Não foi apenas a eleição de Donald Trump que deflagrou o recente crescimento do conservadorismo no mundo. Pouco antes, o Brexit, na Inglaterra, já era evidência de que o mundo estava mudando, guinando-se à direita, e a Alemanha onde Angela Merkel reelegeu-se pela terceira vez, sem dúvida, configurou-se como o exemplo mais claro dessa transformação.
No Brasil, o conservadorismo sempre foi forte e a marca de uma população cujo congresso, ao se pronunciar sobre temas de qualquer sorte, insiste em enfatizar os valores da tradicional família brasileira, os deveres a Deus e o culto à propriedade. Tratando-se da democracia representativa brasileira, esses são os valores de grande parte da população.
Para analisar essa característica social, o Ibope foi às ruas e fez cinco perguntas: 1) legalização do aborto, 2) casamento entre pessoas do mesmo sexo, 3) pena de morte, 4) prisão perpétua, 5) redução da maioridade penal.
O questionário funciona como um Índice de Conservadorismo, que separa em termos sucintos os progressistas dos conservadores.
O conservador dos conservadores respondeu ser contra os itens 1 e 2, e a favor dos demais – na escala do Ibope, ele marcará 1 de conservadorismo. Já o liberal dos liberais é a favor dos dois primeiros itens, e contra o resto: seu índice é zero. Entre um e outro, o Ibope dividiu os brasileiros em três faixas, conforme a quantidade de respostas conservadoras.
De acordo com a pesquisa, o grupo dos que atingiram alto grau de conservadorismo cresceu de 49% para 54% entre 2010 e 2016. As vitórias eleitorais da família Bolsonaro nas últimas eleições expõem de maneira muito clara: No Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro foi o vereador mais votado nas eleições de 2016. Em 2014, seu pai, Jair Bolsonaro, foi o deputado federal que mais teve votos.
Ainda de acordo com dados do indicativo, os conservadores aumentaram entre todas as faixas etárias e de renda, em ambos os sexos, em todas as religiões e em quase todas as regiões e níveis educacionais.
O apoio à pena de morte pulou de 31% para 49% nos últimos seis anos. A favorabilidade à redução da maioridade penal – para permitir que adolescentes sejam julgados como adultos – cresceu de 63% para 78%. E a defesa da prisão perpétua para crimes hediondos aumentou de 66% para 78% desde 2010.
Dica: as informações são de José Roberto de Toledo em sua coluna no Estado de S.Paulo.