Por Cláudio da Costa Oliveira, colunista do Cafezinho
Conforme já havia alertado em artigos anteriores, o aumento nos preços da gasolina e do diesel feito ontem pela Petrobras, tem um significado especial, pois mostra que a empresa acabou com a concorrência que vinha sofrendo por parte de importadores independentes.
A queda do preço internacional do petróleo, seguida da valorização do Real frente ao Dólar, ocorridas em 2016, fez com que grandes distribuidoras de combustíveis no Brasil (Ipiranga e Shell) viabilizassem a importação direta de gasolina e diesel, ao invés de adquirir da Petrobras.
Com isto, no final do terceiro trimestre de 2016, a Petrobras já estava perdendo 20% do seu principal e mais lucrativo mercado.
A reação da companhia foi a redução dos preços no mercado interno, para inviabilizar a importação por terceiros. Isto foi feito em duas etapas que mataram a concorrência.
Como foi concedido pelo governo federal ao atual presidente da empresa Pedro Parente, o poder de estabelecer os preços no mercado interno, foi criada uma política de preços bem simples e de fácil entendimento: manter os preços sempre os mais altos possível, no limite para inviabilizar a importação por terceiros.
A empresa aparentemente busca confundir a opinião pública quando tenta explicar sua atual política de preços. Fala em diversos pontos que são verdadeiros, como câmbio e preço internacional, mas não explica nada.
O fato é que o recente aumento no preço do petróleo, causado pelo acordo da OPEP, acompanhado pela desvalorização do real, causada pela vitória do Trump, permitiram o aumento anunciado ontem, que evidentemente foi feito dentro do limite para inviabilizar a importação por terceiros.
Por “inviabilizar a importação por terceiros” entenda-se que a Petrobras vai calcular o custo que um terceiro tem para importar o combustível considerando : câmbio, preço internacional, logística ( transporte, armazenagem etc.), gastos com internação do produto (impostos, taxas etc). Conhecido este custo, o preço da Petrobras será sempre um pouco inferior a ele, o que inviabiliza a importação por terceiros. Mas o preço que o consumidor brasileiro vai pagar será sempre superior ao que será pago em outros países pelo mesmo produto.
È muito fácil administrar uma empresa que tem um mercado cativo de mais de 200 milhões de pessoas e o poder de estabelecer o preço de venda dos seus produtos sempre no limite superior.
Isto está bem em linha com o atual PNG 2017/2021 cuja principal meta é atingir o índice de alavancagem 2,5 exigido por Wall Street.
O preço de venda assim estabelecido vai maximizar a geração de caixa, tal qual a redução dos investimentos e a venda de ativos feita ao arrepio da lei.