por Claudio da Costa Oliveira, colunista do Cafezinho
Diariamente assistindo comentaristas econômicos, é comum ouvir dizer que o preço das ações da Petrobras caíram devido a queda do preço do petróleo, e inversamente subiram em função de aumento no preço do petróleo.
Também tenho lido muitos artigos dizendo que, as recentes quedas no preço do petróleo, prejudicam a Petrobras. Nada menos verdadeiro do que isto.
Na verdade, 75 % das receitas da Petrobras vem de venda de derivados no mercado interno. Diferentemente do que ocorre em outros países , o preço no mercado interno no Brasil não tem vínculo com o preço internacional do barril.
A Petrobras não divulga, mas acredito que hoje o preço no mercado interno equivale a um preço de barril entre US$ 70 e US$ 80.
Se analisamos o balanço de 2015 da Petrobras, ano em que houve forte queda no preço do barril, vamos verificar que as receitas praticamente permaneceram estáveis em relação a 2014. Fato que a diferencia de todas as outras grandes petroleiras do mundo que , sem exceção, sofreram fortes quedas de receitas neste período
Por outro lado, a queda no preço do barril reduz o custo da Petrobras, pois diminui o pagamento de royalties e participações especiais, que são calculados com base no preço internacional do petróleo. Em 2015 a queda de gastos com participações governamentais da Petrobras, em relação a 2014, superaram R$ 11 bilhões. Além disto os derivados importados pela Petrobras caem de preços, aumentando a margem na revenda feita pela empresa.
As notas explicativas do balanço de 2015, são bem claras quando justificam o aumento no lucro bruto e na geração de caixa, com a queda no pagamento de participações governamentais e o aumento da margem nos derivados importados.
Portanto podemos dizer em alto e bom som : A QUEDA NO PREÇO INTERNACIONAL DO PETRÓLEO MELHORA OS RESULTADOS DA PETROBRAS.
Enquanto permanecer a atual estrutura de receita e custo da Petrobras estes fatos serão verdadeiros.
Infelizmente a Petrobras, apesar de registrar em suas notas explicativas, não é totalmente transparente em relação ao assunto.
Em função disto, muitos comentaristas ficam literalmente perdidos, quando vêm o governo brasileiro , em recente reunião da OPEP, se posicionar contra o controle de produção, o que , em tese, aumentaria o preço internacional do petróleo.
O único problema da Petrobras com a queda do preço do barril é o aumento da concorrência no mercado interno. Mas isto está sendo resolvido com as recentes diminuições dos preços da gasolina e do diesel , o que provavelmente vai matar a concorrência e devolver à Petrobras 100% do mercado interno.
Cláudio da Costa Oliveira é Economista aposentado da Petrobras