“Deterioração dos índices de confiança, taxas em alta, inflação crescendo gradualmente e um provável aumento de poupanças por precaução devido à incerteza e os riscos criados pelo resultado da eleição americana podem minar o dinamismo do consumo privado”, diz relatório
Na Exame
Filme de terror de Trump vem aí, diz presidente do BC do México
O peso mexicano sofreu com a retórica (e a vitória) de Trump, e as coisas podem ficar ainda piores no ano que vem
Por João Pedro Caleiro
Agustín Carstens, presidente do Banco Central do México, disse que Donald Trump pode ser como um filme de terror para o país.
“Fomos ao cinema e vimos os curtas, mas a partir de 20 de janeiro começa a passar o filme”.
A declaração foi dada hoje para um grupo de executivos em Guadalajara, segundo reportagem do El País.
Conhecido como ortodoxo, Carstens anunciou recentemente que deixará a liderança do BC a partir de julho do ano que vem após sete anos no cargo.
O México é um dos principais alvos da retórica de Trump, que já prometeu construir um muro para conter a imigração e ainda mandar a conta para o vizinho.
O NAFTA, acordo regional entre EUA, México e Canadá, também já foi chamado de “desastre” pelo próximo presidente americano.
Recentemente, ele anunciou um acordo com a empresa Carrier para que ela não transferisse uma fábrica (e seus empregos) para o México.
Tudo isso tem levado a uma piora nas projeções de crescimento mexicanas para o ano que vem, com possibilidade de recessão.
O peso mexicano também teve uma queda brutal, pressionando uma inflação que já está alta.
Em resposta, o banco central do México elevou a taxa de juros na última quinta-feira, dia 15, em 0,50 ponto percentual.
Foi a sexta alta em um ano, e veio acima do que esperava o mercado, levando os juros para 5,75%.
Hoje, o país divulgou números positivos de crescimento do varejo e dos salários reais, mas a perspectiva para o futuro é incerta.
“Deterioração dos índices de confiança, taxas em alta, inflação crescendo gradualmente e um provável aumento de poupanças por precaução devido à incerteza e os riscos criados pelo resultado da eleição americana podem minar o dinamismo do consumo privado”, diz um relatório publicado hoje por Alberto Ramos, chefe de pesquisa para América Latina do Goldman Sachs.