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Morre Dom Paulo Evaristo Arns, símbolo da resistência contra ditadura de 1964

Dom Paulo Evaristo Arns  esteve na luta pelos direitos humanos ao longo de sua trajetória. Na ditadura militar, denunciou torturas e liderou protestos. Ele faleceu aos 95 anos, em São Paulo. No Uol Dom Paulo Evaristo Arns, o homem que a ditadura não silenciou Morreu em São Paulo nesta quarta-feira, 14, aos 95 anos o […]

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Dom Paulo Evaristo Arns  esteve na luta pelos direitos humanos ao longo de sua trajetória. Na ditadura militar, denunciou torturas e liderou protestos. Ele faleceu aos 95 anos, em São Paulo.

No Uol

Dom Paulo Evaristo Arns, o homem que a ditadura não silenciou

Morreu em São Paulo nesta quarta-feira, 14, aos 95 anos o cardeal d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Catarina desde 28 de novembro com um quadro de broncopneumonia e nos últimos dias apresentou piora do sistema renal.

Quinto dos 14 filhos que Gabriel Arns e Helena Steiner tiveram, Paulo Evaristo nasceu em 14 de setembro de 1921 na pequena Forquilhinha, na região de Criciúma, antiga colônia de imigrantes alemães em Santa Catarina.

A exemplo do irmão mais velho, frei Crisóstomo, Paulo Evaristo entrou em um seminário franciscano, vocação que o pai agricultor apoiou com entusiasmo, embora tentasse adiar a matrícula o mais possível, só porque as despesas do internato pesavam no orçamento. Das sete irmãs moças, três optariam pelo convento.

“Paulo, nunca se envergonhe de dizer que você é filho de colono”, pediu Gabriel Arns. Muito depois, quando concluía os estudos na Sorbonne com uma tese sobre a técnica do livro segundo São Jerônimo, o frade mandou um telegrama para Forquilhinha. “O filho do colono é doutor pela Universidade de Paris e não se esqueceu da recomendação do pai.”

Atuação

De volta ao Brasil, foi professor de Teologia no seminário franciscano de Petrópolis (RJ), onde trabalhou dez anos em favelas, período que descreveria como o mais feliz da vida. Em maio de 1966, foi nomeado bispo auxiliar do então cardeal de São Paulo, d. Agnelo Rossi, que o designou para a região de Santana, na zona norte.

Dedicava-se aos presos da Casa de Detenção do Carandiru e criava núcleos das comunidades eclesiais de base (Cebs), experiência pioneira na arquidiocese, quando um telefonema do núncio apostólico lhe comunicou que seria o novo arcebispo de São Paulo. Não era um convite, mas uma ordem do papa Paulo VI, que transferira o cardeal Rossi para Roma. Era 1970.

Um ano antes, tivera os primeiros contatos com vítimas do regime militar, início da luta em defesa dos direitos humanos que marcaria sua carreira. Designado pelo cardeal para verificar as condições em que se encontravam os frades dominicanos e outros religiosos na prisão, constatou que eles estavam sendo torturados.

Os militares não gostaram da nomeação de d. Paulo. Quando foi elevado a cardeal, em março de 1973, uma das suas primeiras medidas foi criar a Comissão Justiça e Paz, formada por advogados e outros profissionais, para atender pessoas perseguidas pela ditadura. Funcionava na Cúria Metropolitana, sinônimo de refúgio e esperança para as famílias de mortos e de desaparecidos.

Respeitado e temido, amado e odiado, d. Paulo tornou-se um símbolo de resistência. Denunciou as torturas nos quartéis, visitou presos em suas celas, liderou atos de protestos.

No período mais difícil do regime, procurou o presidente Emílio Medici (Arena), em nome do episcopado paulista, para lhe entregar o documento Não te é lícito, no qual os bispos exigiam o fim das torturas. Medici deu um murro na mesa ao ouvir a advertência do cardeal e o pôs para fora de seu gabinete.

“O senhor fique na sacristia, que nós cuidamos da ordem”, irritou-se o general. D. Paulo pegou de volta o exemplar da Rerum Novarum, a encíclica de Leão XIII que levara de presente, mas fora jogada de lado. Depois disso, só tiveram contatos protocolares.

Em defesa dos direitos humanos, visitava operários, estudantes e políticos nas celas da polícia. Foi numa sala da repressão que conheceu Luiz Inácio Lula da Silva, que havia sido detido após as greves dos metalúrgicos do ABC. Ficaram amigos pelo resto da vida.

Na época, o bispo de Santo André era d. Cláudio Hummes, mais tarde arcebispo de São Paulo, que abrigou nas igrejas da diocese trabalhadores impedidos de se reunir.

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Comentários

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Paulo Ribeiro

15/12/2016 - 09h18

Em poucos dias, as forças progressistas perderam dois de seus maiores expoentes: Fidel Castro e dom Paulo Evaristo Arns. Para os coxinhas, cristianismo e comunismo podem ser consideradas correntes antagônicas, mas tanto Fidel como dom Paulo provaram ao mundo que a matriz revolucionária de ambos os movimentos são extremamente semelhantes e visam o bem comum da humanidade. Jesus Cristo expulsou os vendilhões do templo por meio do uso da força, assim como Fidel lutou contra o imperialismo iaqnque pensando unicamente no seu povo. Dom Paulo Evaristo Arns foi um homem dotado da mais extrema dignidade, aliado de primeira hora do Partido dos Trabalhadores, que marcou o seu nome na História brasileira por marchar sempre ao lado dos desvalidos. Assim como Fidel, dom Paulo tornou-se um dos maiores nomes do século 20 e será sempre reverenciado por todos que acreditam na verdadeira Revolução e na causa dos trabalhadores. Hasta Siempre, companheiro dom Paulo.

ari

14/12/2016 - 19h46

Jovem, eu militava na Ação Católica, passando depois para a Ação Popular. Vibrávamos com o concílio Vaticano II. A igreja abriu-se para o mundo e ensaiou a opção preferencial pelos pobres.

D.Paulo era um. Mas havia outros: Valdir Calheiros, D.Jorge, Casaldáliga, o Bispo de Cratéus/Ce, D. Fragoso, D. Tomás Balduíno. Marcelo Carvalheira, D. Hélder. E aqui perto, falecido há uns 3/4 anos, D. José Rodrigues. Ele dizia que se você encontrasse duas pessoas brigando, que ficasse ao lado da mais fraca. Depois, só depois, procurasse saber a razão da briga.

Com João Paulo II veio a renovação carismática e a igreja tornou-se apenas mais uma como tantas outras mundo afora, pregando o ópio do povo. Pobres passaram a ser úteis apenas como vítimas de sua caridade.

O Papa Francisco, vem resgatar essa igreja, pelo menos em parte, pois a grande maioria do episcopado brasileiro foi escolhida a dedo por João Paulo II e não vai renegar suas origens. Basta olhar para o silêncio gritante da CNBB em relação a tudo que vem ocorrendo no país com um verdadeiro massacre dos excluídos e abandonados

Como diria o profeta Jeremias: “ ele praticou o direito e a Justiça. E tudo corria bem para ele. Ele julgou a causa do pobre e do indigente. Então tudo corria bem. Não é isto conhecer-me? (Jr 22, 15-16)”

Mas mesmo na morte, D. Paulo nos mostra alguma coisa, pois olhar para ele permite-nos ter a exata dimensão dos Temer, Aécio, FHC etc caterva

Hermes

14/12/2016 - 17h35

Infelizmente um COMUNISTA antes de qualquer coisa! Confundiu o Humanismo católico com socialismo marxista. Uma confusão GRAVÍSSIMA. Quase dom Helder, que só olhava pro céu para saber se levava o guarda chuva! Uma VERGONHA. Infelizmente ajudou a infiltrar o comunismo na Igreja Católica do Brasil. O resultado foi a tragédia do socialismo na Igreja brasileira e a fuga de fieis para as igrejas evangelicas em busca da palavra de Deus, que ja nao encontravam na Santa Igreja! Esse com certeza está no purgatório.

enganado

14/12/2016 - 17h26

Pelo texto acima esclarece bem a posição dos militares desde aquelas época até os dias de hoje. Lei que NADA! Constituição que NADA! Patriotismo que NADA! Nós gostamos mesmos é da DIREITA que nos apoia nas torturas/matanças/assassinatos/ … e em troca nós, militares, os apoiamos nas suas ROUBALHEIRAS/FALCATRUAS/SAFADEZAS/… , ou seja, uma mão lava a outra, afinal obedecemos ao mesmo PATRÃO: USraHell, Cabe ressaltar que passados esses anos todos e a coisa continua a mesma, pois o GOLE-2016 só existiu porque o tal exercitUS os apoiou desde o começo. Honestidade / Honradez / ÉTICA / PATRIOTISMO / … / BRASIL não passam de um mero detalhe e não vem ao caso (palavras do patriotíssimo MORO, o condecorado com a MERDAlha do PACIFICADOR). Caríssimo DOM EVARISTO agora sua luta será mais árdua, porque deste outro lado da vida verás muita gente, daqueles que o insultaram lhe pedirem PERDÃO, e terás que perdoá-los pois esta é LEI, perdoará 70 x 7 e/ou qtas vezes forem preciso. AMÉM.


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