(Charge: Aroeira)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
A Lava Jato é uma operação política, e como tal deve ser analisada.
Claro que análise jurídica é importante, mas esta tornou-se repetitiva e enfadonha.
A última denúncia contra Lula apenas dá sequência ao ridículo das anteriores, trocando o apartamento que não é do Lula por um terreno que nunca foi utilizado pelo Instituto Lula. No site do Lula tem um bom comentário irônico sobre a mais nova diatribe do MPF.
Sérgio Moro, previsivelmente, aceitou a denúncia.
Mas vamos à análise política.
Os integrantes da Lava Jato, ao usarem a estratégia de se aliar à mídia corporativa e, por meio desta, angariar apoio da população para cometer ilegalidades – tudo em nome do combate à corrupção -, colocaram a operação na posição de peça proeminente da política nacional.
Como uma das forças da política brasileira, essa entidade chamada Lava Jato – que na verdade pinta como “combate à corrupção” os interesses políticos do Ministério Público -, naturalmente, tem seus convictos apoiadores e os seus ferrenhos críticos.
Esse fato coloca a Lava Jato em uma situação complicada: a decisão de Moro sobre Lula provocará efeitos imprevisíveis na população.
Caso Moro condene Lula, os apoiadores do ex-presidente e todos os que compreendem que a Lava Jato é uma operação política, cheia de ilegalidades e motor do golpe se revoltarão. A reação nas ruas provavelmente será forte.
Na hipótese improvável de Moro não condenar Lula, os teleguiados pelo oligopólio midiático é que ficarão estupefatos e rapidamente passarão ao estágio da raiva. A reação nas ruas também será forte.
Com os ânimos exaltados e a naturalização de comportamentos fascistas não é difícil prever um cenário em que a raiva e a revolta descambem para a violência.
Uma solução “meio-termo”, que seria condenar Lula para tirá-lo da eleição de 2018 mas não prendê-lo, parece cada vez mais inviável: se a tese de que Lula era o grande líder do esquema de corrupção na Petrobras for aceita por Moro ficará muito difícil não condená-lo à pena de prisão, afinal, se os subordinados do líder do esquema foram presos, como justificar que o próprio líder não vá?
Temos então mais uma consequência nefasta do circo midiático armado em cima da Lava Jato: teremos reações explosivas e possivelmente violentas na sociedade, qualquer que seja a sentença de Moro sobre Lula.
Tudo graças à irresponsabilidade de juiz e procuradores deslumbrados com os holofotes.
Haja batalhão de choque.