Em julgamento da Lava-Jato realizado ontem, 30, em que Eduardo Cunha é acusado de receber vantagens dos desvios na Petrobrás, o juiz Sérgio Moro manteve sua caça à Lula. Convocado na condição de testemunha, o ex-presidente se defendeu quando questionado se tinha conhecimento da corrupção na Petrobras e da cobrança de propina nas diretorias.
A defesa de Eduardo Cunha buscou desassociar o ex-deputado das escolhas na diretoria da estatal, ainda que Lula tenha afirmado: “Eu acredito que [quem indicou Zelada] tenha sido o PMDB, da mesma forma que o Cerveró foi indicado. (…)
Todos presentes na audiência sabiam que o líder do PMDB até pouco tempo era Eduardo Cunha.
A estratégia de Cunha ganhou respaldo do juiz Sérgio Moro, que tenta há algum tempo culpar Lula pelas indicações para as diretorias da Petrobrás. Mesmo na ausência de provas, para os procuradores da Lava Jato, vide o Power Point de Dallagnol, Lula era o “maestro” da chamada “propinocracia”.
O depoimento do ex-presidente sobre nomeações, no entanto, foi enfático : “o Conselho Administrativo da companhia de petróleo tinha o verdadeiro poder nesses casos”.
Sobre a nomeação de de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Lula disse: “A nomeação de Cerveró se deu da mesma forma que outros membros da Petrobrás, ou seja, a indicação foi feita em alguma conversa de um ministro da área com um partido ou a bancada do partido que fez a coalizão com o governo. Essa pessoa vem através do ministro das Relações Institucionais da Casa Civil, que manda para ao GSI. Se não tiver nada contra essa pessoa, ela é indicada para o Conselho Administrativo da Petrobras, que é quem nomeia, na verdade, o Cerveró ou qualquer outro dirigente”.
Se há uma lista de premissas irrevogáveis para o funcionamento de uma democracia, o Estado Democrático de Direito é quem encabeça este quadro. Acontece que no Brasil um grupo de paladinos da justiça acredita que na luta contra corrupção os fins justificam os meios, o que possivelmente deixaria Maquiavel extremamente orgulhoso com o judiciário brasileiro. Enquanto isso…