por Luciana Oliveira, em seu blog
Quem sou para uma análise minimamente compreensível do que significa a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos? O mais influente filósofo da nova esquerda, o esloveno Slavoj Zizek, declarou que votaria em Trump para dar início ao um novo processo político, revolucionário.
Me resta debruçar sobre esta sentença para aceitar o resultado.
De fato, tudo indica que Trump não será só mais um a ocupar a Casa Branca e comandar a maior economia do planeta, com um PIB que ultrapassa em mais de 6 pontos a segunda.
Vem aí a Era Trump.
Mais armas para a população, protecionismo no comércio internacional, revisão da parceria com a OTAN, regulamentação das religiões, barreiras ao acesso de muçulmanos, mais empregos e menos investimento em programas sociais.
O tipo lunático é o que mais insinua uma ‘revolução’ como a promovida em outra Era, a de Ronald Reagan, que durou quase uma década.
Na década de 80 o capitalismo emergiu como o leviatã descrito no livro de Jó, transformando ferro em palha e bronze em pau podre com o estímulo ao terror, às guerras.
Para minar o que restara da influência ideológica da União Soviética, Reagan deu ajuda técnico-militares e financeiras a países que formaram grupos anti-comunistas, como o Afeganistão, Angola, Camboja e Nicarágua.
O que Reagan plantou, os americanos colhem até hoje.
Osama Bin Laden, é melhor exemplo de criatura que se voltou contra o criador.
Ele seguiu à risca a doutrina Reagan que prometia a paz por meio da força, da guerra.
Um índio da Guatemala me contou que ao nascer os pais pingaram um gota de sangue em seus olhos, para que sentisse o horror vivido no país graças ao apoio do presidente Reagan às atrocidades do ditador brutal Efrain Rios Montt, que deixou cerca de 200.000 mortes.
“O zelo anticomunista e o ódio racista se disseminaram no desempenho da contrainsurgência. As matanças eram inconcebivelmente brutais. Os soldados matavam crianças, lançando-as contra rochas na presença dos pais. Extraíam órgãos e fetos, amputavam a genitália e os membros perpetravam estupros múltiplos e em massa e queimavam vivas algumas vítimas”.
São várias as guerras patrocinadas sob a ótica da doutrina Reagan, por seus sucessores, que num efeito bumerangue se voltam contra o lançador.
Os EUA pagam até hoje pela insanidade do excêntrico presidente, ex-ator, comentarista esportivo e salva-vidas que saiu de cena, mas não sem deixar outro maluco em seu lugar.
De novo os americanos pagam pra ver, apostam no discurso com promessas inexequíveis e na força bruta contra ameaças terroristas.
Trump chamou várias vezes Hillary de mentirosa, o que de fato é, no que diz respeito ao discurso sofista da democracia liberal e isso o consagrou como o super sincero.
Talvez nesse sentido Zizek tenha dito que Trump é só um candidato oportunista, mas com menos maquiagem, mais previsível.
Não com isso o esloveno me convenceu, mas persigo nas entrelinhas uma explicação lógica à eleição do presidente babaca que soa como um sinalizador nos ares em direção ao terrorismo.
Hillary seria mais do mesmo, mas disse que seria diferente.
Trump disse ao mundo pra que veio, não para ser só mais um presidente, mas para inaugurar uma ‘nova’ Era.
E os americanos acreditaram.
Alguém duvida que Bolsonaro pode cair na graça do povo brasileiro?
Marcelo
28/01/2017 - 00h40
Sinceramente?… Não sei mais oq é pior… É muito fácil lançar a decisão nas mãos de um povo escaldado pelo sofrimento e desigualdade social de eleger um entusiasta maluco cheio de propostas e promessas inconcebíveis…E depois julga-los e culpa-los pelo resultado,sendo estes analfabetos em todos senão na grande maioria dos sentidos principalmente políticos e sociais entre falando…Amo meu país é meu povo,mas este foi educado de acordo com os interesses do nosso sistema político que infelizmente é porco é absurdamente corrupto!!!
Eu
09/11/2016 - 23h32
Sinceramente, não há tanta diferença assim entre a eleição estadunidense e uma hipotética eleição brasileira. Temos uma mídia corporativa que não terá escrúpulo algum em alimentar uma candidatura de extrema-direita, se esta lhe parecer a única forma viável de contrapor-se a uma candidatura forte da esquerda, uma elite que tampouco se preocupa com veleidades democráticas quando seus interesses financeiros estão em jogo, e uma massa de população ignara e doutrinada que estará pronta a ressuscitar o velho “fantasma vermelho” como justificativa para o injustificável. E o espantalho a ser colocado no poder já existe, e tem até fã-clube. Sem esquecer que os anos de governo popular deixaram, em muitos deste grupo, um sentimento de raiva cega e clamor por vingança, que foi habilmente transladado para os corações e mentes até de quem tinha se beneficiado destes governos.
A dúvida é como o PSDB reagiria a uma postulação de extrema-direita. Os determinantes virão das eleições na França e Alemanha, em 2017. Se a extrema-direita vencer ambas, haverá uma onda incontornável de estímulo às candidaturas desta vertente pelo planeta, e o solo por aqui é bem fértil pra isto, adubado por anos de doutrinação anticomunista e de adesão incondicional ao capitalismo liberal. Dificilmente a centro-direita conseguiria evitar, e provavelmente terminaria por associar-se a tal candidatura, por pusilanimidade ou cálculo eleitoral. A marcha da insensatez parece ter apenas começado.
a.ali
10/11/2016 - 00h35
“EU” cruel mas a mais pura verdade!
Maria Lima
09/11/2016 - 17h02
O Brasil é muito diferente dos Estados Unidos, para compararem Bolsonaro com Trump. Algo que vai quebrar o Bolso, é o fato dele ter votado a favor da PEC. É só pensar em quantos votos perdidos ele já tem, de todos os médicos, enfermeiros e os alunos que estão protestando.
João Luiz Brandão Costa
09/11/2016 - 17h32
2018 ainda está muto longe. Porquê duvidar que os caras que incentivaram o impeachment, do qual ele foi um dos ícones, vão aprender alguma coisa?