Em entrevista ao jornal argentino Infobae, Dilma Rousseff avaliou seu governo e disse que não pretende voltar a política. Ela também comentou sobre o processo de impeachment e defendeu Lula e Cristina Kirchner. “Eu não penso em política. Eu acho que o grande presidente para o Brasil é o Lula”.
“Presidentes como Lula e Cristina, que se atreveram a gerar redistribuição da riqueza são vistos como inimigos pela oligarquia neoliberal. E o inimigo é o destruir “, afirmou.
Questionada sobre o golpe em seu governo, Dilma disse: “Não havia acusações de corrupção. O que eles fizeram foi criminalizar minha gestão fiscal. Meu impeachment foi por três decretos que não totalizam nem 0,01 do orçamento dos custos relativos à educação, hospitais e justiça; e um plano de colheita (SAFRA) que beneficiou o agricultores”.
A ex-presidente está em Buenos Aires para conferência: “Democracia, Derechos y Justicia Social”.
No Infobae
Traduzido pelo internauta Nicolas Chernavsky
Dilma Rousseff para o Infobae: “Não penso em voltar à política”
A ex-presidenta do Brasil deu uma entrevista na qual falou sobre a sua destituição e a situação política na América Latina e nos Estados Unidos
A ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, deu uma entrevista exclusiva ao Infobae durante sua visita a Buenos Aires para fazer a palestra “Democracia, Direitos e Justiça Social”, que constitui o encerramento do Curso Internacional “América Latina: cidadania, direitos e igualdade”.
Rousseff se esquiva do escândalo da Odebrecht, defende seu mentor, Lula da Silva, e faz o mesmo de forma contundente com a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner quanto às acusações de corrupção: “Presidentes como Lula ou Cristina que se atreveram a gerar redistribuição da riqueza são vistos como inimigos pela oligarquia neoliberal. E os inimigos são destruídos”.
Aqui, as 17 definições de Dilma Rousseff que analisam personalidades como Donald Trump, José Temer ou a situação do Brasil, a pobreza, o socialismo e o futuro do planeta:
“Sinto muita tristeza pelo que está ocorrendo no Brasil. Sofro muito pelo país”.
“Raiva dos que me destituíram? Raiva se pode ter de quem a gente tem relações próximas, implica uma certa intimidade. Não se pode ter raiva dos traidores. Apenas desprezo”.
“Acho que o Donald Trump explicita o que está acontecendo no mundo. É a consequência sócio-político-cultural do neoliberalismo aplicado sem nenhuma barreira, sem limite, sem autorregulação ou autocontrole”.
“Esse neoliberalismo implicou o crescimento de uma riqueza de maneira inequívoca mas apropriada por poucos”.
“O crescimento da desigualdade tornou as pessoas presas de uma proposta. As pessoas que não têm poder já não acreditam que a política pode trazer algum benefício, optam por outra solução”.
“Acho que o governo de Mauricio Macri tem uma característica: propõe um Estado mínimo, a desregulação, radicaliza o neoliberalismo que foi implantado antes do período Kirchner e acho que aqui vai crescer a desigualdade, vai haver perda de direitos, o que é muito grave e muito parecido com o que ocorre no Brasil”.
“Com a Cristina Kirchner eu compartilhava valores e uma proposta. Podíamos ter diferenças entre nós, e claro que as tínhamos. São países diferentes mas com a mesma concepção. Compartilhávamos uma visão de crescimento do continente e da democracia latino-americana”.
“Nós no Brasil tiramos da pobreza 36 milhões de pessoas e elevamos 40 milhões à classe média. Com a Cristina também se fez uma política de redistribuição na riqueza”.
“Acho que na América Latina os governos nacionais, populares e democráticos sempre tiveram um sistema de denúncia com base em corrupção. Entretanto, a história demonstrou que isso era falso”.
“Acho que o que acontece com as oligarquias financeiras, alguns empresários e outros setores é que perceberam a oportunidade de implantar um regime que de outra forma não teriam conseguido impor”.
“Não tive acusações de corrupção. O que fizeram foi criminalizar a minha gestão fiscal. Meu impeachment foi por três decretos que não totalizam nem 0,01 do orçamento de gastos que se referem a educação, hospitais e justiça e um Plano Safra que beneficiou os agricultores”.
“Acredito completamente na inocência da Cristina Kirchner. Com ela estão fazendo o mesmo que fizeram comigo. O que aconteceu comigo foi um golpe parlamentar. Com ela isso assumiu a forma de uma campanha eleitoral. Eu ganhei. Vocês poderiam ter tido a vitória do Daniel Scioli”.
“Implantou-se uma certa suspensão da democracia. Não toda, mas uma parte, com a finalidade de se conseguir uma emenda constitucional que congela por 20 anos os gastos em saúde, educação, ciência e assistência social, e libera os gastos financeiros e do serviço da dívida externa”.
“Acho que há similaridades entre Luiz Inácio Lula da Silva e a senhora Kirchner. Presidentes como Lula ou Cristina se transformam em inimigos do sistema neoliberal. E os inimigos não são combatidos, são destruídos”.
“Eu não penso em voltar à política. Eu penso que o grande presidente para o Brasil é o Lula”.