A cooptação da ministra Carmen Lúcia segue a todo vapor. A Globo deu-lhe o prêmio Personalidade do Ano, o mais importante da série Faz Diferença. Joaquim Barbosa e Sergio Moro já tinham ganho em anos anteriores.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) veda que juiz receba prêmio, por razões óbvias, mas a Globo deu um “jeitinho” para legalizar a sua propina oficial a magistrados.
O fato da Globo ser uma organização criminosa, e reincidentemente criminosa, que apoiou os golpes de 1964 e 2016, que faz uma dobradinha com a Lava Jato para destruir a economia brasileira enquanto ela mesmo, a Globo, aumentou seus lucros em 30% em 2015, isso parece não vir ao caso para os ministros do STF.
Agora, a Folha, a irmã hipócrita da Globo, que sempre caminhou a seu lado no apoio a golpes e ao Estado policial, dá sequência a nova estratégia para cooptar Carmen Lucia, mantendo-a obediente à narrativa midiática: foi publicada, neste domingo, uma reportagem cujo título é “Cármen Lúcia aproxima STF da população e surge como nome para 2018”.
É uma matéria muito engraçada, porque o texto diz o seguinte:
Nem sempre com decisões favoráveis ao trabalhador (há uma tendência pró-governo na atual fase do STF?). Mas encerrando capítulos, em alguns casos, suspensos há anos.
Entenderam?
A ministra vota “nem sempre com decisões favoráveis ao trabalhador” e marca sua gestão com uma tendência favorável ao governo mais impopular do planeta (a interrogação dentro do parênteses é apenas uma delicadeza), e mesmo assim ela “aproxima o STF da população…
A reportagem da Folha é um engodo, por óbvio. Carmen Lúcia não é nome para 2018. O establishment precisa de um tucano, provavelmente Geraldo Alckmin, mas será interessante jogar confete sobre um monte de gente, com objetivo de atrai-las para o campo da mídia.
Daqui a pouco, a própria Carmen vai dizer que “jamais pensou nisso”. O ego, no entanto, foi satisfeito.
Sobre a invasão da escola Florestan Fernandes, do MST, a ministra não disse uma palavra. Sobre o recrudescimento da violência contra indígenas, silêncio absoluto.
Se é “um nome para 2018”, então ela deve pensar que está no caminho certo. Não que vá aceitar ser candidata. Para quê? Ser ministra do STF é tão bom! Não tem responsabilidade nenhuma: cumpre apenas obedecer à mídia. Não precisa articular com deputados, sindicalistas e empresários. Basta ir às festinhas da Abril e Globo de vez em quando, visitar um presídio aqui e ali para fazer bonito e, em seguida, repetir um lugar comum fascistóide e privatizante sobre o custo dos presos.
Se continuar referendando os arbítrios da Lava Jato, silenciando-se em relação à escalada da repressão, vomitando clichês fascistóides, frequentando os rega-bofes da mídia bilionária, então continuará recebendo elogios diários da imprensa corporativa, essa mesma que aumenta seus lucros (veja o anúncio da Caixa na imagem acima) enquanto trabalhadores perdem o emprego, empresas fecham e a economia vai para o buraco.