipar as eleições para 2017. Putin respondeu ser possível, mas não conveniente. Sobre a declaração do futuro presidente americano Donald Trump de incrementar o arsenal nuclear americano, ele respondeu com um simples “isso não é surpresa”. Aproveitou e destacou que foi feito “um grande trabalho” na modernização da tríade nuclear da Rússia. Na semana passada, a estatal russa de energia nuclear Rosatom organizou uma excursão para diplomatas estrangeiros a várias usinas nucleares localizadas em diferentes partes do país.

Perguntado também sobre a declaração do Departamento de Estado dos EUA, de que o exército americano é o melhor de toda a história da humanidade, Putin concordou, mas disse que “a Rússia é mais forte do que qualquer potencial agressor, o que também é verdade”. E completou, “o sistema de defesa da Rússia é mais eficaz do que a defesa antimíssil dos EUA”.

Em seguida, foi questionado por um jornalista da BBC sobre a influência russa na eleição americana. “O Partido Democrático dos EUA tenta culpar a Rússia por todos os seus fracassos. Mas isto não é verdade, porque há problemas sistemáticos nas ideias das elites democráticas. Uma parte significativa do povo americano tem a mesma visão sobre os processos no mundo e os valores tradicionais que os russos. Isto é uma boa premissa para a normalização das relações entre as duas nações. Quero que haja relações construtivas entre a Rússia, a nova administração dos EUA e o Partido Democrático também”.

Em relação à China, Putin mostrou-se otimista. “O nível das relações com a China é muito alto. A China é o nosso maior parceiro econômico, temos muitos projetos comuns. Vamos usar as moedas nacionais no comércio bilateral. Temos posições semelhantes sobre muitas questões internacionais. Esperamos desenvolver ainda mais as nossas relações”.

Quanto à WADA, Putin diz ter a certeza de que a atividade de qualquer agência antidopagem deve ser transparente e passível de controle e verificação. “A Rússia nunca criou um sistema estatal de apoio à dopagem. Porém, o problema do doping na Rússia existe como em qualquer outro país. A Rússia vai colaborar com qualquer organização responsável para eliminar o problema, inclusive com a WADA. O esporte deve ser independente da política, deve unir as pessoas e não separá-las”.

O conflito com a Ucrânia foi explorado pelos jornalistas. “O mais importante é que o exército ucraniano não seja olhado como ocupante em Donbass, ou seja, no seu próprio país”, opinou Putin, respondendo ao comentário de um jornalista ucraniano de que “os russos continuarão sendo vistos como ocupantes para os ucranianos mesmo quando Putin deixar o poder”. Quanto aos ucranianos detidos na Rússia, Putin disse que ninguém os torturou e que eles confessaram ser sabotadores e ter preparado atos terroristas, por exemplo, na Crimeia.

Outro tema controverso foi o assassinato do embaixador russo na Turquia. Putin afirmou que foi um atentado contra a Rússia e as relações russo-turcas. Ele confessou que “antes não acreditava que o bombardeiro russo tivesse sido abatido sem permissão das mais altas autoridades turcas, com o objetivo de agravar as relações”, mas agora está mudando a opinião, “porque o fato de um policial turco ter matado o nosso embaixador significa uma infiltração de elementos destrutivos no exército e na polícia da Turquia”. Será que o assassinato do embaixador irá influenciar as relações russo-turcas? “Não”, diz Putin. “Entendemos que foi uma provocação”.

A Guerra na Síria, mais especificamente a libertação de Aleppo, mereceu destaque na entrevista. “Trata-se de mais de 100 mil pessoas retiradas de Aleppo. É a maior operação humanitária internacional”, afirmou Putin. “O êxito teria sido impossível sem a ajuda da Turquia, do Irã – e também das autoridades da Síria, encabeçadas pelo presidente Bashar Assad. As ações da Arábia Saudita, EUA, Jordânia e Egito também foram importantes para a libertação de Aleppo”, frisou o presidente russo.

O canal de TV RT perguntou sobre democracia depois das eleições americanas. “Há problemas nos EUA com a democracia. O problema principal é o seu arcaico sistema eleitoral. Há preferências para alguns estados nos EUA. Mas isso é uma questão interna do povo americano. Os Estados Unidos são um grande país e a sua sociedade superará os problemas”, finalizou Putin.

Por fim, um jornalista alemão perguntou sobre como será a relação entre a Rússia e o Ocidente em 2017. “Quanto às relações com o Ocidente, a Rússia só respondeu às sanções aplicadas antes contra Moscou e pode, a qualquer momento, abolir estas medidas de resposta”, declarou. Ele também lembrou que, apesar dos acordos, os países ocidentais apoiaram o golpe violento na Ucrânia em 2014, o que resultou no conflito sangrento em Donbass. “A Rússia não é culpada disso”, opinou.

Sobre se irá candidatar-se às eleições de 2018, já que cerca de 63% dos russos o querem como presidente após 2018, disse que ainda não se decidiu, e que o fará no momento oportuno.

Ao final da última das 47 perguntas feitas por representantes da mídia internacional, tinha se passado 3 horas e 50 minutos. Putin agradeceu aos jornalistas e despediu-se com um aceno.

 

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Comentários

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Dr. Teodoro Toledo

25/12/2016 - 02h33

O Brasil todo está com Temer! SOMOS TODOS TEMER!

    Valteir

    25/12/2016 - 21h57

    Depois do temer haverá Brasil, ou será um novo Haiti, ou será uma nova Somália, ou uma nova Líbia? As duzentas milhas estão indo pra cucuias dando o pré-sal a grupos estrangeiros. Venda de reservas a US$ 1,25 o barril, com o custo no mercado internacional a mais de US 50.

    Reforma da previdência para cobrir um rombo imaginário mesmo com desvinculação de receitas (DRU), com renuncias fiscais e não cobrança dos grandes devedores.

    Enfraquecimento dos BRICS pois o chanceler SERRA(sic) nem sabia o que era isso.

    Nesta taxa de aumento da dívida interna depois que o tinhoso assumiu teremos em apenas 36 meses, 140% PIB de dívida interna e estaremos quebrados falidos.

    A gasolina está aumentando a medida que estão sendo vendidos os ativos da 2a maior companhia petrolífera do mundo. Assim que não existir mais a nossa Petrobrás, pode inventar ai um carro movido a mijo ou começar a cagar dólares para cobrir a remessa de lucros sobre venda de energia internamente. E daí o dólar vai disparar, e como a nossa economia é toda dolarizada (remédio, motores, defensivos agrícolas, eletrônica, telefonia, computação….) nós simplesmente faliremos.

    Haverá convulsão social, e daí segure-se quem puder. Sugiro que quem puder tenha um sítio bem afastado, plante tudo que precise, fabrique biodiesel e se proteja da forma que puder. A coisa vai ficar muito feia.

      Dr. Teodoro Toledo

      26/12/2016 - 07h40

      Socorro.. Se a sua mentalidade é a mesma do governo larápio que caiu, erguei as mãos e dai glória a Deus irmão pela queda!
      Nosso país vai voltar a crescer. Temos um corpo técnico na economia, e não amigos do rei ignorantes como Dilma e cia limitada.
      Pare de repetir estas falácias que você le nesses blogs de esquerda. Todos estes blogs como este, e o Brasil247, por exemplo, eram financiados mensalmente com muitoooo dinheiro vindo do governo. Ou seja, eu, você e todo mundo pagava pra esses colunistas deturparem a realidade e apresentarem este monte de falácias que hoje você repete…

        Marcos Monteiro

        26/12/2016 - 09h57

        Tosco. Você acha mesmo que colocar um Dr na frente do apelido vai mascarar a sua profunda ignorância?

        Valteir

        26/12/2016 - 16h53

        A equipe é bem técnica mas a favor do rentismo e não a favor da produção. Esta equipe esta certa nas propostas, pois estas são do interesse a quem eles representam: Bancos e alguns grupos Multinacionais.
        Nós temos que deixar de ter bandeiras ideológicas agora e sermos bem pragmáticos para salvar o país, pois os números mostram que o Temer está torrando dinheiro e a dívida interna está acelerando muito sem uma contrapartida de ativos.
        Há muitas coisas que não concordei com o governo anterior. Mas os larápios estão no governo agora. Encontre ai a delação do Claudio Odebrecht e veja só o Temer citado 43 vezes. Nenhuma a Dilma, nenhuma o Lula.

        Eu não concordava com o governo anterior como dele não cobrar imposto sobre o lucro. Assim os banqueiros tiravam 5 a 6 bi num semestre e não pagava imposto, já o pobre assalariado era achacado e tratado como bandido na receita.

        Não gostei do governo anterior não ter democratizado os meios de comunicação. Quem quisesse abrir uma rádio deveria ser desburocratização total, mas não. Além disso salvou a globo de eminência da falência quando esta se endividou para criar a NET.

        Talvez Dr Teodoro, você pertença ao judiciário que está recebendo aumentos polpudos, mas todos que tem uma lojinha, uma lanchonete, uma padaria, uma construtora, enfim quem realmente trabalha percebeu que o cliente sumiu. Imagine o natal de quem trabalha no BB, na CEF com ameaças de demissão.
        O Brasil só não está pior pois faz pouco tempo que a destruição começo e porque o governo anterior construímos a terceira maior hidrelétrica do mundo Belo Monte,ou seja não há riscos de apagões. Também porque todas as estradas públicas estão bem conservadas, e também porque a Dilma deixou em caixa de reservas cambiais 385 bilhoes de dólares expressamente US$ 385.000.000.000,00, desenhei os zeros para que você veja e entenda. Também porque o FMI não está mandando aqui dentro.
        Agora você acha que eu preciso de uma revestinha, ou uma tv para fazer minha cabeça, talvez a sua de tanto assistir a globo seja assim.

        Eu queria que você estivesse certo, mas o TEMER que não durará até março, vai afundar o país até lá, e o outro vai ser escolhido por um congresso super corrupto e além de tudo incompetente, cego das riquezas deste solo. Este outro vai vender o resto das nossas riquezas por ninharia e você aí dando milho aos pombos ou melhor rezando a um deus ilusório.

    Amanda Gondim

    26/12/2016 - 11h29

    Oi? Esse Brasil que vc está, eu não estou!

    Morhamed Dias

    26/12/2016 - 14h02

    Que sujeito retardado.

Nazario Bento

24/12/2016 - 11h48

PUTIN jamais provoca levianamente e nem se incomoda com levianas provocações. Exemplo: Diante da acusação dos eua sobre a interferência da Rússia na vitória do trump ele poderia ter respondido; “Não, não interferimos nas eleições dos eua, mas agora eles estão sentindo na própria pele o que incontáveis vezes fizeram em outros países, com suas sabotagens, financiamento a golpes e até assassinatos de políticos. Um exemplo recente é o que aconteceu no Brasil e no Paraguai.

boronov

23/12/2016 - 22h51

PITACO DO BORÔ: ESTAMOS DE BRAÇOS ABERTOS AGUARDANDO OS IRMÃOS RUSSOS. UM POUCO DE CALOR NO CANGOTE DOS GOLPISTAS SERIA BASTANTE APROPRIADO.

    Gr K

    24/12/2016 - 20h54

    Concordo!!!!
    Putin seria muito bom aqui no Brasil


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