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Exclusivo! O preço do prêmio Istoé para Temer: verba federal para revistonas cresce mais de 1.000% em 2016

Arpeggio – coluna política diária Por Miguel do Rosário Já dizia um filósofo muito antigo: não existe almoço grátis. Em se tratando de prêmio de revista para o presidente Temer e o juiz Sergio Moro, esse ditado nunca fez tanto sentido. As revistas engajadas no golpe não estão passando pela mesma crise que assola o […]

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Arpeggio – coluna política diária

Por Miguel do Rosário

Já dizia um filósofo muito antigo: não existe almoço grátis.

Em se tratando de prêmio de revista para o presidente Temer e o juiz Sergio Moro, esse ditado nunca fez tanto sentido.

As revistas engajadas no golpe não estão passando pela mesma crise que assola o resto da economia brasileira, como servidores não-pagos, municípios e estados em situação de calamidade, desemprego em massa, indústrias fechando.

Nada disso! A crise fiscal, definitivamente, passa longe da imprensa chapa-branca que apoiou o golpe e hoje sustenta o governo.

A publicidade federal dos ministérios e da presidência da república nestes sete meses de golpe, já cresceu 21% sobre o ano anterior.

Mas é quando se detalha para onde vai essa verba é que chegamos a números surpreendentes.

O aumento de recursos federais para a revista Caras saiu de zero para R$ 1,33 milhão de reais, na comparação de maio/novembro 2016 com o mesmo período do ano anterior.

Para a Veja, o aumento foi de 485%.

Para a Época, que pertence à Globo, o aumento foi de 935%.

Para a Istoé, que concedeu o prêmio de “homem do ano” para Temer e outro prêmio qualquer a Sergio Moro, o crescimento dos pixulecos federais foi de 340%.

No total, as quatro revistonas do golpe (Caras, Veja, Época e Istoé) receberam R$ 3,0 milhões de maio a novembro de 2016, mais de 1000% a mais do que receberam no mesmo período de 2015.

(Talvez seja interessante lembrar aqui que Caras e Veja hoje partilham dos mesmos donos).

Eu compilei também os dados do mesmo período de 2013, porque o ano de 2015 me pareceu atípico. Por um desses mistérios de Fátima, o governo Dilma reduziu drasticamente as verbas de publicidade federal justamente no ano em que mais deveria ter usado essa arma para se defender contra a campanha de desestabilização que atingiu o grau máximo naquele ano.

O ano de 2014 teve eleição presidencial e, portanto, restrição de gastos com publicidade, então também preferi deixá-lo de fora.

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Na sequência de reportagens sobre o tema que eu publiquei há alguns meses, alguns críticos afirmaram que esses números não queriam dizer muita coisa porque o orçamento fora aprovado pelo governo anterior, ou seja, por Dilma. Não é verdade. Tanto não é verdade que o governo Temer fez um tremendo estardalhaço para dizer que estava suspendendo e cancelando qualquer contrato ou pagamento de publicidade com veículos críticos ao governo. A imprensa requentou essa notícia durante seis meses, tentando atingir os blogs. Além disso, nota-se que as transferências de recursos federais, via publicidade, para os órgãos de mídia, estão crescendo mês a mês, provavelmente porque a parceria comercial e política entre mídia e governo foi se consolidando com o tempo.

Esses números são públicos e podem ser conferidos por qualquer pessoa no site da Secom. O único trabalho é compilar algumas centenas, às vezes milhares de contratos.

É importante observar que eles não incluem as despesas com publicidade das estatais, como Caixa, Banco do Brasil e Petrobrás.  A Caixa é uma das maiores anunciantes do país e pode-se já olhar na grande mídia que não está faltando publicidade dela no momento.

Aliás, outro fator que merece atenção é que a Caixa, assim que muda a gestão do governo, começa subitamente a apresentar fortes prejuízos. Mas como o governo é amigo e a imprensa é chapa-branca, ninguém critica, e a população não sabe de nada.

O Brasil se tornou uma imensa prisão política, onde as notícias são filtradas várias vezes antes de chegar às pessoas, para que a narrativa do golpe não seja prejudicada.

Vide a entrevista com a presidenta Dilma publicada hoje no Financial Times.

O FT se interessa mais pelas opiniões da presidenta eleita do que a imprensa brasileira.

Os números da Secom explicam boa parte desse comportamento.

***

Sobre o imbróglio entre Senado, ou mais particularmente, entre Renan Calheiros, presidente do Senado, e o Supremo Tribunal Federal (STF), o vencedor da disputa foi o status quo. Nada mudou. Renan usou a lei de abuso de autoridade para chantagear as castas judiciais, que tentaram apeá-lo da presidência do Senado também como forma de chantagem, e o resultado foi uma linda harmonia entre poderes corruptos.

Renan tirou da pauta o projeto de Abuso de Autoridade e se comprometeu a votar logo a PEC 55, que congela os gastos com saúde, educação, pesquisa e investimentos, por vinte anos, e o STF se deu por satisfeito.

Não há mocinho nessa história. Senado e Judiciário se tornaram instâncias delinquentes, fora-da-lei. Vale tudo para manter os privilégios e jogar a conta da crise no lombo da classe trabalhadora. E a mídia? A mídia elege Temer e Moro, os dois principais culpados pelo buraco em que o país se enfiou, como os “homens do ano”.

Em qualquer país civilizado, haveria a tentativa de oferecer um debate minimamente equilibrado ao público. O relatório da União Europeia para liberdade de expressão menciona com destaque a necessidade da pluralidade das opiniões, para que o regime seja democrático.

Aqui, mídia, judiciário e governo se unem para censurar veículos críticos enquanto participam de rega-bofes da revista Istoé.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Fabio Pie Bronzeli

11/12/2016 - 16h47

Sério mesmo que o PMDB(lixo) está pagando a mídia chapa branca para fazer denuncias e matérias contra eles mesmos?
Será que não é muita teoria da conspiração para reforçar a fábula do golpe e as peripécias da coligação PT-PMDB?
Alguém poderia dizer qual foi o volume de investimentos em publicidade nos governos anteriores?

Jonas Reis da Cruz

09/12/2016 - 12h14

“Já dizia um filósofo muito antigo: não existe almoço grátis”.Grande Sacada!

Martins Andrade

08/12/2016 - 22h38

O pai do Juiz Sergio Moro deve estar morto de feliz.
Um dos fundadores do PSDB do Paraná, deve estar pensando com seus botões: essa é a turma de meu filho!
É junto desses aí, que ele deve se sentir bem!

José Junior Santos

08/12/2016 - 19h00

Será que não diminuiu em 2015 porque precisava economizar?

    Adilson s

    08/12/2016 - 19h53

    E em 2016 pode gastar a vontade?

      José Junior Santos

      08/12/2016 - 22h20

      Foi a Dilma?


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