Por Theo Rodrigues
O cenário para a eleição presidencial francesa de 2017 está praticamente montado.
Neste domingo, a centro-direita francesa definiu seu nome para a disputa.
François Fillon será o candidato dos Republicanos, a ex-UMP, nas eleições presidenciais de 2017.
Nas prévias do partido, que envolveram cerca de 4 milhões de franceses, Fillon superou no primeiro turno o ex-presidente Nicolas Sarkozy e no segundo turno Alain Juppé.
Liberal na economia e conservador nos costumes, Fillon representa um eleitorado católico que é contra o casamento homossexual, por exemplo.
Na extrema direita do espectro político já é certo que a candidata será Marine Le Pen pela Frente Nacional.
Com um discurso exaustivamente nacionalista e xenófobo, não há como deixar de comparar a campanha de Le Pen com a de Donald Trump nos Estados Unidos.
Seu nome, inclusive, é um dos mais certos para ir ao segundo turno da eleição presidencial.
Na esquerda, Jean-Luc Mélenchon anunciou que será o candidato da Front de Gauche.
Formada em 2008, a Front de Gauche é uma frente que reúne o Partido de Esquerda de Mélenchon, o Partido Comunista Francês e diversos outros partidos menores.
Com um discurso em defesa de uma assembleia constituinte que inaugure a 6ª. República no país, Mélenchon é a liderança política que mais tem conseguido mobilizar a esquerda nas ruas.
O grande mistério até aqui reside no Partido Socialista.
O atual presidente, François Hollande, mantem uma popularidade muito baixa, e ainda há dúvidas se seu nome constará das prévias do partido que estão marcadas para janeiro.
O mesmo ocorre com o primeiro ministro socialista, Manuel Valls, que ainda não se decidiu sobre sua participação nas prévias.
Assim, quem irá ao segundo turno contra Le Pen? Mantidas as atuais condições de temperatura e pressão social, Fillon seria hoje o nome.
Mas um segundo turno entre dois candidatos da direita do espectro político seria péssimo para o debate público no país.
Por isso, cada vez mais, é necessária uma pressão internacional para que a esquerda francesa pense em sua unidade para o futuro do país.
A realização de prévias que possam gerar um candidato único do Partido Socialista e da Front de Gauche pode vir a ser essa saída.
Na prática, isso significaria incluir o nome de Mélanchon nas prévias de janeiro.
No entanto, para que isso aconteça, Mélenchon precisa abrir mão de seu sectarismo e o PS de sua moderação exacerbada.
Ainda que a considere improvável, essa é a minha torcida.
Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.