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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa
Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho
Hoje é mais um dia de tríplice manchete para Globo, Estado e Folha de São Paulo. “Temer diz que vazamento de delação atrapalha a economia”, afirma a manchete do Estadão. Na Folha, o presidente “critica vazamento e pede rapidez em delações”, e no Globo diz que “vazamento parcial afeta a economia”. Depois da carta do “mi-mi-mi” direcionada a então presidenta Dilma Rousseff, quando se lançou como opção prioritária do golpe para comandar o País, Temer recorre a nova missiva, dessa vez ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para tentar salvar o que resta de seu governo. “Em carta à Procuradoria, presidente tenta rechaçar acordo no qual é citado”, diz o subtítulo da manchete da Folha, que não dá nada na primeira página sobre mais uma denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora no âmbito da Lava Jato. Estadão e Globo, por sua vez, reproduzem fielmente na capa a acusação sem provas do delegado que até pouco tempo atrás, como mostra a foto aí em cima, atacava o ex-presidente e defendia abertamente Aécio Neves nas redes sociais. E depois de ter sua vaidade provocada por um de seus leitores, Ricardo Noblat antecipa, também nas redes sociais, a sentença do juiz Sergio Moro em relação a Lula, o que seria um acinte, crime ou coisa parecida, não fosse ela, a sentença, assim como a atuação do juiz em questão, tão previsível.[/s2If]
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“Lula é indiciado, agora na Lava-Jato”, diz a chamada na primeira página do Globo em que, no texto embaixo, “a PF indiciou o ex-presidente Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o ex-ministro Antonio Palocci e outras quatro pessoas em dois inquéritos da Lava-Jato”. “Lula foi indiciado por corrupção”, completa o texto da chamada, sem a informação que o Estadão publica na capa, em vermelho, que “Moro bate bota com advogado”.
No Globo, é só na página interna, no fim do texto, que o leitor fica sabendo que “o juiz Sérgio Moro e os advogados de Lula voltaram a bater boca ontem, em audiência de testemunhas no processo em que o petista é acusado na Lava-Jato”. Segundo o jornal, “Moro chegou a gritar, dirigindo-se ao advogado Juarez Cirino dos Santos. O juiz havia rejeitado o protesto da defesa contra uma pergunta feita pelo Ministério Público a uma testemunha e determinou que não fossem feitas novas intervenções. ‘Doutor, está sendo inconveniente. Já foi indeferida sua questão. Já está registrada, e o senhor respeite o juízo!’, gritou” Moro.
Um descontrole que talvez, quem sabe, pode estar relacionado à matéria que só a Folha publica hoje, no pé de uma página interna, embaixo de um anúncio e do título anunciando que “livro de advogados reúne artigos em defesa de Lula”. “Obra com ensaios de personalidades do mundo jurídico integra campanha em prol de ex-presidente, que incluiu recurso à ONU”, avisa o subtítulo. Também não há nas primeiras páginas dos jornais carioca e paulista nenhuma linha sobre a defesa do ex-presidente, nem sobre a nota do Instituto Lula em resposta às “acusações sem qualquer base”. A nota lembra que “o governo brasileiro tem até o dia 27 de janeiro para responder contra os abusos de autoridade cometidos com fins políticos contra o ex-presidente da República.”
Reproduzida pelo Brasil 247, a nota começa dizendo que “o delegado Márcio Anselmo e a Operação Lava-Jato perderam hoje qualquer pudor ou senso de ridículo” ao apresentar a denúncia. E segue lembrando que “o delegado, que já emitiu ataques ao ex-presidente no Facebook dizendo que ‘alguém precisa parar essa anta’, e defendeu o candidato Aécio Neves, ao invés de se declarar suspeito para atuar nos casos envolvendo o ex-Presidente, apresenta um relatório sem qualquer base factual e legal ou fundamento lógico”.
Nada disso aparece na matéria do Globo, que limita-se a informar que “em relação ao indiciamento, o Instituto Lula informou que o ex-presidente aluga o apartamento vizinho ao seu. Acrescentou que o instituto funciona no mesmo local há anos e que nunca foi proprietário do terreno em questão”. “Já a defesa do ex-presidente”, segundo o jornal carioca, “afirmou que a transação envolvendo o terreno onde supostamente seria edificado o Instituto Lula é um ‘delírio acusatório’”.
Também não há qualquer registro no Globo ou no Estadão sobre o trecho da nota do Instituto Lula a lembrar que “o relatório sai no mesmo dia em que pesquisas revelam que Lula lidera a corrida presidencial, e quando outro processo fútil da Lava Jato, sobre um tríplex do Guarujá que tentam atribuir a propriedade ao ex-presidente e alguma relação com desvios da Petrobras, tem suas testemunhas afirmando que Lula e sua família jamais tiveram as chaves do tal apartamento ou sua propriedade”.
Nada que impeça Sergio Moro de agir, nesse caso, da maneira que aliados e amigos, como Aécio Neves, esperam dele. Por isso o colunista do Globo Ricardo Noblat não se acanha em contar logo qual será a sentença do ex-presidente, antes do juiz do caso. Ao ser questionado por um seguidor no Twitter, que cobrava uma notícia ‘exclusiva’ de Noblat, o colunista respondeu: “Moro condenará Lula no início do ano. Mas não mandará prendê-lo. Satisfeito?”.
Não há provas, todas as testemunhas inocentam Lula e mesmo assim Noblat crava que o ex-presidente será condenado. E assim chegamos ao tempo em que sentenças de juízes são antecipadas, com toda a certeza, pela grande mídia, o que, dada a conjuntura atual, não é nada surpreendente. Não é preciso ser jornalista nem muito versado nos trâmites do Judiciário para apostar que Moro condenará Lula. Agora, quando Noblat afirma que o juiz amigo, parceiro de Aécio Neves não mandará prender o ex-presidente, pode-se imaginar que o recuo tem relação com a pesquisa Datafolha divulgada no domingo, mostrando o crescimento constante de Lula nas pesquisas, mais um motivo para que a grande mídia bata cabeça, desnorteada com os rumos do golpe.
Em seu editorial principal de hoje o Globo parece não ter qualquer dúvida de que “não há alternativa fora da Constituição”, como afirma o título do texto em que o jornal afirma que, “caso o governo Temer se inviabilize, não há por que inventar soluções quando a Carta prevê todas as possibilidades de escolha de novo presidente”. “Caso a gestão de Temer seja interrompida depois do dia 31, quando chega ao fim a primeira parte do mandato no qual ele foi investido presidente, seu substituto será escolhido em eleição indireta, realizada em até 30 dias após ter sido declarado vago o cargo. Pode concorrer todo brasileiro nato, com mais de 35 anos”, conclui o jornal, com a convicção que uma de suas principais colunistas não demonstra.
“Incerteza extrema” é o título da coluna de Míriam Leitão de hoje. “O país entra em terreno de extrema incerteza. Há dúvidas sobre o tempo em que o presidente Michel Temer ficará no cargo e o que virá depois. Em um contexto assim, não faz sentido achar que um pacote salvador virá da economia. As medidas podem ajudar a melhorar o ambiente de negócios se forem acertadas, mas é na política que o governo precisa tentar se sustentar”, afirma a colunista.
Míriam continua afirmando que “mesmo que as lacunas sejam resolvidas com decisões no Congresso, a grande dúvida permanece: o país tolerará que esse Congresso, depois de tantas e tão disseminadas denúncias, eleja o presidente do Brasil? Talvez seja mais do que se possa pedir aos brasileiros.” E no dia da votação em segundo turno da PEC do teto dos gastos públicos no Senado, a Folha recorre ao mesmo Datafolha que mostra o crescimento constante de Lula para informar, na chamada no alto da capa, que “60% são contra a aprovação do teto dos gastos públicos”.
“Ainda de acordo com o instituto”, segundo a capa da Folha, “a reprovação ao Congresso se igualou a um nível recorde: 58% consideram ruim ou péssimo o desempenho do Legislativo”. Indo na direção contrária ao editorial de seu jornal, Míriam Leitão afirma que “mesmo o quadro sendo turvo, é muito melhor que seja uma eleição direta do que a escolha por um Congresso com tantos parlamentares sob suspeição”. “Nesse ponto”, lembra a colunista, “é que entra a PEC de Miro Teixeira que cria a possibilidade de eleição direta mesmo na segunda metade do mandato. Indireta seria apenas nos últimos seis meses. Ela nos livra do cenário de uma eleição indireta.”
E se a Folha, no editorial cujo título é “Forte revés”, diz que “citado em delação premiada e com popularidade em queda, Temer precisa acelerar agenda econômica antes que a crise política a contamine”, outro colunista do jornal paulista é ainda mais enfático que Míriam Leitão. “Fora, Temer”, diz Mario Sergio Conti logo no título do texto no qual afirma que “presidente é hoje o obstáculo maior à normalidade democrática e à racionalidade econômica”.
Na primeira frase, Conti afirma que “o bunker brasiliense recebeu o seu último bloco de concreto no Dia do Fico de Renan Calheiros na Presidência do Senado”. E no último parágrafo diz que “só um presidente com voto pode dar alento à vida nacional. Eleito com base em ideias para tirar o Brasil do buraco, ele poderá governar de verdade, abreviando o suplício nacional. Fora, Temer”.
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