Filósofo Noam Chomsky alerta para os perigos da nova face do Partido Republicano, que nega o aquecimento global e o perigo da proliferação das armas nucleares.
Em Carta Maior
Para Chomsky, republicanos são os mais perigosos da história dos EUA
O Partido Republicano se tornou a organização mais perigosa da história por sua negação da crise climática e por sua postura com relação às armas nucleares
Tradução: Victor Farinelli
“O Partido Republicano se tornou a organização mais perigosa da história da humanidade, por sua negação da crise climática e por sua postura com relação às armas nucleares”. A afirmação é do filósofo e linguista estadunidense Noam Chomsky.
Em entrevista publicada esta semana pela revista digital TruthOut, Chomsky recordou que o leito do último 8 de novembro nos Estados Unidos não produziram somente um novo presidente eleito (Donald Trump) como também uma redefinição do Congresso e da Suprema Corte.
“O resultado entrega o controle total do governo, do Executivo, do Congresso e da Suprema Corte nas mãos do Partido Republicano, que é se tornou a organização mais perigosa da história da humanidade”, comentou o linguista e crítico social.
Chomsky precisou que esse partido está dedicado a “apressar o mais rapidamente possível a destruição da vida humana organizada. Não há precedente histórico para essa posição”.
O acadêmico recordou que Trump defende que o país aumente rapidamente seu consumo de combustíveis fósseis, incluindo o carvão, além de desmantelar as regulações ambientais e retirar a ajuda a países em desenvolvimento que trabalhem na criação de energia sustentável.
Como candidato, Trump expressou que a crise climática era “uma fraude” criado pela China, e prometeu, em diversos foros, reativar a indústria do carvão nos Estados Unidos.
Neste sentido, Chomsky assegurou que Trump já está tomando os passos necessários para acabar com a Agência de Proteção Ambiental (EPA), ao adiantar que seu diretor será Myron Ebell, um “notório e orgulhoso” negador das mudanças climáticas.
Em outro âmbito, o principal assessor de Trump para temas energéticos é o multimilionário Harold Hamm, que anunciou suas expectativas de que o novo governo elimine regulações e implemente cortes tributários para o setor energético, que reavivem a produção de hidrocarburetos.
Por isso, Chomsky lembrou que as ações das empresas do setor energético se recuperaram notavelmente seus valores de mercado desde a eleição de Trump, em especial aquelas vinculadas ao carvão.
“É difícil encontrar palavras para descrever o fato de que os humanos estão enfrentando a pergunta mais importante da sua história: se a vida humana organizada sobreviverá tal como a conhecemos, quando a resposta dada pelos que têm o poder é acelerar a corrida rumo ao desastre”, lamentou Chomsky.
O acadêmico sustentou “observações similares” podem ser feitas com respeito a outros dos grandes temas vinculados à sobrevivência humana, como a ameaça de aniquilação nuclear, que vem estando presente no debate mundial há pelo menos 70 anos.
“Não é menos difícil encontrar palavras para descrever o surpreendente fato de que, em meio a uma massiva e extravagante cobertura eleitoral, nenhum desses temas recebeu mais que algumas leves menções. Eu não consigo encontrar as palavras adequadas para isso”, insistiu Chomsky.
A ONU (Organização das Nações Unidas) expressou que a crise climática é provavelmente a maior ameaça que a humanidade enfrenta. Um informe da entidade publicado em outubro passado diz que nos últimos vinte anos cerca de 4,2 bilhões de pessoas foram afetadas por desastres relacionados ao clima no mundo.