Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
A PF errou ao alardear que “JD” referia-se a José Dirceu. Depois de decorrido muito tempo, ela mesma admitiu o erro: a referência não era a “José Dirceu” mas sim a “Jucelino Dourado”. Fácil confundir? Não parece.
Errou também com a piscina do Alvorada, que serviu no domingo (13) para a Folha engrossar seus boatos contra Lula – a reforma do Alvorada foi feita por um consórcio de 22 grandes empresas entre 2006 e 2008. Ao que tudo indica, está errada ainda ao atribuir a Lula o codinome “Amigo”. Mas o último “erro” da PF merece uma atenção especial. É um “erro de placa”, se é possível uma comparação com o clássico “gol de placa”.
Esse é um caso especial também visto que quem o atesta e questiona é o próprio Sérgio Moro.
A Folha de São Paulo publicou na segunda-feira, 14, uma matéria com o título Moro se irrita e manda PF excluir nome de ministro do STF de relatório. Por si só, o assunto é intrigante porque, há meses, escutamos essa referência ao nome de Toffoli e, só agora, Sérgio Moro ficou irritado.
Observem o assunto com atenção. Sérgio Moro mandou retirar as referências ao ministro do STF Dias Toffoli do Relatório 744/2016 da PF que analisa documentos apreendidos do economista Maurício Bumlai. Numa agenda de contatos telefônicos apareceu o nome de Toffoli. A Polícia Federal, com suas apuradas técnicas de investigação, chegou então as seguintes conclusões (com as quais Moro, em nome da imparcialidade, mas só tardiamente, não concordou):
“a família Bumlai, em razão dos contatos encontrados, detinha uma influência política muito grande durante o período em que o Partido dos Trabalhadores (PT) estava no poder” e, essa enorme influência “não era somente em agentes políticos da Administração Pública, mas também na Suprema Corte, na pessoa do Ministro Tofffoli”.
Segundo matéria da Folha, foram essas conclusões que irritaram Moro e motivaram a ordem para a retirada do nome do ministro do STF. Escreveu o juiz:
“A simples menção a nomes e/ou fatos contidos nesse relatório, por si só, não significa o envolvimento, direto ou indireto, dos citados em eventuais delitos objeto da investigação em curso.”
Tanta lisura e imparcialidade até emociona. O curioso, contudo, é que tal irritação só tenha aparecido depois de várias figuras da cúpula da justiça e da política terem criticado publicamente a inclusão do nome de Toffoli.
Vamos supor que, da mesma maneira, vozes afinadas, cantassem em um “coro de cúpula” a favor de Lula. Qual seria a situação? A situação colocaria Moro diante de um fato muito interessante. Ele poderia observar em seus documentos e relatórios que, diferente de Toffoli, no caso de Lula, sequer seu nome é mencionado. Afora as declarações do farrapo humano Delcídio do Amaral, todas sem qualquer consistência, não há contra Lula nem o que havia contra Toffoli: o nome em uma agenda.
Não é para rir. Não é porque errou no caso de “JD”, ou no de Toffoli, ou do piscinão do Alvorada, que a PF estaria condenada a errar sempre. Mas depois de tantos erros, o que espanta é que erre sempre contra o PT. Mas se dirá: o que o ministro do STF, Dias Toffoli, tem que ver com o PT? Nada. Só advogou para o PT em três campanhas de Lula à presidência (em 1998, 2002 e 2006) e foi indicado por Lula para o STF. Só isso.
Portanto, está na hora de uma investigação profunda, pública, sobre os erros da Polícia Federal, que deixe claro que são erros e não “erros”, e que o fato de incidirem todos contra a imagem de Lula e do PT, é fruto de admiráveis coincidências.
Ah, antes que esqueça: A PF errou também ao deixar que o nome do “Japonês da Federal”, que se revelou associado à contrabandistas de fronteira, se associasse tão intimamente à Operação Lava Jato.
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