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A lavagem cerebral como estratégia política

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho A reportagem do Jornal Hoje, da Globo, sobre o ataque aos trabalhadores proposto pelo governo Temer é simplesmente vergonhosa. Veja com seus próprios olhos. O texto lido pela apresentadora tenta pintar como positiva uma reforma trabalhista que obviamente favorece o empresário e prejudica o trabalhador – se o […]

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Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

A reportagem do Jornal Hoje, da Globo, sobre o ataque aos trabalhadores proposto pelo governo Temer é simplesmente vergonhosa. Veja com seus próprios olhos.

O texto lido pela apresentadora tenta pintar como positiva uma reforma trabalhista que obviamente favorece o empresário e prejudica o trabalhador – se o negociado entre patrão e empregado prevalece sobre a lei, a parte mais forte na negociação (o empresário) estará em flagrante vantagem -, chamando-a de “modernização das leis trabalhistas”.

Moderno é sinônimo de novo, novo remete a algo positivo, então a tal modernização deve ser uma coisa boa. A manipulação é grosseira.

Na sequência da reportagem é mostrado um trecho do discurso de Paulo Skaf, presidente da FIESP, um dos grandes articuladores do golpe e representante-mor do empresariado, especialmente o paulista.

Ele também fala em modernização e em “valorização das pessoas”. Essas pessoas valorizadas não serão, obviamente, as trabalhadoras.

Depois é mostrado o representante de uma tal Nova Central Sindical dizendo que as propostas são boas para os trabalhadores.

E fim da reportagem.

Nada de críticas, o outro lado, a posição das maiores centrais sindicais.

Uma aula de antijornalismo. Ou bandidagem mesmo.

É uma verdadeira aberração, uma agressão pesada à democracia, ao debate público de ideias, a utilização de uma concessão pública para manipular o noticiário político dessa forma. O fato de a Globo deter a hegemonia da audiência deixa o quadro ainda mais absurdo.

A direita tem medo do debate, porque seu projeto político/econômico tem como premissa a retirada de direitos dos trabalhadores.

Resta a tentativa de lavagem cerebral, suprimindo o outro lado do debate.

Por isso, quando a direita governa, direciona todas as verbas de publicidade para a mídia conservadora, corta qualquer verba para as vozes dissonantes e ataca ferozmente as televisões públicas, que poderiam fazer um contraponto.

Um exemplo: os deputados gaúchos aprovaram ontem um pacote do governo Sartori (PMDB) que extingue diversas fundações estaduais. É o costumeiro desmonte do Estado como resposta – ineficiente – para a crise.

Dentre essas fundações está a Fundação Cultural Piratini, responsável pela televisão pública do Rio Grande do Sul.

O que poderia ser um espaço de pluralidade de ideias é simplesmente extinguido.

O monopólio da informação da RBS, afiliada da Globo no RS e investigada na Operação Zelotes por sonegar mais de R$ 100 milhões em impostos, é reforçado.

A estratégia de tirar a voz do outro lado é padrão em governos de direita: o governo Temer está matando a TV Brasil, seja nomeando apaniguados da mídia corporativa para postos chave, seja cortando verba.

Obrigar a maior parte da população a se submeter à voz única da máfia midiática é utilizar lavagem cerebral como estratégia política.

Mas talvez seja esta a única estratégia possível para o conservadorismo.

Afinal, como ganhar um debate defendendo um projeto que tem como premissa o sofrimento das pessoas?

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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maria nadiê Rodrigues

23/12/2016 - 09h48

“Eu, que não me sento num apartamento, com a boca escancarada, cheio de dentes, esperando a morte chegar…”.
Raul Seixas, se vivo, retomaria sua canção, tão apropriada para os dias dos néscios brasileiros, manipulados pela imprensa diuturnamente, sem questioná-la, porque a própria imprensa não questiona nada. O patrão diz que deve ser dito, e o repórter, como todo capacho, atende o mando.
Vale dizer que os capanhos-repórteres, serão também vitimados pelos pacotes de maldades, se eles são os trabalhadores da empresa, igual a todos.
A maior expressão da desigualdade nessas informações está em se dar notícias diárias contra Lula, para ao final os repórteres dizerem: “Nas redes sociais os ex-Presidente, por meio de seu advogado se defende, …”.
Fosse uma imprensa que se presasse, se respeitasse, teria dado a Lula e Dilma, não uma vez, mas todas as vezes que o nome deles fossem abordados, a chance de mostrarem a cara no mesmo jornal para demonstrarem-se contra a notícia, e a oportunidade de falarem ao povo que assiste as mentiras.

Maria Thereza G. de Freitas

23/12/2016 - 09h05

Comentando sobre os comentários de JRenato M de Barros e Euler: embora concorde com a premissa que essas “organizações” são extremamente perniciosas à sociedade, delenda não é factível, pelo menos no médio prazo, nem é uma situação desejável que os adversários sejam eliminados. Afinal, é isso que estão querendo fazer com a gente. Talvez devessemos tentar soluções mais inteligentes e criativas, embora muito trabalhosas, para conviver e, no mínimo, neutralizar as ações desses grupos. Comunicação é a chave. Se nos 13 anos de governo do PT não conseguimos regulamentar a questão da mídia, conforme a CF, não vai ser agora que vamos conseguir fazer alguma coisa, ainda mais com esse congresso. Como fazer isso? não sei, mas sei que repercutir o que o pig faz e diz, no meu ponto de vista absolutamente leigo no assunto, reforça pra eles e pra sociedade, sua força, que nem já nem é tão grande assim, apesar de ainda ser considerável.

Odmir Teixeira

23/12/2016 - 02h21

A situação política global é um caos. A mesma merda de sempre os rostos é que mudam, a vantagem é que ficamos a conhecer mais um mentiroso e mais um hipócrita, a volta do globo> Para mim é uma alegria ver os rostos e as suas leis como os fazem, fico ainda mais contente, se conseguirem reparar no rosto deles até dá pena, pois sabem que estão enfrentando o julgamento final. Esquecem deles e façam a vossa vida que Deus tomará conta deles, isso garanto eu.

Érica Cidade

22/12/2016 - 23h19

Chamo atenção para um repórter chamado Caiã Messina, mister em manipulação da Band. Ele cobre todos os assuntos referentes ao Palácio do Planalto e ontem fez uma reportagem grosseira dizendo que a reforma é muito boa, pois os trabalhadores vão poder ir para casa em outros horários que não na hora do rush… A estratégia é a mesma, NUNCA escuta o outro lado, não há críticas, pontos discordantes, nada, nunca, em matéria nenhum… E a Band o mantém, mesmo sabendo que ele faz o anti-jornalismo. Dá nojo, embrulha o estômago.

Sidnei

22/12/2016 - 20h30

Porem,
em tudo quanto é buteco, hospital, dentista, comercio: “aquela porra” na televisão.
Aquela porra= Globo.
Nem george orwell acreditaria: melhor que 1984 e espontaneo.
eu não assisto a globo há anos…
Quem mais?

    carlos

    22/12/2016 - 21h56

    Não assisto e tenho raiva de quem anuncia na Globo!

    Des

    22/12/2016 - 21h58

    Antena, nem de graça.

    Italo Rosa

    23/12/2016 - 08h09

    você apontou muito bem: orwell e a teletela. parabéns pela acuidade!

    Maria Thereza G. de Freitas

    23/12/2016 - 09h07

    não assistimos há mais de 10 anos. Meu marido assiste futebol e só. Reparo também que nesses locais, as TVs estão sempre ligadas na globo. Mas tenho reparado também que pouca gente está realmente assistindo. A maioria fica nos celulares.

    Marcelo Figueiredo

    24/12/2016 - 04h06

    Ùltima coisa que vi na globo foi o direito de resposta de Brizola no início da década de noventa. Já tv cancelei à cabo há 2 anos e não tenho antena, liga e só tem chuvisco. Ou seja, não vejo nada mais, nem aberta nem fechada. Quando tem tv ligada em algum lugar eu dou meia volta. Já até cancelei consulta médica. Restaurante e bar que tem eu não entro (é difícil achar um sem mas sempre tem). Tenho 53 e aos 15 já odiava a rede globo. Minhas filhas (17 e 19) nunca assistiram nada da globo e também detestam. Acho que foi porque sempre dei o exemplo.

andre

22/12/2016 - 20h30

Lavagem cerebral e o q esse blogzimho tendencioso de merda faz, nenhuma noticia do acordo de bilhoes da ordebrecht? E o pior e q vcs aqui se acham super inteligentes e informados, Ainda bem q vcs sao a grande minoria, e ao contrario dos antigos q na epoca da ditadura lutaram, so sobrou um bando de frouxo q nao faz nada e fica na internet escrevendo besteira. Falaram q nao ia te golpe, q ia ter luta? Cade? Nao vi nada, ate o mst sumiu, bando de frouxos, ate os coxinhas fizaram mais q vcs na hora de protestar

    migueldorosario

    22/12/2016 - 20h36

    calma, santa. tá nervosinho, por que? os caras dão o golpe e ainda ficam reclamando da gente?

    Marcelo Figueiredo

    24/12/2016 - 04h08

    Globotomizado.

Des

22/12/2016 - 19h45

Aí que a gente vê esse fermento inflar a merda que habita a cabeça do dono de birosca que acha que é burguês.

Com base numa porcaria dessas se vê que grande parte da população não tem possibilidade de saber o que está acontecendo.

Nem o somar de 1+1 de onde origina a própria desgraça será feito daqui três anos.

robertoAP

22/12/2016 - 19h32

Quem assiste à globo e vai na igrejinha ouvir abobrinha, o que ,por si só, já denota falta de inteligência, fica ainda pior, vira um tomate, que é o ingrediente chave do molho preparado pelos aloprados da extrema direita.

Torres

22/12/2016 - 19h19

Penso que existem aqueles que defendem o fim da Globo.
Esses estão sujeitos ao mesmo tratamento.

JRenato M de Barros

22/12/2016 - 18h50

Delenda est Globo.

    Euler

    22/12/2016 - 18h59

    Delenda est Civita. Delenda est Marinho. Delenda est Globo. Delenda est Abril. Delenda est Instituto Milenium.


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