(foto: José Cruz/Agência Brasil)
Por Cláudio da Costa Oliveira, colunista do Cafezinho
O ministro do TCU José Múcio Monteiro, ex-deputado federal pelo PFL,DEM, PSDB e PTB, foi quem , em abril deste ano, elaborou o relatório que classificou as chamadas “pedaladas fiscais” como crime de responsabilidade e serviu de base para o PSDB iniciar o processo de impeachment da presidente Dilma Roussef.
Este mesmo ministro foi indicado como relator do TCU no processo Lava Jato e relata também as vendas de ativos que vem sendo feitas pela Petrobrás.
Já há algum tempo venho denunciando a forma com que a empresa vem se desfazendo de seu patrimônio de forma açodada, dirigida, sem concorrência, sem transparência ou seja : ao arrepio da lei.
Agora , no mês de novembro, tivemos notícia de que um relatório elaborado por auditores do TCU, apontava para irregularidades nos processos adotados pela Petrobrás na venda de ativos no exterior. Segundo os auditores foi identificada a possibilidade de direcionamento na escolha dos compradores, pois poucos interessados são informados dos negócios. Os técnicos informaram que não há uma política de negociação clara.
Na sessão desta quarta-feira, 7, seguindo entendimento do relator José Múcio, o TCU proibiu a Petrobrás de vender ativos e empresas por tempo indeterminado.
A Corte no entanto, atendeu pedido da companhia e permitiu que sejam concluídas cinco alienações, que estão em fase de conclusão e podem gerar receitas de US$ 3 bilhões. A Petrobras não detalhou quais são estes ativos batizados de Paraty 1, Paraty 3, Opera, Portfolio 1 e Sabará.
O que gostaríamos de saber é que importância tem US$ 3 bilhões para uma empresa que tem em caixa US$ 20 bilhões?
Que importância tem US$ 3 bilhões para uma empresa que recebeu um cheque especial do Banco de Desenvolvimento da China de US$ 10 bilhões, sem exigências de contrapartidas, e não utilizou?
O que gostaríamos de saber é o por que da pressa?
Seguindo a linha dos negócios feitos até o momento, estes US$ 3 bilhões devem valer mais de US$ 15 bilhões. Será que o TCU analisou isto?
A Petrobrás, satisfeita com a decisão do TCU, informou em nota que “já está revisando sua sistemática de desinvestimentos e se compromete com os aperfeiçoamentos recomendados pelo TCU e demais órgãos de controle”
Será que está querendo dizer que “o que passou , passou”?
Já o ministro relator José Múcio Monteiro, se mostrou um ferrenho defensor do plano de desinvestimentos da Petrobrás e destacou que é indiscutível que a situação financeira da empresa requer ações imediatas e efetivas “o sucesso da política de desinvestimentos da companhia é sabidamente fator determinante para sua recuperação econômica”.
Esta afirmação absurda só pode vir de uma pessoa que não se dignou a analisar os balanços da empresa, ou então é má intencionada.
Em seu voto, Múcio afirma também que as ações de desinvestimentos da Petrobrás “buscam aumentar a liquidez de curto prazo da companhia, com o intuito de reduzir a alavancagem”.
Uma frase sem nenhuma sustentação técnica e que parece ter sido escrita pelo próprio Pedro Parente. É fantástico.