Foto: Marcelo Camaro/Agência Brasil
Por Tadeu Porto*, Colunista do Cafezinho
Marcelo Calero, que de bobo não tem nada, largou o governo golpista e atirou no núcleo duro do presidente Michel Temer, o ministro articulador Geddel Vieira. Muitas pessoas vem considerando a pressão que Calero sofreu, todavia a versão mais factível, no entendimento desse humilde colunista, é que o ex-ministro da cultura só saiu por algum tipo de racha no PMDB.
Vamos a alguns fatos que ajudam na construção dessa idéia:
1) Calero é ligado ao PMDB do Rio de Janeiro, a parte do partido que mais sofre com a Lava Jato (com as prisões de Cunha e Cabral);
2) O PMDB carioca foi o último fio de resistência da presidenta Dilma no planalto, na figura do deputado Leonardo Picciani, e, por isso, acirrou as disputas internas no partido a ponto da liderança na câmara ser trocada duas vezes em pouquíssimo tempo (coisas desse tipo não acontecem sem alto desgaste);
3) Cabral é, talvez, a figura mais influente do PMDB carioca e um doas maiores do quadro nacional. Cotado pra disputar a presidência em 2018 é um político intrinsecamente de centro e transita por praticamente todo espectro partidário nacional (considerando, claro, os partidos de grande porte). Pessoas como Cabral não sofrem um ataque como uma prisão – que ameaça inclusive sua família – sem uma contra ofensiva pesada contra a política em geral;
4) O Rio é o estado que vive a maior crise nacional, política e econômica. Não se sabe se o governo federal vai querer comprar o desgaste de fazer investir num governo afundado em escândalos fiscais como as isenções que agora vão sofrer uma CPI. Se Temer não ajudar, acirra mais os ânimos internos entre o PMDB nacional x carioca;
5) Por fim, é impossível considerar que Marcelo (ex-secretário de Eduardo Paes) não sabe como se faz política dentro do PMDB. Provavelmente, a primeira vez que Geddel pediu o “favor” ele levou de boa e “barrigou” ou por medo de ser pego ou pra ter uma arma contra o ministro baiano (aposto na segunda opção).
Assim, essa atitude de Caleiro nada mais é que um barata voou na trupe do PMDB pós prisão de Sérgio Cabral e os ratos agora vão se estapear pra ver quem sai do Titanic golpista primeiro.
E eu já peguei minha pipoca pra assistir esse “drama”. :)
Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense