Não bastasse a cruzada da moralidade contra a corrupção que, como dizem historiadores, relembra os tempos pré-ditadura de 1964, a Petrobrás vendeu a Liquigás Distribuidora S.A. para Companhia Ultragaz S.A., empresa remanescente dos anos de chumbo que visava investigar e caçar grupos da guerrilha de esquerda que atuavam no Brasil.
No site da ANP
Distribuidora de gás da Petrobrás é vendida para grupo que financiou tortura no Brasil
Segundo informa a Petrobrás, o Conselho de Administração aprovou, em reunião realizada no último dia 17 de novembro, a assinatura do contrato para venda da Liquigás Distribuidora S.A. para Companhia Ultragaz S.A., subsidiária da Ultrapar Participações S.A.
A negociação da Liquigas faz parte do processo de desinvestimentos da Petrobrás. O valor total da venda corresponde a um Valor da Empresa de R$ 2,8 bilhões. O valor a ser pago será corrigido pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI), entre as datas de assinatura e de fechamento da operação. O valor ainda estará sujeito a ajustes em razão das variações de capital de giro e da posição da dívida líquida da Liquigás entre 31/12/2015 e a data de fechamento da transação.
Até o momento, a empresa anunciou operações que chegam a US$ 9,8 bilhões, cerca de 65% da meta para o período 2015-2016.
Para o biênio 2017-2018, o plano de negócio da Petrobrás estabeleceu uma meta adicional de venda de ativos de US$ 19,5 bilhões. Além da Liquigás, então dentro dos planos a negociação da BR Distribuidora, da Petroquímica de Suape, e sua participação na Braskem, entre outros.
A Ultrapar é uma companhia multinegócios com atuação em varejo e distribuição especializada, por meio da Ultragaz, Ipiranga e Extrafarma, na indústria de especialidades químicas, com a Oxiteno, e no segmento de armazenagem para granéis líquidos, por meio da Ultracargo, é um dos maiores grupos empresariais brasileiros. Com um quadro de 14 mil funcionários diretos, a Ultrapar detém operações em todo o território brasileiro e possui, através da Oxiteno, unidades industriais nos Estados Unidos, no Uruguai, no México e na Venezuela e escritórios comerciais na Argentina, na Bélgica, na China e na Colômbia.
Grupo empresarial tem um passado de colaboração com a Ditadura
No passado, durante a Ditadura Militar, o grupo Ultra foi um dos principais colaboradores da Operação Bandeirantes (OBAN), uma ação do Exército brasileiro financiada por grupos empresariais vinculados a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), que visava investigar e caçar grupos da guerrilha de esquerda que atuavam no Brasil contra a Ditadura Civil Militar. A colaboração do grupo Ultra com a Ditadura é relatada no documentário ‘Cidadão Boilesen’, de Chaim Litewski, de 2009. O filme aborda a trajetória do dinamarquês Albert Hening Boilesen, presidente do grupo, que segundo depoimentos dados por militantes à película, participava de interrogatórios e sessões de tortura realizadas na sede da OBAN em São Paulo a partir de 1969.
Boillesen acabou assassinado por militantes do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) e da Ação Libertadora Nacional (ALN) em 15 de abril de 1971, na cidade de São Paulo, em ação planejada como represália a seu envolvimento na repressão.
Fonte: Fonte Fatos e Dados e Memórias da Ditadura