Arpeggio – coluna política diária
Por Miguel do Rosário
A Lava Jato, estrategicamente depois do golpe, e sob pressão das redes sociais para apresentar material contra o PSDB, articulou delações contra tucanos.
Não é novidade. A Lava Jato faz isso desde o início. Sempre que se vê sob críticas de perseguir um partido, vaza delações contra tucanos. É um contra-ataque de grande efeito moral, que muda a química das críticas por alguns dias.
A narrativa do chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, no entanto, de que Lula seria o chefe de tudo, se torna cada vez mais surreal. Mas isso não vem ao caso, visto que o surrealismo se tornou a estética dominante da política brasileira, nesses tempos de pós-verdade, inaugurados desde o início das campanhas jurídico-midiáticas, e aperfeiçoados com genialidade pela Lava Jato.
Como é possível que Lula fosse o “comandante máximo” da corrupção na Petrobrás se um dos principais recebedores de propina era Geraldo Alckmin, do PSDB? Lula era o chefe oculto do PSDB?
Depois de destruir a economia nacional, subsidiar o golpe no país, quebrar as grandes empresas de engenharia e obrigá-las, como está fazendo a Odebrecht, a vender seus ativos a fundos estrangeiros, a Lava Jato descobre essa grande novidade: que havia caixa 2 no Brasil.
Se a mídia e a justiça queriam descobrir o caixa 2 do PSDB, não precisavam ter causado tanta destruição. Bastava terem lido o livro de Amaury Ribeiro Junior, a Privataria Tucana.
A delação contra Alckmin, estrategicamente, vem depois das eleições municipais.
É tudo tão calculado e previsível! Quando as críticas à Lava Jato atingem um nível considerado perigoso para o futuro da operação, seus consultores de marketing e analistas de mídia, sugerem que se solte informação contra tucanos para que recupere o prestígio.
Como não haverá uma “campanha” coordenada da mídia para usar aquela delação: não haverá 10 minutos no Jornal Nacional, não haverá prisões preventivas de tesoureiros tucanos (ou se houver, será tardiamente), então a narrativa permanece firme.
A Lava Jato é mais do que uma operação imperialista em solo brasileiro. É uma operação de inteligência. São ingênuos os que acham que haverá qualquer mudança se houver delação ou prisão de tucanos. Aécio já foi delatado várias vezes na Lava Jato e aí está ele, aos beijos com Sergio Moro no evento da Istoé.
Nessa operação, o interesse a ser perseguido não é exatamente o do PSDB, e sim o interesse dos patrões do PSDB, o mercado financeiro, os rentistas, e o objetivo principal é explodir a classe política como um todo, para fazer emergir a juristocracia, um país dominado por juízes aliados à mídia e aos interesses internacionais.