Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, a ex-presidente Dilma fala sobre o golpe e o governo de Temer. Segundo ela: “Não é só que ele não lidera, ele não representa”.
No Brasil 247
Dilma ao 247: “Temer está aquém do povo brasileiro”
Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor do 247, em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff falou da crise no País, do ambiente que foi criado para se consolidar o impeachment e faz críticas à imprensa e ao “governo ilegítimo” de Michel Temer; “Pessoas hoje se sentem autorizadas a invadir o Congresso por esse clima criado por Aécio Neves”, diz; sobre o presidente do TSE, ela afirmou: “Gilmar perdeu todas as condições de me julgar”; para Dilma, “a ambição do grupo que tomou o poder é do tamanho de um apartamento na Bahia”; sobre o principal ator do golpe e atual presidente da República, Michel Temer, definiu: “ele está aquém do Brasil, aquém do povo brasileiro”
A presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor do 247, na tarde desta segunda-feira 21 em Porto Alegre (confira a íntegra no vídeo ao pé da matéria).
Na conversa, ela falou da situação de crise no País, do ambiente que foi criado para se consolidar o impeachment contra ela e faz críticas à imprensa e ao “governo ilegítimo” de Michel Temer. Dilma afirmou que “prometeram, com o golpe, uma situação cor de rosa” no País, “venderam gato por lebre” ao defender o impeachment, mas que a crise só tem se acentuado. Ela condena o discurso de Temer de que recebeu uma herança maldita, mesmo depois de seis meses no governo. “Esse discurso não se sustentará”.
A presidente demonstra estar estarrecida com o ambiente em que “pessoas se sentem autorizadas a invadir o Congresso por esse clima criado pelo senador Aécio Neves”, principal articulador do golpe de 2016. “O golpismo está entranhado na sociedade brasileira. E o maior representante disso é Aécio Neves”, completou.
Dilma fez críticas às prisões preventivas da Lava Jato antes de os investigados serem condenados. “Eu não vou defender a prisão do Eduardo Cunha, se eles não prenderam antes… tem que explicar por que estão prendendo agora”, disse. “E mais: se a pessoa não tem meios para prejudicar a investigação, tem que responder em liberdade”.
Ela fez duras críticas à imprensa – “age como um partido político, e prega a despolitização” – e ainda ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes. “Perdeu todas as condições de me julgar”. Dilma anunciou que poderá entrar com uma ação contra o ministro, ao lembrar: “já me julgou fora dos autos”.
Em referência à denúncia de tráfico de influência contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, Dilma diz que “a ambição do grupo que tomou o poder é do tamanho de um apartamento na Bahia”.
Ela declarou que não defende o “golpe dentro do golpe”, e é contra a eleição indireta para mudar o governo. “Acredito em saída por eleição direta, não por eleição indireta, e tem que ter reforma política”, defendeu, fazendo duras críticas ao atual sistema político.
Dilma defendeu o movimento dos estudantes, que ocupam mais de mil instituições de ensino no País. “Os estudantes estão nos ensinando, e não nós a eles”. Ela diz olhar para os jovens das ocupações hoje “com muita esperança” e definiu como “algo fantástico, de uma lucidez imensa” o discurso da estudante Ana Júlia na Assembleia Legislativa do Paraná.
Incitada a definir Michel Temer, Dilma Rousseff disse que ele “está aquém do Brasil, aquém do povo brasileiro”. “Não é só que ele não lidera, ele não representa”, disse. “O brasileiro médio está além dele, o brasileiro pequeno está além dele”, concluiu.