Odebrecht pede desculpas com anúncio na Globo

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(Foto: Istoé. Jantar organizado por João Dória, com Marcelo Odebrecht, para alavancar a campanha de Aécio Neves, em 2014).

Arpeggio – coluna política diária

Por Miguel do Rosário

A Odebrecht pediu desculpas. Em anúncio pago no jornal O Globo, claro. E se comprometeu a pagar R$ 6,8 bilhões de multa ao Brasil, Estados Unidos e Suíça, ao longo de 23 anos. Após o acordo, poderá voltar a fazer negócios com o governo.

Em seu último relatório financeiro divulgado para investidores, a companhia anunciava um lucro líquido recorde: R$ 498 milhões. Mas é na Receita Bruta que a empresa tinha números realmente impressionantes. Em 2014, a receita bruta foi de R$ 108 bilhões.

Toda essa força, no entanto, em empalidece diante dos números da Globo para 2015. Conforme informado em seu relatório para investidores, a Globo registrou um lucro líquido em 2015 de R$ 3,06 bilhões, o significa um valor mais de seis vezes maior que o lucro da maior empreiteira nacional.

Enquanto os lucros da Odebrecht são distribuídos para uma quantidade enorme de acionistas, os recursos da Globo permanecem concentrados de maneira espetacular em mãos dos três filhos de Roberto Marinho.

Segundo informações no próprio site da Globo, o império dos Marinho é a décima quarta maior empresa de mídia no mundo, à frente do Yahoo, Time Warner, Microsoft. As únicas companhias não-americanas à frente da Globo foram a gigante alemã Bertelsman, a maior editora do mundo que fala inglês, e a Baidu, cujo principal ativo é um serviço de buscas em chinês.

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Confira a lista das 30 maiores empresas de mídia do mundo:

1. Alphabet
2. The Walt Disney Company
3. Comcast
4. 21st Century Fox
5. Facebook
6. Bertelsmann
7. Viacom
8. CBS Corporation
9. Baidu
10. News Corporation
11. Advance Publications
12. iHeartMedia Inc.
13. Discovery Communications
14. Grupo Globo
15. Yahoo
16. Time Warner
17. Microsoft
18. Asahi Shimbun Company
10. Fox 19 CCTV
20. Hearst Corporation
21. JC Decaux
22. Axel Springer
23. Mediaset
24. ITV plc
25. Fuji Media Holdings
26. Hubert Burda Media
27. Gannett
28. ProSiebenSat. 1
29. Yomiuri Shimbun Holdings
30. Time Inc.

A posição da Globo à frente da Time Warner, a principal financiadora da Globo no início de sua incursão no mercado de tv, mostra que a ditadura e o monopólio fizeram muito bem à modesta empresa que Roberto Marinho herdou de seu pai.

É importante ressaltar, porém, que o poder da Bertelsmann na Alemanha é limitado, pois apesar da grandeza da companhia, ela não possui os maiores canais de tv do próprio país, onde há tvs públicas muito fortes, incluindo a ARD (que controla a DW) e a ZDF.

ARD e ZDF compraram os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2018, como sempre fazem. Na Alemanha, locomotiva do capitalismo europeu, quarta potência mundial, a tv pública, assim como a regulamentação da mídia, são fatores essenciais.

A União Europeia, autoridade principal do continente, tem rígidas orientações em prol da liberdade de expressão. No site da UE sobre o tema, é dito que “a liberdade de expressão apenas pode ser exercida num ambiente de liberdade e pluralidade, incluindo através de uma regulamentação dos meios por órgãos independentes”.

Nos Estados Unidos, pode-se ver que há vários grandes grupos concorrendo entre si. Além disso, nos EUA também há uma rígida regulamentação da mídia, sob controle da ultrapoderosa e independente FCC (Federal Communications Comission).

A FCC proíbe qualquer grupo de TV de atingir, somando todos seus canais, uma audiência superior a 39% dos lares americanos.

Por que as lideranças políticas de esquerda jamais subsidiaram seus discursos sobre mídia com dados concretos sobre a regulamentação da mídia nos Estados Unidos, Europa, Inglaterra e Japão?

O tamanho da Globo em relação ao Brasil e o monopólio por ela exercido num mercado totalmente desregulamentado obstrui a entrada de novos atores no ramo da comunicação e, com isso, produz uma distorção na democracia. Tudo isso gera reflexos extremamente negativos para a economia, na medida em que o monopólio encarece a publicidade, ao mesmo tempo que empobrece o seu alcance. E reflexos negativos para a democracia, pois a ausência de pluralidade de ideias sufoca o debate político e, portanto, a liberdade de expressão.

Se a Lava Jato considera que havia um cartel de 16 empresas (!) no mercado de engenharia e construção pesada, como classificar o universo midiático brasileiro, dominando basicamente por um só grupo, cujo tamanho é totalmente desproporcional em relação a seus concorrentes?

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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