Por Cláudio da Costa Oliveira, colunista do O Cafezinho
Na Wikipedia nós encontramos: “Em finanças, alavancagem (em inglês leverage), é um termo genérico que designa qualquer técnica utilizada para multiplicar a rentabilidade através de endividamento”.
Isto significa dizer que se você tem um projeto para desenvolver e não tem recursos próprios, vale a pena se endividar, desde que o retorno do projeto seja superior ao custo (juros) do empréstimo. Muito simples.
No caso da Petrobras o projeto é o pré-sal, cujo retorno é muito superior ao custo de qualquer empréstimo, mesmo sem “grau de investimento”, principalmente com um custo de extração de U$ 10. Portanto, vale a pena captar empréstimo para aplicar no pré-sal. Isto é válido para a Petrobras, como para qualquer outra petroleira.
Conforme informa a própria Petrobras, para atingir a alavancagem 2,5 (vide nota explicativa) o PNG 2017/2021 estabeleceu dois alicerces:
- Redução dos investimentos.
- Venda de ativos.
Ora, o difícil foi descobrir as grandes reservas do pré-sal. Feita a descoberta, viabilizado o negócio, o investimento tem de ser feito. Que sentido existe em reduzir os investimentos para atingir um índice contábil, estabelecido por Wall Street? Oferta de recursos existe em abundância para uma empresa que tem as reservas, ainda não contabilizadas, que a Petrobras tem.
Mas não, o PNG 2017/2017 só prevê investimentos em E&P naquilo que já está explorado. Novas explorações serão entregues às petroleiras estrangeiras como ocorreu com o campo de Carcará, comprado pela estatal norueguesa Statoil e o que está sendo negociado com a francesa Total e a portuguesa Galp.
Por outro lado, vender ativos rentáveis e essenciais para uma empresa integrada, como ocorreu com a NTS, vendida para a Canadense Brookfield, é completamente fora de propósito.
Basta rolar a dívida existente que não será necessário reduzir os investimentos e muito menos vender ativos. Agora, os índices contábeis, exigidos por Wall Street não serão atingidos. E daí? Afinal o que é mais importante para a Petrobras e o Brasil? Atingir um índice sem sentido (vide nota explicativa) ou tocar o projeto?
A Petrobras informa também que: “Para se ter uma idéia gastamos US$ 6,3 bilhões de juros em 2015, mais de três vezes o valor destinado ao mesmo fim em 2009.”
Mas é claro, pois a dívida atual da Petrobras foi formada de 2010 a 2014, quando foram investidos mais de US$ 209 bilhões, média superior a US$ 40 bilhões/ano. Com isto milhões de empregos foram criados, pessoal treinado e a indústria naval e de óleo e gás brasileira se desenvolveu e novas tecnologias foram criadas. O pré-sal foi viabilizado e a Petrobras cumpriu sua responsabilidade política e social, atendendo ao maior projeto de desenvolvimento da história do Brasil.
Qualquer petroleira do mundo gostaria de ter a dívida e pagar os juros que a Petrobras paga, desde que tivesse também as reservas e a tecnologia que ela tem. Esta é uma verdade cristalina. Incontestável.
Mas então eu me pergunto: os atuais administradores da Petrobras não sabem disto? Resposta: claro que sabem. Mas então qual a razão de observações bobas e idiotas como estas serem colocadas em um relatório público? Resposta: porque eles acreditam que nós todos somos bobos e idiotas.
O Valor Econômico de hoje (25/11) destaca: “Estatal brasileira (Petrobras) é destaque mundial na venda de ativos”, e informa que o programa de desinvestimento da Petrobras é o maior entre todas as petroleiras mundiais. E tudo sendo feito através de negociações diretas, dirigidas, sem concorrência e muito menos transparência. Estas vendas de ativos tinham de ter o aval do povo brasileiro, que é o verdadeiro dono. Mas estão sendo feitas desta forma, por um governo não eleito. No futuro os culpados serão procurados e não serão encontrados. É fantástico.
Cada vez mais acredito que o Brasil é governado por colonizadores que só pensam em explorar o país e seu povo.
NOTA EXPLICATIVA : O indicador de alavancagem apresentado pela Petrobras é apurado dividindo a dívida pela geração de caixa anual ( dívida/geração de caixa). Este índice não é adequado para empresas que estão em processo de fortes investimentos, porque primeiro vem a dívida e a geração de caixa só começa a aparecer anos depois. Este efeito é acentuado na indústria de petróleo onde a maturação dos projetos leva dez anos. Assim, em muitos momentos, este indicador mostra uma realidade distorcida da situação financeira da empresa.
O indicador de alavancagem mais apropriado seria a divisão da dívida pelo patrimônio líquido (dívida/patrimônio). No caso da Petrobras, se adicionarmos ao patrimônio as reservas já comprovadas pela ANP, que valem US$ trilhões ( e que de fato é o motivo da existência da dívida) , a alavancagem ficaria muito baixa. Provavelmente a menor entre todas as grandes petroleiras, e retrataria melhor a situação financeira da empresa.
Sangre di Coxa Conta Mina
28/11/2016 - 01h34
Teremos que unir forças para barrar essa liquidação. Avisando que retomaremos tudo que Parente vende. http://jornalggn.com.br/blog/ion-de-andrade/um-compromisso-das-forcas-vivas-da-nacao-que-guie-a-politica-por-ion-de-andrade