Foto: Beto Barata)
Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
Não existe notícia, na história política do Brasil, de um governo tão enlameado pela corrupção. E ele mal está começando. Hoje em entrevista na Folha, o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, detalha os pormenores da lógica de um processo de corrupção da qual foi vítima e levou à sua saída. O responsável é um outro ministro, Geddel Vieira Lima, Ministro-chefe da Secretaria de Governo do governo Temer.
Se, como parece o único desfecho possível, Geddel cair, será o quinto ministro derrubado devido à suspeitas de corrupção. Desses, só um – o da Cultura – terá caído como vítima e por não compactuar com ela, o que de todo modo faz da sua queda também um efeito da corrupção. Uma exceção que denuncia a regra.
Com mais esse escândalo, somado às inúmeras suspeitas, inquéritos, processos, a lama deve dar lugar aos caos e paralisar a presidência golpista. Não é improvável que esse governo enfermo, que esteve no balão de oxigênio da mídia golpista desde o nascimento, entre em coma profunda.
O relato de Marcelo Calero é bastante claro: foi pressionado por Geddel, para rever um parecer do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que impedia a construção de um arranha céu no entorno de uma área tombada e sujeita a regramento especial em Salvador. Um dos argumentos de Geddel, era de que tinha um apartamento comprado no empreendimento. A insistência que, inicialmente, era só do ministro, foi aos poucos envolvendo outras figuras, membros do governo, e chegou-se a apontar uma solução: Calero enviaria o processo para a AGU (Advocacia Geral da União) que faria a leitura pedida por Geddel liberando a obra com seus 30 andares.
Quem lê a entrevista, vê poucas chances de Geddel ser mantido no governo. Pode perdurar por mais alguns dias, ou uma ou duas semanas. Permanecer será muito difícil. E não é um ministro qualquer, é bom que se diga: o ministro da organização
A relação de membros do governo Temer com as formas mais abertas e desenfreadas da corrupção no Brasil não é nenhuma novidade. Ao contrário, basta um clique no Google para deparar inumeráveis matérias na imprensa retratando insistentemente o tema. Diversas delas, enumeram suspeitas, processos, inquéritos, em que os personagens ministeriais estão envolvidos.
Esse vínculo estreito e íntimo com a lama, vai ao ponto do próprio presidente estar, após acusação de Sérgio Machado, sob a suspeita de recebimento de propina de R$ 1.5 milhão da empreiteira Queiroz Galvão. Além de já ter tido seus direitos políticos cassados por oito anos. Portanto, uma auréola de lama cinge a respeitável cabeça do próprio presidente da República, que é ficha-suja e inelegível por oito anos.
Não seria pouca coisa em um governo normal, mas em um governo nascido de um golpe, e que se propõe a privatizar ou dar em concessão boa parte das riquezas do estado brasileiro, é tão sinistro quando um nevoeiro de radiação nuclear. Considere-se apenas a situação do ex-ministro, derrubado por suspeitas de tramar em favor da corrupção, Romero Jucá.
De acordo com um levantamento site Congresso em Foco, contra ele foram abertos quatro inquéritos no STF (3989, 3297, 2116 e 2963) nos quais constam nada mais nada menos que as acusações seguintes: crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção passiva, crimes eleitorais, crimes contra a ordem tributária, apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica.
Na época da nomeação do atual ministério, matéria do Portal IG, assegurava que, só em relação às investigações de esquemas de corrupção na Petrobras e outras estatais, estavam envolvidos 11 dos 24 ministros escolhidos por Temer.
Moreira Franco, o braço direito de Temer para as privatização e concessões, o homem da mala, foi chamado pela Folha, no tempo em que o jornal ainda pregava o “nem Dilma nem Temer”, de o Camaleão Político. A matéria é um dossiê que lista a longa ficha corrida de suspeitas em torno de Moreira.
O governo Temer é de tal natureza enfermiça, de tamanha fraqueza, que já nasceu respirando artificialmente através dos aparelhos da mídia golpista. Sem ela, ele não teria durado um mês. Na história política brasileira, nunca uma criatura mais mal formada e inadaptada à existência num mundo de leis e normas, veio ao mundo. E ele só pode continuar existindo, pervertendo diariamente todas as leis e garantias que encontra à sua frente.
Até a Constituição deve ser devorada para alimentar o pequeno monstro disforme parido pelo golpe. A PEC 55, não é uma mera emenda à Constituição, ela é o desmonte da Constituição que perverterá totalmente o seu sentido democrático e social.
O efeito imediato da queda do quinto ministro, será o de radicalizar e acelerar as medidas insanas, como a PEC 55, para agradar e garantir o apoio dos meios empresariais e da mídia, mas isso ocorrerá num ambiente de mobilização dos movimentos sociais, que hoje, mais do que nunca, tem motivos para sair às ruas. Pelas mãos da corrupção, sua aliada fiel, o governo Temer deve passar direto da lama ao caos.
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